sábado, 1 de fevereiro de 2014

A alma, filosofia e a fé

Viçosa, 2 de fevereiro de 2014-02-01

Prezado Coronel Tancredo Bruno Porto,

Saudações!

Recebi a correspondência do ilustre amigo e eis as respostas? 
Jesus ressuscitou imortal e impassível após ter com sua alma estado na mansão dos mortos, dando a todos do Antigo Testamento, que foram justos, a Boa Nova de que os céus estavam abertos para os acolher por causa da Redenção do Calvário.
Após sua Ressurreição seu corpo glorioso não estava mais sujeito ás leis naturais, tanto que está no Evangelho que ele entrou onde estavam os discípulos, embora as portas estivessem fechadas (Jo 20,1931)..
O Corpo de todos os falecidos só serão de novo  unidos à alma após o Juízo Final e será um corpo espiritual, pneumático conforme bem explicou São Paulo (1 Coríntios 44-54).
A Filosofia inclusive mostra a importância disto, pois pessoa humana é um corpo informado por uma alma.
Antes do Juízo Final a alma separada do corpo não é pessoa humana, mas alma de alguém que foi pessoa humana e que tornará a ser pessoa humana no dia do Juízo final. A alma já está ou no céu, ou no purgatório ou no inferno de acordo com que a pessoa humana nesta terra fez por merecer.

Atenciosamente

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho


Post scriptum


A ALMA, FILOSOFIA E FÉ
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A alma é o princípio de vida e vida é um movimento imanente, ou seja, independente de ação exterior. Distinguem-se três graus de vida: a vida vegetativa (plantas), a vida sensitiva (animais) e a vida racional (homens), as quais têm por princípios, respectivamente, as almas vegetativa, sensitiva e racional. O homem, porém, não possui três almas, embora tenha as potências vegetativa, sensitiva e racional, assim como os animais não possuem duas almas, vegetativa e sensitiva.A alma superior assume as funções dos graus inferiores: a alma do animal é, ao mesmo tempo, vegetativa e sensitiva; a alma humana é, ao mesmo tempo, vegetativa, sensitiva e racional. As funções vegetativas e sensitivas não ultrapassam o nível do corpo e a alma, que é seu princípio, se acha unida indissoluvelmente à matéria, Assim sendo, decomposta a matéria, tais almas desaparecem. A alma humana, contudo, é na sua existência independente do corpo e subsiste após a dissolução do organismo corporal. A alma humana é uma substância simples e espiritual. A inteligência, pelas idéias, conhece imaterialmente as coisas corporais e seu ato, que nada tem de material nem de quantitativo, não procede de uma faculdade orgânica. Os brutos não têm idéias. A alma espiritual é uma substância simples e, por isto, não se  decompõe com a morte, o que acontece com o corpo. As operações da inteligência e da vontade que são faculdades da alma humana, provam sua espiritualidade. Com efeito, a inteligência pelas idéias conhece imaterialmente a essência das coisas corporais e seu ato, nada tem de material, de quantitativo. A vontade tende ao bem imaterial e infinito, deseja os bens espirituais, anseia pela virtude. Ora, tudo isto só pode provir de uma faculdade espiritual. Um dia o corpo ressuscitará, como cremos pela fé (João capítulo 11). A Filosofia que prova, pela luz da razão, a imortalidade da alma, confirma apenas a conveniência da ressurreição, uma vez que a alma separada do corpo não é pessoa humana. Pessoa humana é um corpo informado pela alma e uma alma que informa o corpo. Segundo a fé o corpo ressuscitado terá características próprias. Eis o texto de São Paulo: “Semeia-se o corpo  (corruptível), ressuscitará incorruptível. Semeia-se na ignomínia, ressuscitará glorioso; semeia-se inerte, ressuscitará robusto; é semeado um corpo animal, ressuscitará um corpo espiritual” (1 Cor 15, 42-43). Todo o capítulo quinze da primeira Carta aos Coríntios versa sobre a ressurreição de Jesus e a de seus epígonos. A imortalidade da alma que voltará a informar um corpo glorioso consiste nisto que a alma continua a existir após a morte, conserva sua individualidade e sua sobrevivência é ilimitada. A fé exclui de plano a imortalidade panteística segundo a qual a alma humana constitui com Deus uma única e mesma substância, o que significaria o aniquilamento da personalidade. A imortalidade da alma é exigida pela justiça divina, que supõe prêmio para a virtude e punição para o vício. Há, além disto, no profundo do ser humano uma aspiração profunda pela imortalidade, contida neste desejo recrescente  de conhecer a Verdade absoluta, de possuir o Bem Supremo e uma felicidade completa.  Deus, sabedoria infinita, não iria, de fato, fraudar tal anelo, nem destruir a alma que Ele criou espiritual. Todas estas reflexões enchem de júbilo o ser racional que caminha num vale de lágrimas para uma ventura sem fim junto ao Ser Supremo. Cumpre, então, a quem tem fé, viver santamente, pois Jesus foi claro: “Entrai pela porta estreita porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela” ( Mt 7.13)) * Professor no Seminário de Mariana- MG.





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