BENDITA
ÉS TU ENTRE AS MULHERES
Côn. Jose Geraldo Vidigal de
Carvalho*
Festejar a assunção da
Virgem Maria aos céus, não é apenas celebrar sua ascensão de corpo e alma para
junto da Trindade Santa, mas, antes de tudo e sobretudo, é solenizar a
maravilha da salvação que nela em plenitude, por primeiro, se realizou. Cristo
a recebe festivamente na casa do Pai e bem se pode dizer que na festa de hoje se
soleniza a assunção de Maria por ser ela a Mãe do Salvador, que a introduz nos
esplendores da eternidade do Ser Supremo. De fato, ela, como a saudou o Anjo,
era a cheia de graça e o Senhor estava com ela, enriquecida, realmente, em sumo
grau de bens espirituais (Lc 1.39-56). Esta assunção é então algo de passivo e
quem é dela objeto a recebeu por puro favor divino. A Virgem Maria é a grande
beneficiada, pois este fato é obra do Senhor que nela assumira nossa humanidade.
Em Maria nós vemos na história humana pela primeira e única vez a realização de
uma assunção numa criatura por causa de uma sublime maternidade. Tudo nela, em
seu corpo e em sua alma, é assumido na glória eterna de Deus, de maneira
perfeita e total. Celebra-se, portanto, a entrada de corpo e de alma da Mãe de
Jesus na glória de Deus Pai. Tudo nesta celebração é alegria para Maria e para
todos nós seus filhos espirituais. Eis porque Santa Terezinha do Menino Jesus
com razão proclamava que “o tesouro da Mãe pertence também aos filhos”,
exultantes de júbilo por esta maravilha da assunção. Com toda a Igreja os cristãos
são convidados a se rejubilar na solenidade de hoje. A Virgem Maria preservada
da mancha do pecado original, tendo cumprido o curso de sua vida terrestre foi,
de fato, elevada de corpo e alma à glória do céu e exaltada pelo Senhor como a
Rainha do Universo para ser assim ainda mais conforme a seu filho Jesus. Tal
foi a Fé da Igreja proclamada solenemente dia primeiro de novembro de 1950 pelo
Papa Pio XII. Deste modo, a Virgem Maria foi associada à vida, à morte e à ressurreição
de seu Filho de uma maneira realmente inimaginável. Ela que se apresentou ao
Arcanjo São Gabriel como a “humilde serva do Senhor” é também aquela que
apregoou no seu hino que todas as gerações a proclamariam bem-aventurada. Ela
que se acha com seu corpo e sua alma, isto é, com toda sua pessoa na alegria do
céu, na exultação da Cidade de Deus. Neste triunfo de Maria admiramos as
maravilhas que Deus realizou em uma frágil humanidade, o que honrou de macieira
admirável todo o gênero humano. Ela soube maravilhosamente acolher o Verbo
eterno de Deus que nela se fez carne e habitou entre nós. Em Maria Deus
encontrou a morada ideal, pois nela não havia nenhum espaço que fosse inacessível
à presença do Todo Poderoso Senhor. Nela nenhum obstáculo a esta sublime
presença. Ela foi um ícone no qual resplandeceu
a glória divina. Esta glória inefavelmente recebida numa vida inteiramente
submetida a seu Senhor. Sua vida foi um total SIM ao Ser Supremo. Ela se tornou
então criatura e mãe em Jesus, de um Deus que quis se oferecer a todo o homem
que soubesse a seu exemplo acolhê-lo como Filho de Deus, o divino Salvador. Maria
nos é oferecida como mãe para que seu filho possa nascer em cada um dos
batizados. Isto porque ela de tal modo se deixou amoldar por Deus que ela não reteve
nada de si mesma, pois Ela ofereceu tudo a seu Senhor Onipotente. Se ela reteve
seu Filho em seus braços, foi para melhor O oferecer aos homens feridos pelo
pecado. Contemplar Maria é ver a
criatura humana tal como Deus a criou. Eis porque hoje mais do que nunca é
preciso entrar na escola de Maria para aprender o que é a coragem cristã, a
confiança, o amor e a esperança. Isto significa viver a inteligência da fé,
sabendo, porém, que infinito é o mistério da fé. Jamais compreenderemos o
mistério divino. Entrar na escola de Maria é se colocar na rota de Jesus, é ser
o testemunho de sua obra salvífica. Com
Jesus o cristão é capaz de enfrentar todas as provas, como ocorreu com sua mãe
em tantos lances acerbos de sua existência, como ocorreu, por exemplo, lá no
Calvário, onde apesar de um sofrimento tão grande ela se manteve corajosamente
de pé. Deus quer que também nós façamos frente aos sofrimentos inevitáveis a
este degredo terrestre. A exemplo de Maria deixar Deus viver em nós. Com Maria
e como Maria saibamos viver os tempos da fé, tempos do acolhimento em plenitude
da Palavra de Deus e da revelação de seus desígnios misericordiosos. Que em
nossas vidas esteja sempre afastado o demônio com todas as suas malévolas ciladas.
Foi para este combate que Cristo veio a esta terra. Luta também da Igreja que é
a imagem de Maria. Luta que cada cristão tem que enfrentar desde que recebeu o
espírito da verdade no dia de seu batismo. Combate contra o pecado sob todas as
suas formas, combate pela justiça do reino e Deus e a verdade do Evangelho. * Professor no Seminário de Mariana durante
40anos.
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