01 OS REIS PROSTRADOS O ADORARAM
Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho*
Na solenidade da Epifania celebramos a manifestação
do Senhor (Mt 2,1-12). Trata-se da
primeira revelação do poder de Jesus aos povos da terra. Os raios do Sol divino
se levanta manifestando–se ao mundo que estava envolto nas trevas. Aparece o plano universalista do Redentor, de sua
missão tão vasta a ponto de abranger todo o mundo, não apenas o povo judeu. Uma
estrela esteve a serviço do Rei de todas as nações, indicando um soberano que
nasceu para remir todos os homens. Não nos importa saber de que parte vieram os
magos, que, do longínquo oriente, eram representantes de todas as nações da
terra sem se mostrarem revestidos de planos terrenos, de uma política humana.
Apresentam-se sem imposições, guiados por um astro que os convidava a
homenagear um pobre menino, cujo reino não era deste mundo, mas que estava
aberto aos pagãos,. Os magos procuravam o lugar onde nasceria o rei cujo força
era universal. Nos presentes por eles ofertados estava significado o mistério
oculto em uma humilde criança. Aquele menino era Deus e por isto lhe ofertam
incenso, era Rei e isto bem simbolizado no ouro trazido, era o Salvador que
redimiria a humanidade pelo sacrifico de sua vida, donde a mirra que era
oferecida, já lembrando inclusive o doloroso sacrifício do Calvário. Cumpre,
porém admirar e também imitar a obediência dos Magos ao chamado divino, no qual
era mostrada a vocação de todas as gentes. Tudo isto devido a uma fé profunda
que reinava no coração daqueles agraciados reis da terra que empreendem uma
longa viagem para adorar o Rei dos reis. Admirável a disponibilidade e sua
prontidão em seguir a estrela numa confiança total em Deus. Nem se deve
esquecer sua paciência e perseverança, quando momentaneamente a estrela
desapareceu. Não desanimaram, indagaram e foram recompensados com o
reaparecimento do meteoro que os levou até onde estava o Menino. Por tudo isto
cumpre receber tão preciosas lições que devem levar a uma total correspondência às inspirações
divinas. Na narrativa de São Mateus aparece ainda uma personagem que
contrastava com a bondade de Jesus, ou seja, Herodes o cruel. Surge claramente
o conflito entre o Messias, “o rei dos Judeus que acabara de nascer” (Mt 2, 2) e o Rei que
apareceria como símbolo da recusa em acolher Cristo e sua mensagem salvífica.
Jesus seria recebido pelos homens de boa vontade, mas seria rejeitado pelos
governantes de seu povo. A partir de seu encontro com Jesus os Magos que se
mostram homens repletos de notáveis virtudes rompem definitivamente com um
soberano ambicioso que quer assassinar o Menino que eles vieram homenagear.
Deus, contudo, os adverte não por uma estrela, mas por um anjo como Ele faz com
seus eleitos. É sob o fundo teológico do texto de São Mateus que os detalhes
por ele narrados tomam seu verdadeiro valor, oferecendo ensinamentos preciosos.
O fato dos Reis magos voltarem para sua terra por outro caminho para evitar o
impiedoso Herodes traz uma valiosíssima lição. É preciso sempre que os
verdadeiros seguidores de Cristo evitem seus inimigos. Em nossos dias muitos
são aqueles que se deixam contaminar pelos meios de comunicação social e seus
programas que pregam exatamente o contrário do Evangelho de Jesus, não tendo a
coragem de banir tudo que está em desacordo com a doutrina do Mestre divino. Os
Magos, vindo do Oriente, eram sábios astrônomos que se colocaram em marcha para
o Cristo Messias, e tendo-O encontrado romperam com quem O queria matar. A fuga
das ocasiões que colocam a fé em perigo deve sempre ser a atitude do verdadeiro
cristão. É de se notar que aqueles sábios viram na estrela um sinal, ligando-a
ao astro a que se refere o Livro dos Números como um dos símbolos do Messias
esperado: “Surgirá uma estrela de Jacó e surgirá um astro de Israel. (Num
24,17). Já os teólogos da Idade Média haviam notado que não se tratava de um
corpo celeste ordinário, dado que seu brilho era intermitente e de um movimento
descontínuo. A mensagem messiânica de
toda a cena é também sublinhada pelo texto do profeta Miquéias que os escribas
citam imediatamente a Herodes: “E tu Belém, terra de Judá, já não és a mais
pequena entre as principais cidades de Judá, porque de ti há de sair um
Príncipe que regerá o meu povo, Israel” (Mi 5,1). Assim sendo, para São Mateus,
a chegada dos Magos a Belém marca o cumprimento das promessas da antiga aliança
e, ao mesmo tempo, anuncia o destino de Cristo. Os Magos chegando não viram
senão um menino, mas o Evangelista se refere ao que a fé devia claramente ver
naquela criança, a saber, o Pastor do povo de Deus. O
texto de São Mateus deixa igualmente entrever o destino de Jesus que seria
marcado pelo drama da descrença. Herodes só pensava no seu poder e se torna um
perseguidor a quem interessava apenas a construção de cidades terrenas. Os
escribas conheciam a fundo as Escritura, mas não agiram em consequência. Os
estrangeiros, viajaram por que perceberam os sinais divinos no profundo de sua
ciência. Jesus seria através dos tempos um sinal de contradição. Professor no Seminário de Mariana durante
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