quinta-feira, 28 de julho de 2016

A GRANDE CONQUISTA DO SER HUMANO

A GRANDE CONQUISTA DO SER HUMANO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Por entre as vicissitudes cotidianas do ser humano, este nem sempre reflete profundamente sobre a grandeza de seu destino, o qual é sinal insofismável de sua maravilhosa dignidade.  Neste mundo  conhecer a Deus através da inteligência e poder ama-lo é uma prova da excelência da criatura racional dentro do plano do Criador. Esta verdade é ratificada pela Bíblia desde as primeiras páginas do Gênesis. Assim sendo, os  desejos humanos não devem estar  presos aos horizontes terrenos, impedindo que se penetre  na eternidade para a qual cada um caminha. Eis por que, quando alguém se deixa aprisionar pelas coisas materiais, não apenas trai sua grandeza, mas também se imerge,  quer queira, quer não, na angústia existencial. Busca nas ilusões passageiras algo que somente as realidades espirituais podem lhe oferecer. Tudo que o cerca precisa ser considerado em função do Ser Supremo. A grande questão é o reto uso da liberdade, a qual necessita ser iluminada pela graça divina para que haja o discernimento nesta travessia temporal. Uma supervalorização da posse de bens transitórios se torna  para muitos uma obsessão que fatalmente leva à corrupção com todas as suas fatais consequências. Estes então se esquecem de que para a outra vida nada se leva daquilo que com  tanta fadiga vai sendo inutilmente acumulado. No momento em que há uma sujeição aos bens materiais, a própria saúde corporal fica tantas vezes comprometida com os excessos no comer e no beber. Adite-se que um dos erros do ser humano é também procurar nas honras, na fama, na popularidade sua realização, buscada não em função do cumprimento do dever, mas de uma glória efêmera. Aqueles, porém, que agem mirando uma recompensa na Jerusalém celeste longe de abominar os sacrifícios, as cruzes de cada dia, os esforços na prática das virtudes superam todas as lutas e se engrandecem interiormente nas pelejas que a adesão a Deus exige. Para que este ideal seja colimado é preciso se apartar de tudo que, ainda de longe, possa afastar a presença deste Deus “no qual vivemos, existimos e somos”.  O critério que deve nortear quem age com bom senso  é tudo que o Todo-poderoso Senhor  revelou, sobretudo na plenitude de sua revelação através do Evangelho pregado por Cristo. Este legou exemplos esplendorosos que guiam, iluminam e fizeram e fazem os que procuram a perfeição cristã. Apenas vivendo as normas contidas no Evangelho é que o ser humano atinge a plenitude de sua altíssima dignidade. Toda questão se cifra em fazer  de Deus o único objeto de todos os pensamentos, palavras e afeições. É claro que isto se realiza  no plano da fidelidade pessoal, bem de acordo com a generosidade de cada um na correspondência às inspirações divinas. A superação constante a que o amor a Deus conduz  exige fé e coragem, uma vez que as aliciações vindas do espírito do mal supõem uma disposição enérgica rumo ao progresso espiritual. Este estilo de vida deve caracterizar o autêntico discípulo de Jesus e constitui o valor essencialmente cristológico da vocação do cristão. Este. no dizer do próprio Cristo. é “luz do mundo e sal da terra” (Mt 5, 13-14). Trata-se do cristão  que age com uma convicção segura, aprofundando suas relações com Deus  com plena consciência do plano salvífico que nele se realiza. É possível para todos a transformação da mente e do coração, a renovação contínua de toda sua personalidade captando  sempre “qual é  a vontade de Deus, o bom, o agradável a Ele, o perfeito” (Rm 12,2). Em síntese, como bem se expressou o notável franciscano  Roberto Zavalloni, “a perfeição do cristão caracteriza-se pela docilidade e pela submissão a uma vontade divina que precisa ser buscada e discernida e cujas exigências não se pode  medir de antemão”. É todo um processo que se dá de acordo com os carismas outorgados gratuitamente por Deus e que leva o cristão  a estar sempre firme pela fé, apartado do mal e orientado para Deus. Foi o que aconteceu com São Paulo que asseverou; “Minha vida presente na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus que me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2,20). Com a graça de Deus   o discípulo de Jesus vai ordenando de forma unitária toda sua vida, voltada para o centro de unidade que é Deus em  si mesmo, Ele a suma verdade e o sumo bem. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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