CONSEQUÊNCIAS DO AMOR A JESUS
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O amor a Jesus traz esplêndidas consequências para a
vida de seu seguidor. Esta verdade se acha bem clara no texto de São João na
Missa do 60 domingo da Páscoa. (Jo 14,23-29). Intrigantes
as palavras de Cristo: “Se alguém me ama”. Com efeito, cumpre de plano que cada
cristão se examine para verificar o grau do amor que se devota ao Divino Ressuscitado.
Examinar qual a real presença dele na vida de cada um à medida que os anos vão
se desenrolando. É só averiguar se suas
palavras têm sido guardadas, fielmente observadas em todos os momentos, em
todas as circunstâncias numa fidelidade ininterrupta. Trata-se de uma resposta
de amor refletida nas ações de cada hora. Se isto acontece, feliz é o cristão,
pois afirma Jesus que “seu Pai o amarará, viremos a ele e faremos nele a nossa
habitação”. A questão é saber como temos usufruído desta honrosa presença de
Deus em nós. Como esta irrupção de ternura do Ser Supremo tem influenciada no
modo de pensar, de agir, de ser. Quantos cristãos, infelizmente, conspurcam
esta casa santa do Senhor nos vícios, nas drogas, nos crimes mais
hediondos. Não amam a Jesus, porque não
guardam sua palavra. O verdadeiro discípulo do Redentor pensa sempre naquilo que
Deus faz por ele, nele e com ele. Este deixa que Deus o ame tanto quanto Ele
deseja ser amado. Quem assim age recebe o Espírito Santo que o Pai em
consequência envia em nome do Filho bem-amado. Com suas luzes o Espírito faz
compreender e viver tudo que Jesus ensinou, rememorando sempre os ensinamentos
do Mestre divino. Daí resultam cristãos sábios segundo o Evangelho, pois o
Paráclito dá a entender no fundo do coração a linguagem do amor. Paráclito
significa literalmente o advogado, o defensor. Ele sustenta, defende,
aconselha, encoraja e ensina a bem orar, penetrando fundo na doutrina de Jesus.
Se isto acontece outro efeito grandioso na vida de quem ama Cristo é a paz. Ele
foi claro: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz”. Aí vem outra indagação, ou seja,
temos realmente usufruído esta paz? Se esta é a realidade de nossa vida, demos
graças a Deus levemos a quem carece desta paz o que disse Jesus: “Vinde a mim vós
que penais sob o fardo e vos darei o repouso”. É que a paz que Cristo oferece é
bem diferente da paz que o mundo parece proporcionar com suas ilusões. A paz de
Jesus é a plenitude da vida, a tranquilidade inebriante de uma consciência conectada
com Deus que mora no fundo do coração que O ama. Não se trata simplesmente de
uma disposição psicossomática, levando a uma serenidade egoística, mera
resignação. Esta paz não é ilusória, frágil. Como falou São Paulo aos
Filipenses “A paz de Deus excede todo entendimento" (Fil 4,7). Trata-se
daquela beatitude que reina lá no íntimo da alma unida a Deus. Por isto, a
harmonia sublime que possui é levada por toda parte, no lar, nos locais de
trabalho, de lazer, nas Escolas, enfim para toda a sociedade. Aquele que a
possui se transforma no artesão da paz, dela se fazendo o embaixador. Deus quer
transformar o mundo através daqueles que recebem, vivem e curtem a paz
oferecida por Jesus. Durante a participação nas Missas o fiel é lembrado
inúmeras vezes sobre o este dom que é desejado pelo celebrante a todos também
no final da celebração: “Ide em paz, o Senhor vos acompanhe”! Isto para que
esta paz de Cristo transforme cada um, metamorfoseie toda a comunidade,
irradiando-se depois pelo mundo todo. Paz que jorra do coração de Jesus, fruto
do amor a Ele, difundindo-se numa esplêndida serenidade seja onde estiver um
autêntico cristão. Realiza-se o que predisse o profeta Isaias a respeito de
Jesus: “Seu nome é o príncipe da paz" (Is 9, 5) ou de acordo com Miquéias:
“Ele (o Messias) será Paz” (Mq 5,4). Não uma paz passageira, mas a
reconciliação total do ser humano com Deus e os semelhantes. Tudo isto acontece
para quem verdadeiramente ama Jesus.* Professor no Seminário de Mariana durante
40 anos.
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