A MODÉSTIA CRISTÃ
Cônego
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Um dos termos
relegados pela sociedade de hoje, mas tão prezado pelo cristianismo através dos
tempos, por causa do bom comportamento que induz, é a modéstia. Em
tempos de permissividade ela soa como algo demodé,
retrógado. Na linguagem de muitos
jovens ser modesto é uma atitude “cafona”. Segundo a mentalidade altamente
contestável, a quebra de tabus levou a uma liberalização que jogou por terra
antigos padrões. Por força deste modo de pensar, os meios de comunicação social
abriram todas as comportas da licenciosidade. Atropelam o pudor. Descaradamente
apresentam as cenas mais obscenas e, ainda estes dias, uma novela apresentou
uma jovem inteiramente despida. Isto, evidentemente, é pecado grave. Perdido
o senso do pecado e o prudente receio das graves seqüelas do desprezo da ordem
ética estabelecida pelo Ser Supremo, sem perceber, o ser racional se torna
então escravo dos sentidos, súdito do prazer, servo da concupiscência da carne
e dos olhos, vítima da sensualidade. As inclinações desordenadas se impõem de
tal forma que a modéstia foi banida, dando lugar à idolatria do sexo. Resultado
disso é a agressividade que impera, pois o recato, em si, oferece uma ocasião a
menos para os crimes sexuais. Quando alguém se veste de tal forma que é para
levar outros ao pecado, já cometeu uma falta grave. O melhor modo de vestir para servir à Deus é
ter consciência de que o cristão é o templo vivo da Santíssima Trindade. Quando
São Paulo dava esta recomendação aos filipenses: “Que a vossa modéstia seja
conhecida de todos os homens” (Fl 4,4), ele tinha uma visão abrangente, ou
seja, se referia àquela postura impregnada de respeito, condizente à sisudez, à
prudência, à seriedade, à gravidade de porte, a um modo de se vestir digno de
um batizado, a uma mundividência peculiar do cristão. O pudor, a compostura
devem ornar os discípulos de Cristo. Muitos indagam porque as mulheres não usam
o véu atualmente. De plano seja dito que o Código de Direito Canônico
preceituava: “Os homens, na Igreja ou fora
dela, enquanto assistem aos ritos sagrados, devem trazer a cabeça descoberta, a
não ser que os costumes aprovados do povo ou circunstâncias peculiares
determinem de outra maneira; as mulheres, no entanto, devem trazer a cabeça coberta
e estarem vestidas de forma modesta, especialmente quando se aproximarem da
mesa da comunhão”. O
novo Código de Direito Canônico de 1983 não contém esse preceito. Donde se pode
concluir que as mulheres são livres para usarem o véu na Igreja, mas não são
obrigadas a fazê-lo. É de se notar que nunca foi proibido ou abolido o uso do
véu. O costume de os homens descobrirem a cabeça dentro da Igreja sempre se
manteve por toda parte. Eis porque não fica bem a um jovem usar, por exemplo,
boné no templo sagrado ou em qualquer cerimônia litúrgica e,muito menos, entrar
de bermuda na Igreja. Além disto, fica de pé também a diretriz da modéstia para
as mulheres que não devem trajar vestes inconvenientes, decotadas, sobretudo,
dentro das igrejas e, muito menos, ao receberem a Comunhão. A modéstia leva o
cristão a um grande respeito para com a Eucaristia e, mais do que a veste
exterior decente é preciso a graça santificante, para se receber a Comunhão e
jamais se pode comungar em pecado mortal (1 Cor 11, 27). Adite-se que ao se ler o que
diz São Paulo sobre o véu (1 Cor 11,4-13)
não se deve nunca confundir
princípios essenciais com costumes, pois aqueles são perenes, estes
passam. Cabe, porém, unicamente ao
Magistério da Igreja interpretar a Palavra de Deus e orientar os fiéis, como
está na Constituição Dogmática Dei Verbum do Concílio Ecumênico
Vaticano II (n.10) Não se deve nunca esquecer
que a modéstia é um dos frutos do
Espírito Santo (Gl 5, 22 ss, na Vulgata). O Livro dos Provérbios
exalta a modéstia “O prêmio da modéstia é o temor do Senhor, as riquezas, a
glória, a vida” (Pv 22,4). São Paulo
lembrava aos Coríntios a modéstia de Cristo (2 Cor 10,1). Na carta a Timóteo assim se expressa: "Do mesmo
modo, quero que as mulheres usem traje honesto, ataviando-se com modéstia e
sobriedade. Seus enfeites consistam não em primorosos penteados, ouro, pérolas,
vestidos de luxo" (1Tm 2,9).
São Tiago assevera que “a sabedoria que vem do alto primeiramente é pura, depois pacífica, modesta, condescendente” (Tg 3,17). Em doze outras belíssimas passagens das Escrituras o modesto é exaltado, revelando assim o Livro Santo a importância desta postura resultante do contato com Deus. É de se notar ainda que usar óculos na cabeça é simplesmente brega. Dentro da Igreja é ainda mais ridículo. Só é livre quem não se deixa escravizar pela imoderação, pelo descomedimento. Eis aí a sina feliz do cristão verdadeiro. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
São Tiago assevera que “a sabedoria que vem do alto primeiramente é pura, depois pacífica, modesta, condescendente” (Tg 3,17). Em doze outras belíssimas passagens das Escrituras o modesto é exaltado, revelando assim o Livro Santo a importância desta postura resultante do contato com Deus. É de se notar ainda que usar óculos na cabeça é simplesmente brega. Dentro da Igreja é ainda mais ridículo. Só é livre quem não se deixa escravizar pela imoderação, pelo descomedimento. Eis aí a sina feliz do cristão verdadeiro. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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