QUE DEVEMOS FAZER?
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Dois grandes personagens nos oferecem subsídios para a
preparação da vinda de Jesus: São João Batista (Luc 3,10-18) e São Paulo na
carta aos filipenses (Fil 4,4-7). O Batista é o pregador da urgência e da decisão,
estando apto a responder à questão que diversas grupos de pessoas lhe faziam:
“Que devemos fazer? À multidão em geral João respondia simplesmente” Repartir”,
visando sobretudo as roupas e a alimentação. Aos cobradores de impostos não
impõe que abandonassem o seu trabalho, mas que eles não deviam procurar se enriquecer
cobrando acima do que era justo pagar. Aos soldados ele alerta que eles não deviam
aproveitar-se de seu poder e de suas armas para viver às custas dos cidadãos, nem
denunciassem falsamente e que estivessem contentes com o soldo que recebiam.
Tratava-se, portanto, da ascese de todos os dias ao nível do ter e do poder,
mas isto não era senão uma das facetas da espiritualidade do Precursor. Com
efeito, seu desejo de integridade e de generosidade se enraizava na
profundidade de uma humildade radical diante de Deus, do seu plano divino e
diante daquele que o iria colocar em prática, o Messias. Este era quem batizaria
com o Espírito Santo e com o fogo. A
primeira recomendação ascética do Precursor é que se reste fiel dentro dos
desígnios de Deus preparando a chegada do Messias dentro de uma profunda
humildade, pois para ele isto era uma alegria muito mais do que um esforço e
por isto ele dizia: “é preciso que Ele cresça e que eu diminua” A grandeza de alma de João Batista fará com que ele
guarde esta humildade e este reflexo de diminuição de si mesmo qual ele verá
Jesus escolher um estilo de vida totalmente diferente do seu. Na verdade o Messias
mais forte do que ele colocará todos seus discípulos na escola de sua imensa
doçura. Ele dirá a seus discípulos “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.
Além de todo isto São Paulo na segunda leitura sem cessar de ser prático e
realista desce dentro de nosso ser cristão até à raiz de suas decisões e comportamentos.
O Apóstolo insiste na ascese da alegria, da alegria ancorada em Jesus e mantida
corajosamente a despeito das provas, das incertezas pessoais, familiares ou
comunitárias. Isto a despeito dos transtornos da doença, da incompreensão ou da
solidão. Todos alegres não deixando desaparecer o sol da esperança dentro de si
mesmo. Eis o brado de Paulo: “Regozijai-vos sem cessar no Senhor, eu vos
repito, regozijai-vos”! Cumpre afastar qualquer inquietude. Ascese da confiança
total apesar de se querer dar rumos ao próprio destino e de toda a comunidade
na qual se vive. O segredo, segundo São Paulo é tudo pedir confiadamente a
Deus, entregando-lhe todas as necessidades e todos os temores. Não se deixar
dominar pelos receios, pois o Senhor está próximo querendo a todos envolver na
fé, na esperança e no amor. Portanto, é
preciso que o coração inquieto, tantas vezes envolto em tristezas vãs, é deixar
se inundar na paz de Deus, paz que segundo São Paulo deve inundar ossos
pensamentos ancorados em Cristo Jesus. Assim sendo, deve estar longe de nossas
preces o negativismo em nossos sentimentos, nas nossas lembranças ou visão do
futuro. Nada de desânimo ou de amargura em nossos gestos ou em nossas palavras
que pode vir de lembranças mórbidas do passado, paralisando ou desvitalizando a
prece no momento presente. O Senhor está próximo, o Senhor vai chegar e Ele vem
até nós para nos cumular de todas as graças, abrindo seu caminho. Ele quer que
sejamos felizes, Assim sendo é preciso perceber a inclusão na felicidade que
Jesus oferece e afastar qualquer sentimento de exclusão. Jesus oferece solução
para todos os problemas pessoais e comunitários. Trata-se da atualização da Boa
Nova do Evangelho através de uma interpretação correta da comemoração da vinda
de Cristo no seu Natal. Aqueles que iam escutar João Bastiste nas margens do
Jordão estavam decepcionados e estavam ávidos de mensagem alvissareira e João
Batista lhes mostrava o que deviam fazer. A resposta a seus questionamentos
abria horizontes iluminados de expectativa para o futuro. Deste modo João Batista
ia preparando o caminho para Jesus, oferecendo boas perspectivas a muitos
frustrados e marginalizados em busca da verdade sobre Deus e sobre o que deviam,
de fato, fazer. A simplicidade e objetividade das palavras do Precursor tocava
profundamente a todos que iam até ele. Nada de prescrições complicadas, mas
correções deveriam ser feitas. Sua mensagem era clara, a saber, que ninguém tivesse
fome nem frio por causa de vestes insuficientes. Nada de injustiças, mas
correção completa no cumprimento do dever específico de cada um. Em tudo, o bom
senso deveria imperar. João Batista se mostrou sempre um notável comunicador e
a sinceridade de suas respostas faziam seus conselhos aceitos, levando à mais
total conversão. * Professor no Seminário
de Mariana durante 40 anos.
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