quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

 

QUE DEVEMOS FAZER?

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Dois grandes personagens nos oferecem subsídios para a preparação da vinda de Jesus: São João Batista (Luc 3,10-18) e São Paulo na carta aos filipenses (Fil 4,4-7). O Batista é o pregador da urgência e da decisão, estando apto a responder à questão que diversas grupos de pessoas lhe faziam: “Que devemos fazer? À multidão em geral João respondia simplesmente” Repartir”, visando sobretudo as roupas e a alimentação. Aos cobradores de impostos não impõe que abandonassem o seu trabalho, mas que eles não deviam procurar se enriquecer cobrando acima do que era justo pagar. Aos soldados ele alerta que eles não deviam aproveitar-se de seu poder e de suas armas para viver às custas dos cidadãos, nem denunciassem falsamente e que estivessem contentes com o soldo que recebiam. Tratava-se, portanto, da ascese de todos os dias ao nível do ter e do poder, mas isto não era senão uma das facetas da espiritualidade do Precursor. Com efeito, seu desejo de integridade e de generosidade se enraizava na profundidade de uma humildade radical diante de Deus, do seu plano divino e diante daquele que o iria colocar em prática, o Messias. Este era quem batizaria com o Espírito Santo e com o fogo.  A primeira recomendação ascética do Precursor é que se reste fiel dentro dos desígnios de Deus preparando a chegada do Messias dentro de uma profunda humildade, pois para ele isto era uma alegria muito mais do que um esforço e por isto ele dizia: “é preciso que Ele cresça e que eu diminua” A grandeza de alma de João Batista fará com que ele guarde esta humildade e este reflexo de diminuição de si mesmo qual ele verá Jesus escolher um estilo de vida totalmente diferente do seu. Na verdade o Messias mais forte do que ele colocará todos seus discípulos na escola de sua imensa doçura. Ele dirá a seus discípulos “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”. Além de todo isto São Paulo na segunda leitura sem cessar de ser prático e realista desce dentro de nosso ser cristão até à raiz de suas decisões e comportamentos. O Apóstolo insiste na ascese da alegria, da alegria ancorada em Jesus e mantida corajosamente a despeito das provas, das incertezas pessoais, familiares ou comunitárias. Isto a despeito dos transtornos da doença, da incompreensão ou da solidão. Todos alegres não deixando desaparecer o sol da esperança dentro de si mesmo. Eis o brado de Paulo: “Regozijai-vos sem cessar no Senhor, eu vos repito, regozijai-vos”! Cumpre afastar qualquer inquietude. Ascese da confiança total apesar de se querer dar rumos ao próprio destino e de toda a comunidade na qual se vive. O segredo, segundo São Paulo é tudo pedir confiadamente a Deus, entregando-lhe todas as necessidades e todos os temores. Não se deixar dominar pelos receios, pois o Senhor está próximo querendo a todos envolver na fé, na esperança e no amor. Portanto, é preciso que o coração inquieto, tantas vezes envolto em tristezas vãs, é deixar se inundar na paz de Deus, paz que segundo São Paulo deve inundar ossos pensamentos ancorados em Cristo Jesus. Assim sendo, deve estar longe de nossas preces o negativismo em nossos sentimentos, nas nossas lembranças ou visão do futuro. Nada de desânimo ou de amargura em nossos gestos ou em nossas palavras que pode vir de lembranças mórbidas do passado, paralisando ou desvitalizando a prece no momento presente. O Senhor está próximo, o Senhor vai chegar e Ele vem até nós para nos cumular de todas as graças, abrindo seu caminho. Ele quer que sejamos felizes, Assim sendo é preciso perceber a inclusão na felicidade que Jesus oferece e afastar qualquer sentimento de exclusão. Jesus oferece solução para todos os problemas pessoais e comunitários. Trata-se da atualização da Boa Nova do Evangelho através de uma interpretação correta da comemoração da vinda de Cristo no seu Natal. Aqueles que iam escutar João Bastiste nas margens do Jordão estavam decepcionados e estavam ávidos de mensagem alvissareira e João Batista lhes mostrava o que deviam fazer. A resposta a seus questionamentos abria horizontes iluminados de expectativa para o futuro. Deste modo João Batista ia preparando o caminho para Jesus, oferecendo boas perspectivas a muitos frustrados e marginalizados em busca da verdade sobre Deus e sobre o que deviam, de fato, fazer. A simplicidade e objetividade das palavras do Precursor tocava profundamente a todos que iam até ele. Nada de prescrições complicadas, mas correções deveriam ser feitas. Sua mensagem era clara, a saber, que ninguém tivesse fome nem frio por causa de vestes insuficientes. Nada de injustiças, mas correção completa no cumprimento do dever específico de cada um. Em tudo, o bom senso deveria imperar. João Batista se mostrou sempre um notável comunicador e a sinceridade de suas respostas faziam seus conselhos aceitos, levando à mais total conversão. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

 

 

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