ESCAPAR À ENGRENAGEM DO PECADO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Após assistir a um noticiário em certa emissora de televisão, este articulista viu entrar em seguida uma horripila novela. Apenas algumas cenas e se vê que a engrenagem do pecado é terrível, pois penetra por toda parte. Por vingança um personagem manda um guarda incendiar a casa da desafeta. O que se viu é inteiramente desastroso porque, inclusive, não só insinua como destruir os bens do próximo, como também mostra a tantos desatinados que andam soltos por este mundo a praticar crime semelhante. O malfeitor contratado pega uma vasilha com gasolina, entra na casa e a derrama por toda parte e põe fogo! Eis como se formam delinqüentes na conturbada sociedade do atual contexto! Além de outros despautérios, a mãe diz para a filha que está com o namorado dentro de sua casa: “Podem entrar para o quarto e fazerem o que quiserem. Sou uma mãe evoluída” (sic)! Em duas cenas o quinto e o sexto mandamentos foram para o espaço! É a engrenagem do pecado. Infelizmente, quantos que se dizem cristãos não têm, a coragem suficiente para não assistirem tais novelas. Muitas propagandas são simplesmente satânicas pelas cenas imorais e até criminosas que apresentam e não há providências das autoridades constituídas. É por isto também que não há mais nem segurança nas Igrejas. Fato lamentável o que se deu, por exemplo, em piedosíssima cidade mineira na Missa das dez horas, dia Primeiro de Janeiro último, quando alguém entrou pelo centro do templo com uma pedra grande e foi à beira do altar e o lançou contra o celebrante que estava fazendo a Homilia e falando exatamente sobre a Paz. Os episódios mais trágicos se multiplicam por toda parte. Mães a assassinarem os filhos, desvios do dinheiro público, corrupção descarada. Cumpre, realmente, uma cruzada de preces para que haja mais respeito aos dez mandamentos da santa lei do Senhor. Entretanto, cumpre a cada cristão, de plano, combater a malícia dentro de seu coração, ou seja, afastar os pecados interiores, porque quem se santifica, tende a purificar o mundo inteiro. Para afastar desejos perversos a mortificação é essencial. Ensina São Paulo: “Os que pertencem a Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e os seus desejos” (Gl 5,24). Esta levará fatalmente a uma adesão completa ao serviço de Deus. Reforça todas as virtudes e é o princípio para se desmontar a engrenagem do pecado. A mortificação é fonte de paz, de quietude interior, gérmen de todas as boas qualidades. Conduz a uma oração fervorosa e quem sabe orar é um pára-raios da sociedade. Um espírito mortificado está pronto para a comunhão com Deus. Não se trata de fazer penitências astronômicas, mas, sim, de realizar de maneira extraordinária as tarefas ordinárias da vida, isto é, com determinação, sem indolência, sem omissões. É a procura do equilíbrio no pensar, no agir, no se alimentar, no trato com o próximo. É a busca da perfeição custosa, que exige sacrifício a todo instante. Hoje mais do que nunca é preciso praticar o que São Paulo disse aos Gálatas: “Procedei segundo o espírito e não dareis satisfações aos desejos da carne. Pois a carne tem desejos contrários aos do espírito e o espírito aos da carne: há oposição radical entre eles, a fim de que não façais o que quereis. Mas se vos deixais guiar pelo espírito já não estais sujeitos à lei. Ora as obras da carne são bem conhecidas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, malefícios, inimizades, contendas, ciúmes, iras, disputas, discórdias, faccionismo, invejas, embriaguezes, orgias e coisa semelhantes e essas sobre as quais vos previno, como já o fizera; os que as cometem não participarão do reino de Deus” (Gl 5, 16-23). O Apóstolo apresenta a seguir um programa de vida cristã, ou seja, procurar cultivar os doze frutos do Espírito Santo. São eles a bondade, a benignidade, a paciência, a mansidão, a paz, a alegria, a castidade, a modéstia, a continência, a caridade, a fidelidade, a longanimidade. Proceder segundo o Espírito é agir de acordo com as normas de uma consciência iluminada e guiada pela Terceira Pessoa da Santíssima Trindade que habita a alma que se acha estado de graça. A carne é a natureza humana decaída pelo pecado original com todas as suas inclinações malévolas. Adverte o citado Apóstolo: “Não vos crieis ilusões: de Deus não se zomba. Cada um colherá aquilo que tiver semeado: quem, semeia na carne da carne colherá a corrupção e quem semeia no espírito, do espírito colherá a vida eterna” (Gl 6,7-9). Pensemos nisto! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
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