sábado, 8 de fevereiro de 2014

MODÉSTIA CRISTÃ

A MODÉSTIA CRISTÃ
 Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Um dos termos relegados pela sociedade de hoje, mas tão prezado pelo cristianismo através dos tempos, por causa do bom comportamento que induz, é a modéstia. Em tempos de permissividade ela soa como algo demodé, retrógado.  Na linguagem de muitos jovens ser modesto é uma atitude “cafona”. Segundo a mentalidade altamente contestável, a quebra de tabus levou a uma liberalização que jogou por terra antigos padrões. Por força deste modo de pensar, os meios de comunicação social abriram todas as comportas da licenciosidade. Atropelam o pudor. Descaradamente apresentam as cenas mais obscenas e, ainda estes dias, uma novela apresentou uma jovem inteiramente despida. Isto, evidentemente, é pecado grave. Perdido o senso do pecado e o prudente receio das graves seqüelas do desprezo da ordem ética estabelecida pelo Ser Supremo, sem perceber, o ser racional se torna então escravo dos sentidos, súdito do prazer, servo da concupiscência da carne e dos olhos, vítima da sensualidade. As inclinações desordenadas se impõem de tal forma que a modéstia foi banida, dando lugar à idolatria do sexo. Resultado disso é a agressividade que impera, pois o recato, em si, oferece uma ocasião a menos para os crimes sexuais. Quando alguém se veste de tal forma que é para levar outros ao pecado, já cometeu uma falta grave. O  melhor modo de vestir para servir à Deus é ter consciência de que o cristão é o templo vivo da Santíssima Trindade. Quando São Paulo dava esta recomendação aos filipenses: “Que a vossa modéstia seja conhecida de todos os homens” (Fl 4,4), ele tinha uma visão abrangente, ou seja, se referia àquela postura impregnada de respeito, condizente à sisudez, à prudência, à seriedade, à gravidade de porte, a um modo de se vestir digno de um batizado, a uma mundividência peculiar do cristão. O pudor, a compostura devem ornar os discípulos de Cristo. Muitos indagam porque as mulheres não usam o véu atualmente. De plano seja dito que o Código de Direito Canônico preceituava: “Os homens, na Igreja ou fora dela, enquanto assistem aos ritos sagrados, devem trazer a cabeça descoberta, a não ser que os costumes aprovados do povo ou circunstâncias peculiares determinem de outra maneira; as mulheres, no entanto, devem trazer a cabeça coberta e estarem vestidas de forma modesta, especialmente quando se aproximarem da mesa da comunhão”. O novo Código de Direito Canônico de 1983 não contém esse preceito. Donde se pode concluir que as mulheres são livres para usarem o véu na Igreja, mas não são obrigadas a fazê-lo. É de se notar que nunca foi proibido ou abolido o uso do véu. O costume de os homens descobrirem a cabeça dentro da Igreja sempre se manteve por toda parte. Eis porque não fica bem a um jovem usar, por exemplo, boné no templo sagrado ou em qualquer cerimônia litúrgica e,muito menos, entrar de bermuda na Igreja. Além disto, fica de pé também a diretriz da modéstia para as mulheres que não devem trajar vestes inconvenientes, decotadas, sobretudo, dentro das igrejas e, muito menos, ao receberem a Comunhão. A modéstia leva o cristão a um grande respeito para com a Eucaristia e, mais do que a veste exterior decente é preciso a graça santificante, para se receber a Comunhão e jamais se pode comungar em pecado mortal (1 Cor 11, 27).  Adite-se que ao se ler o que diz São Paulo sobre o véu (1 Cor 11,4-13)  não se deve nunca confundir  princípios essenciais com costumes, pois aqueles são perenes, estes passam.  Cabe, porém, unicamente ao Magistério da Igreja interpretar a Palavra de Deus e orientar os fiéis, como está na Constituição Dogmática Dei Verbum do Concílio Ecumênico Vaticano II  (n.10)  Não se deve nunca esquecer que a modéstia é um  dos frutos do Espírito Santo (Gl 5, 22 ss, na Vulgata). O Livro dos Provérbios exalta a modéstia “O prêmio da modéstia é o temor do Senhor, as riquezas, a glória, a vida” (Pv  22,4). São Paulo lembrava aos Coríntios a modéstia de Cristo (2 Cor 10,1). Na carta a  Timóteo assim se expressa: "Do mesmo modo, quero que as mulheres usem traje honesto, ataviando-se com modéstia e sobriedade. Seus enfeites consistam não em primorosos penteados, ouro, pérolas, vestidos de luxo" (1Tm 2,9).
São Tiago assevera  que “a sabedoria que vem do alto primeiramente é pura, depois pacífica, modesta, condescendente” (Tg 3,17). Em doze outras belíssimas passagens das Escrituras o modesto é exaltado, revelando assim o Livro Santo a importância desta postura resultante do contato com Deus. É de se notar ainda que usar óculos na cabeça é simplesmente brega. Dentro da Igreja é ainda mais ridículo.  Só é livre quem não se deixa escravizar pela imoderação, pelo descomedimento. Eis aí a sina feliz do cristão verdadeiro. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.




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