SIGNIFICADO DA PÁSCOA
Côn. José Geraldo Vidigal
de Carvalho*
A
maravilhosa ressurreição de Cristo é o fundamento da fé e da esperança cristãs.
No dizer de Santo Agostinho, o Filho de Deus, vencedor da morte, na Páscoa dá
uma prova incontestável de sua divindade e é penhor da ressurreição, um dia,
dos que nele creem e esperam.
Durante
sua pregação Jesus salientou diante dos que pediam uma demonstração de sua
divindade: “Esta geração perversa e adúltera solicita um prodígio, mas não será
dado outro prodígio senão o prodígio do profeta Jonas”. (Mateus 16,4).
Anteriormente ele havia censurado do mesmo modo os fariseus, explicando que
“assim como Jonas esteve no ventre da Baleia três dias e três noites, assim
estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra” (Mat.
12,38-40).
Quando da expulsão dos vendilhões do Templo, arguido
sobre de onde lhe vinha autoridade para tanto, Ele declarou: “Destruí este
templo e eu o reedificarei em três dias” (João 2,19). São João explicou com
notável precisão: “Ora, Ele falava do templo de seu corpo. Quando, pois,
ressuscitou dos mortos lembraram-se seus discípulos do que Ele dissera, e
creram na Escritura e nas palavras que Jesus tinha dito” (2,21-22).
Aliás Cristo falou claramente: “O Filho do
homem será entregue à morte, e ressuscitará ao terceiro dia” (Mat. 17,22). Como
escreveu São João Crisóstomo, este fato glorioso, nos desígnios de Deus, fora
estabelecido sinal definitivo da missão divina de Jesus. Isto foi compreendido
perfeitamente por seus discípulos, tanto que São Paulo peremptoriamente
declarou: “Se Cristo não ressuscitou é vã a nossa pregação, é também vã a vossa
fé” (1 Cor. 15,14). A propagação do Evangelho se deu, antes de tudo, firmada
neste evento faustoso, de capital importância para o estabelecimento da Igreja
por toda a parte, num processo, realmente, extraordinário. Nada pôde deter a
expansão da doutrina do Redentor, triunfador imortal e invencível. Como Santo
Tomé, milhares se prostraram ante Ele a repetirem: “Meu Senhor e meu Deus!”
(João 20,28). Além de ser, deste modo, o fundamento da fé, a ressurreição de
Cristo é arras de idêntica vitória sobre a morte para aquele que crê ser Ele o
Salvador da humanidade. São Paulo assim se expressou: “Cristo ressuscitou dos
mortos, sendo Ele as primícias dos que dormem, porque. Assim como a morte veio
por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos” (1 Cor.
15,20-21). Aliás, no Antigo Testemunho, o justo Jó proclamara: “Porque eu sei
que meu Redentor vive, que no último dia ressurgirei da terra, serei novamente
revestido da minha pele e na minha própria carne verei o meu Deus” (Jó 925-26).
O Apóstolo das Gentes desceu a detalhes: “Assim a ressurreição dos mortos.
Semeia-se (o corpo) corruptível, ressuscitará incorruptível. Semeia-se na
ignomínia, ressuscitará glorioso; semeia-se inerte, ressuscitará robusto; é
semeado um corpo animal, ressuscitará um corpo espiritual” (1 Cor. 15,42-44).
Grandes verdades a serem recordadas na Páscoa. Infeliz o libertino que não crê
em realidades tão sublimes. Desventurado o cristão que exteriormente diz
acreditar, mas não vive de acordo com tal crença e não segue as diretrizes
paulinas: “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são lá de cima,
onde Cristo está sentado à destra de Deus; afeiçoai-vos às coisas que são lá de
cima, não às que estão sobre a terra” (Col. 3,1-2). Felizes os fiéis que não
apenas creem nestas verdades, mas fazem delas a regra de sua vida e delas tiram
as mais vigorosas motivações para viverem unidos ao Redentor Ressuscitado, praticando
tudo que Ele ensinou. A única via que nos é accessível é da fé. Esta fé não é uma
fuga em uma representação fictícia. Ela
se apoia na Palavra de Deus. Este nos dá o seu Filho que pelo seu abatimento mereceu
depois a exaltação da ressurreição que faz todas as coisas novas. Peçamos ao
Senhor vivermos intensamente as mensagens pascais. Assim poderemos levar por
toda parte uma nota de esperança e de alegria.
A ressureição de Cristo, como bem se expressou o Papa Francisco em seu
texto “A alegria do Evangelho,” produz no nosso mundo germes de um mundo novo, porque
a ressurreição do Senhor está já penetrada da trama oculta desta história,
porque Jesus não ressuscitou para nada.
Nós não podemos ficar à margem deste caminho de esperança viva. Com
nossos irmãos de tradição oriental saudemo-nos
neste dia, proclamando e dizendo com toda convicção: “Cristo ressuscitou, Cristo
verdadeiramente ressuscitou”. *Professor
no Seminário de Mariana durante 40 anos
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