quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

 

01 OS REIS PROSTRADOS O ADORARAM

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

  Na solenidade da Epifania celebramos a manifestação do Senhor (Mt 2,1-12).  Trata-se da primeira revelação do poder de Jesus aos povos da terra. Os raios do Sol divino se levanta manifestando–se ao mundo que estava envolto nas trevas. Aparece  o plano universalista do Redentor, de sua missão tão vasta a ponto de abranger todo o mundo, não apenas o povo judeu. Uma estrela esteve a serviço do Rei de todas as nações, indicando um soberano que nasceu para remir todos os homens. Não nos importa saber de que parte vieram os magos, que, do longínquo oriente, eram representantes de todas as nações da terra sem se mostrarem revestidos de planos terrenos, de uma política humana. Apresentam-se sem imposições, guiados por um astro que os convidava a homenagear um pobre menino, cujo reino não era deste mundo, mas que estava aberto aos pagãos,. Os magos procuravam o lugar onde nasceria o rei cujo força era universal. Nos presentes por eles ofertados estava significado o mistério oculto em uma humilde criança. Aquele menino era Deus e por isto lhe ofertam incenso, era Rei e isto bem simbolizado no ouro trazido, era o Salvador que redimiria a humanidade pelo sacrifico de sua vida, donde a mirra que era oferecida, já lembrando inclusive o doloroso sacrifício do Calvário. Cumpre, porém admirar e também imitar a obediência dos Magos ao chamado divino, no qual era mostrada a vocação de todas as gentes. Tudo isto devido a uma fé profunda que reinava no coração daqueles agraciados reis da terra que empreendem uma longa viagem para adorar o Rei dos reis. Admirável a disponibilidade e sua prontidão em seguir a estrela numa confiança total em Deus. Nem se deve esquecer sua paciência e perseverança, quando momentaneamente a estrela desapareceu. Não desanimaram, indagaram e foram recompensados com o reaparecimento do meteoro que os levou até onde estava o Menino. Por tudo isto cumpre receber tão preciosas lições que devem levar a uma   total correspondência às inspirações divinas. Na narrativa de São Mateus aparece ainda uma personagem que contrastava com a bondade de Jesus, ou seja, Herodes o cruel. Surge claramente o conflito entre o Messias, “o rei dos Judeus que    acabara de nascer” (Mt 2, 2) e o Rei que apareceria como símbolo da recusa em acolher Cristo e sua mensagem salvífica. Jesus seria recebido pelos homens de boa vontade, mas seria rejeitado pelos governantes de seu povo. A partir de seu encontro com Jesus os Magos que se mostram homens repletos de notáveis virtudes rompem definitivamente com um soberano ambicioso que quer assassinar o Menino que eles vieram homenagear. Deus, contudo, os adverte não por uma estrela, mas por um anjo como Ele faz com seus eleitos. É sob o fundo teológico do texto de São Mateus que os detalhes por ele narrados tomam seu verdadeiro valor, oferecendo ensinamentos preciosos. O fato dos Reis magos voltarem para sua terra por outro caminho para evitar o impiedoso Herodes traz uma valiosíssima lição. É preciso sempre que os verdadeiros seguidores de Cristo evitem seus inimigos. Em nossos dias muitos são aqueles que se deixam contaminar pelos meios de comunicação social e seus programas que pregam exatamente o contrário do Evangelho de Jesus, não tendo a coragem de banir tudo que está em desacordo com a doutrina do Mestre divino. Os Magos, vindo do Oriente, eram sábios astrônomos que se colocaram em marcha para o Cristo Messias, e tendo-O encontrado romperam com quem O queria matar. A fuga das ocasiões que colocam a fé em perigo deve sempre ser a atitude do verdadeiro cristão. É de se notar que aqueles sábios viram na estrela um sinal, ligando-a ao astro a que se refere o Livro dos Números como um dos símbolos do Messias esperado: “Surgirá uma estrela de Jacó e surgirá um astro de Israel. (Num 24,17). Já os teólogos da Idade Média haviam notado que não se tratava de um corpo celeste ordinário, dado que seu brilho era intermitente e de um movimento descontínuo.  A mensagem messiânica de toda a cena é também sublinhada pelo texto do profeta Miquéias que os escribas citam imediatamente a Herodes: “E tu Belém, terra de Judá, já não és a mais pequena entre as principais cidades de Judá, porque de ti há de sair um Príncipe que regerá o meu povo, Israel” (Mi 5,1). Assim sendo, para São Mateus, a chegada dos Magos a Belém marca o cumprimento das promessas da antiga aliança e, ao mesmo tempo, anuncia o destino de Cristo. Os Magos chegando não viram senão um menino, mas o Evangelista se refere ao que a fé devia claramente ver naquela criança, a saber, o Pastor do povo de Deus. O texto de São Mateus deixa igualmente entrever o destino de Jesus que seria marcado pelo drama da descrença. Herodes só pensava no seu poder e se torna um perseguidor a quem interessava apenas a construção de cidades terrenas. Os escribas conheciam a fundo as Escritura, mas não agiram em consequência. Os estrangeiros, viajaram por que perceberam os sinais divinos no profundo de sua ciência. Jesus seria através dos tempos um sinal de contradição. Professor no Seminário de Mariana durante

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