quinta-feira, 9 de setembro de 2021

 O MAIOR É O SERVIDOR DE TODOS

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

Entre as grandes lições que Jesus transmitiu a seus discípulos está aquela que Ele compendiou nesta sentença: “Se alguém quer ser o primeiro que ele seja o último de todos e o servidor de todos”, ou seja, o maior é aquele que está a serviço dos irmãos (Mc 9, 30-37), Na verdade, Ele quer que seu seguidor tenha  a candura, a naturalidade, a simplicidade  de uma criança O maior diante dele  não é aquele que tem mais poder ou saber, nem mesmo o que tem mais riqueza ou importância perante os homens. O maior é aquele que humildemente reconhece suas falhas humanas e que tudo aquilo que possui lhe vem gratuitamente de Deus e de cuja misericórdia ele tudo depende. Como então ensinou o Mestre divino, a verdadeira grandeza é não se julgar superior aos outros. Na família, na comunidade em que se vive a postura do verdadeiro cristão é de serviço, de devotamento à felicidade de todos, de gratuidade, não se julgando melhor que aqueles com os quais se convive. Trata-se do serviço humilde e da humildade ativa, que permite acolher seja quem for como um irmão ou irmã do divino Redentor. O gesto profético de Jesus tomando uma criança do meio de seus discípulos e a acolhendo em seus braços quis justamente sublinhar este liame entre a humildade e a capacidade do acolhimento. Acolher alguém em nome de Jesus é dar ao Filho de Deus um lugar na própria vida, na obra de cada instante, pois o que se faz ao próximo é a Ele que se faz.  No pensamento de Jesus a criança é uma parábola viva. É recebida sem se olhar se ela o merece, antes mesmo que ela pudesse merecer alguma atenção, simplesmente porque ela tem necessidade de ser protegida. Como registrou São Mateus foi taxativo o dito de Jesus: “O que fizerdes ao menor de vossos irmãos foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40), Uma mensagem bem forte para os discípulos que pensavam em grandeza, prestígio, potência e poder.Com efeito eles inquiriam entre si quem entre eles podia ocupar o primeiro lugar.  Cada um sonhava ser melhor que o outro. Antecipavam entre eles uma gloriosa promoção que aguardava o principal entre os escolhidos pelo Mestre divino. Por terem deixado tudo e O seguido.  Já se julgavam mais importantes que todas as outras pessoas e um deles deveria ser o preferido pelo Filho de Deus. Entretanto eles tinham o espírito e a ideia infeccionada bem longe do que na verdade Jesus pensava para Ele mesmo e para os doze. Tratava-se de uma circunstância chocante, porque Jesus acabava de lhes falar de sua Paixão e da grande perseguição que breve iria tombar sobre Ele. Seus discípulos, porém, agiram como se nada entendessem do discurso do Mestre. Era uma alocução difícil demais para eles. Jesus falava uma coisa e eles entendiam outra bem diferente. Uma falta de comunicação completa devido à carência de compreensão daqueles interlocutores de Cristo. O pensamento de grandeza e de prestígio dos apóstolos chocava com a realidade simples e modesta que os aguardava. Eis aí porque cabia a Jesus dissipar as ilusões daqueles seus seguidores. Cumpria trazê-los para uma justa perspectiva de um engajamento com Ele que era manso e humilde de coração. Competia então a Cristo fazer com que aqueles seus seguidores reformulassem seu ponto de vista para entrarem na rota para o Reino de Deus, reino de humildade e de serviço aos outros. Eis por que perante aqueles sonhadores de honras humanas Jesus tomou uma criança, testemunhando à mesma ternura, afeto, respeito, ostensivamente a abraçando com carinho, afeto e respeito. Olhando aquela criança, Jesus como que se via ele mesmo como num espelho. Fixemos ainda uma vez esta criança, pequenina, simples. Para muitos um ser sem importância, sem poder, sem qualquer magnificência humanamente atraente. O estado de alma de Cristo era, porém, bem outro, pois seu coração, seu ideal, sua perspectiva eram bem outra. O retrato falado de Jesus era alguém como aquela criança em sua inocência, fragilidade, pobreza, mas irradiando tantos valores admiráveis. Jesus quer que vejamos Deus na sua ternura, sua humildade, na sua discreta presença. Aquele menino patenteava o Bem amado do Pai. Assim, o Todo poderoso nos verá se possuirmos as virtudes daquele criança. Portanto, a figura daquela menino que Jesus acolhera perante seus altivos discípulos transmitia lições preciosíssimas Cumpre, portanto ser manso e humilde coração como Jesus e saber captar esta sua mensagem de que o maior é aquele oque ostenta as virtudes de uma criança, pois somente assim seremos capazes de poder de servi-lo na pessoa de nosso irmãos. É preciso reter o ensino que Jesus transmitiu aos apóstolos para ser um servidor através de todas as nossa ações, sem querer ser considerado o primeiro de todos. Felizes aqueles que inclusive podem se engajar no serviço da Igreja nas diversas oportunidades que o apostolado oferece e isto com muita humildade no serviço aos outros. É bom que se lembre que o importante é que o serviço não se mude em poder, buscando o reconhecimento dos outros, querendo admiração pelo que se faça a bem dos irmãos e irmãs, sem querer ser incensado pelo bem que se procurou fazer. Quem é verdadeiramente humilde na seara do Senhor faz o que deve fazer o melhor que se possa, deixando sempre a recompensa para Deus. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos

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