quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

 

          03     ELE VOS BATIZARÁ NO ESIRITO SANTO E NO FOGO

Côn.  José Geraldo Vidigal de Carvalho*

João Batista diz claramente que Jesus batizaria com o Espirito Santo e com o fogo (Lc 3,16). Seu batismo era de conversão e penitência.  Deste modo, ele coloca à luz o foco em Jesus e anuncia sua missão. Ele era o   precursor e também o anunciador do Messias e de seu encargo redentor. Feliz João Batista que entreabre as portas do Novo Testamento, mas ele não podia ainda ver a grandeza da Revelação em Jesus, o qual batizaria no Espirito Santo e no fogo do amor do Pai e do Filho, fogo que era a força e o poder deste amor. Através do Espírito Santo a comunhão do batizado com Deus seria completa numa filiação total. Jesus batizaria com o fogo que imergiria na dileção trinitária. Ninguém apagara este fogo que brilharia no interior de quem recebesse o batismo de Jesus, vivendo intensamente esta realidade.  Este fogo, alegria dos corações, daria sentido à vida do batizado, de sua missão e tenderia a se propagar. Fogo do amor da Trindade por nós e em nós. Eis aí o que João Batista explicou sobre o batismo de Jesus, verdades nas quais nem sempre se reflete e das quais se deve viver. Jesus o Filho de Deus era santíssimo, sem nenhuma mancha de pecado. Ora, o batismo de, João Batista era um batismo de purificação. No entanto, Jesus se deixaria batizar por ele e o próprio Batista não sabia por que motivo, dado que ele conhecia que Jesus era o Messias. É que Jesus foi ser batizado por São Joao porque Ele representava naquele rito a humanidade inteira, humanidade pecadora e, desse modo, mostraria sua vocação de Messias, do enviado por Deus, caminho que O conduziria à morte na cruz e depois à ressurreição.  Portanto, não se pode ver no batismo de Jesus com o Espírito Santo e com o fogo como um fato isolado. É preciso vê-lo no conjunto de sua vida de sua vocação para bem O compreender. Da mesma maneira, nosso batismo não deve ser visto como algo separado de nossa vida, como espécie de parêntese, como um dia de festa particular. Nosso batismo deve ser visto e vivido no conjunto de nossa vida, de nosso caminho vocacional, isto é, fé da nossa união com Deus no cotidiano de nossa vida individual e comunitária. Devemos, portanto, nos interrogar do que temos feito de nosso batismo, como o temos vivido, como tem sido nossa vida de batizados, de discípulos de Jesus. O batismo nos lavou de todos as manchas do pecado, mas com a graça de Deus o batizado deve praticar o bem e evitar o pecado, exercendo influência santificadora em seu derredor. Por tudo isso, é de suam importância viver em plenitude a graça extraordinária do próprio batismo, cuja data deve ser comemorada com suma gratidão a Deus. O ser humano se acha ferido de uma fragilidade inata, o coração do homem, desde seu nascimento, é inclinado para o mal mais facilmente do que para o bem. O batismo não opera magicamente e cada um retém as sequelas do pecado original, mas o batismo oferece todas as forças necessárias para obter a vitória sobre as más inclinações. A luta do cristão se prolonga até sua passagem para a outra vida. Assim sendo, nunca se conscientiza demais de que o batismo é um renascimento para uma vida nova. Uma imagem pode nos ajudar a compreender o que quer dizer entrar na vida de Deus, ou seja a imagem do nascimento pelo batismo. Com efeito, o cristão passa a viver não só a vida biológica, que é frágil e limitada, mas passa viver também a vida mesma de Deis sob o influxo do Espirito Santo. Esta nova força de vida é uma força   para crer, para amar e esperar sem limitações. Não é no dia de nossa morte que entramos na vida eterna, mas desde o dia do nosso batismo. Pode-se falar no batismo como uma adoção, uma decisão livre de Deus de nos considerar como seus filhos bem-amados e de nos assemelhar a seu Filho único, Jesus Cristo, vivendo no fogo o Espírito Santo. Além disto, o batismo nos torna membros de um mesmo corpo, a Igreja, família de todos os que reconhecem o mesmo Deus, Uno e Trino. Irmãos e Irmãs em Jesus Cristo, os batizados participam então de uma missão, pois o batismo não é somente crer mas viver. Cada batizado pertence a Cristo. Por isto, ele se chama cristão e deve ser testemunha viva desta nobreza, manifestando o amor de Deus para com todos os homens. Trata-se dos liames da unidade que vão além dos limites da própria Igreja, para a qual se deve atrair os que a ela não pertencem. Eis porque os cristãos devem ser perante a face do Ser Supremo sem máculas e santos pelo fogo de seu amor e assim a muitos arrastar pra junto de Jesus. * Professo no Seminário de Mariana durante 40 anos.

 

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