DETRATORES DE PLANTÃO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Um dos preceitos importantes da Bíblia é este: “Não caluniarás o teu próximo” (Lv 1913). No Salmo 139 está a condenação dos detratores de plantão: “Aguçaram as suas línguas como a de serpente; veneno de áspides têm debaixo de seus lábios! (Sl 139,4). Entretanto, quando tais pessoas se apresentam com vestes de cordeiro, mas são lobos vorazes, se tornam mais perigosas, pois se lê no Livro dos Provérbios: “As palavras do homem (e da mulher) de língua dissimulada parecem singelas, mas elas penetram até ao íntimo das entranhas” (Prov 18,8). Tal, contudo, a advertência do Profeta Isaías: “Põe-te longe da calúnia” (Is 54,14). A ele faz eco São Pedro: “ Despojai-vos de todo o espírito de maledicência” (1 Pd 2,1). Muitos se esquecem do que disse São Tiago: “Se alguém se tem em conta de piedoso e não refreia a sua língua, mas ilude o seu coração, é vã a piedade desse tal” (Tg 1, 26). No tribunal de Deus contas darão todos aqueles que atacam a honra alheia com falsidades e mentiras. É que, segundo São Basílio, “ o delator com a calúnia danifica três pessoas: ofende a quem calunia, àquele diante do qual maldiz e a si mesmo” (Epístola LXXV ad Neocaesar»). É aquele ou aquela que semeiam a falsidade, muitas vezes para tirar disto proveito em causa própria. Segundo os melhores moralistas esta atitude é contra a caridade, a justiça, pecado grave que furta a reputação do próximo. Aliás, Santo Tomás de Aquino chamava os caluniadores de homicidas. De acordo com São Bernardo o detrator leva consigo o diabo nos lábios.(De consideratione, lib.II). A um cuteleiro se perguntou um dia, enquanto aguçava um cutelo, se era de fato agudo aquele instrumento. A resposta foi esta: “Sim, mas não tão agudo e nocivo quanto o é a maledicência”. Esta, realmente, revela sempre um espírito mau. Quem anda murmurando contra o próximo desconhece que a maledicência é como uma torrente que recebe sempre os maus cheiros dos canais por que passa. Um provérbio indiano diz acertadamente que “o escorregar da língua é pior do que o escorregar do pé”. Todo e qualquer aleive é como o carvão o qual ou queima ou mancha. O cristão ou a cristã, porém, ama a verdade que é filha legítima da justiça. Explica o Pe. Vieira: que “a justiça dá a cada um o que é seu e isto é o que faz e o que diz a verdade ao contrário da mentira”. Encerrando estas considerações nada melhor do que o preceito do Mestre divino, Jesus Cristo: “Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós. (Mateus, 7 1-2) * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos
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