quinta-feira, 5 de agosto de 2021

 

A ASSUNÇÃO DE MARIA E A NOSSA RESSURREIÇÃO FUTURA

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

A Assunção de Maria ao céu prefigura a nossa ressurreição futura. Duas verdades de fé. Com efeito, o Papa Pio XII há 70 anos, no dia primeiro de novembro de 1950, declarou e definiu o dogma da Assunção em corpo e alma da Virgem Mãe de Deus à gloria celestial. Como se recita no Credo, nós cremos na ressurreição da carne e na vida eterna. Assim como a Mãe de Jesus, nós somos destinados ao mesmo itinerário de glória, não obstante as vississitudes da trajetória terrena. Isto do mesmo modo como ocorreu com a Virgem Maria. Valeu também para ela o célebre brocardo per crucem ad lucem, frase com a qual São Bruno resumiu a vida dos monges cartuchos, mas que vale para todo o cristão, pois é a partir dos sofrimentos aceitos por amor a Deus é que se chega à luz duradoura do céu. A felicidade perene passa sempre pela cruz dos aborrecimentos e Jesus deixou claro: “Quem quiser ser meu discípulo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. Bem sabemos quão terríveis foram os padecimentos de sua Mãe Santíssima. A mesma Virgem, Senhora das Dores, é aquela que hoje contemplamos “vestida de sol, tendo a lua debaixo dos seus pés e sobre a sua cabeça uma coroa de doze estrelas”, como lemos no Apocalipse (Ap 12,1). Não há limites nas obras de Deus. Assim sendo, esta solenidade da Assunção de Maria aos céus é um convite para que cada um se engaje resolutamente no caminho da transfiguração de seu ser, condição para a ressurreição gloriosa no último dia. Dar, a exemplo de Maria, um sim sem condições à vontade divina, uma livre resposta à fé que leva o cristão a acatar em tudo os desígnios de Deus. Hoje pedimos à Virgem Maria que interceda por nós para sermos constantes nesta terra e podermos um dia estar com ela lá no céu. Isto após vencermos as forças do mal sob a paz e a luz resplandecentes de Deus. São João Paulo II na encíclica Redemptoris Mater – Mãe do Redentor - assim se expressou: "Como é grande, como é heroica a obediência da fé da qual Maria deu prova face aos decretos insondáveis de Deus! Por uma tal fé, Maria se uniu perfeitamente a Cristo no seu despojamento”. É imitando esta fé extraordinária da Virgem, a qual foi elevada aos céus, que cada um de seus filhos deve comemorar esta solenidade de sua entrada na glória sem fim. Deste modo, ela estará sempre próxima das alegrias e das dores de seus filhos peregrinos rumo à felicidade sem fim. Foi a fidelidade radical de Maria que a levou a ser coroada na plenitude da gloria da Trindade Santa. Eis porque Ela é a honra da Igreja, a alegria da humanidade transformada pela graça. Sua Imaculada Conceição a preservou das sequelas do pecado original, assim como sua Assunção a resguardou da degradação do túmulo. Dois privilégios concedidos por Deus dado que ela, ao conceber do Espírito Santo, o Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós. Por ocasião de sua visita a Santa Isabel, no seu hino o Magnificat, mostrou sua decisão de servir a Deus com um coração ajustado à vontade divina. Deixou assim uma maneira de proceder para estar para sempre gozando deste Ser infinitamente amável. Trata-se de servir a Deus humildemente nas tarefas cotidianas; de louvar a Deus por todos os seus benefícios, contemplando-O nas maravilhas de cada hora. O Concílio Vaticano II nos diz que na sua assunção e sua glorificação Maria é a imagem e o começo do que será a Igreja em sua forma acabada no retorno de Cristo. Agindo como Maria, o cristão terá um lugar lá no Céu na medida em que soube proclamar os louvores a Deus neste mundo, colocando em tudo em prática o Evangelho. A luta é de cada hora, pugna contra o diabo e seus sequazes, mas Maria, nos ensina ainda o Concílio Vaticano II, Ela, de fato, brilha diante do povo em marcha como um sinal de esperança certa e de consolação (LG 68). Alegremo-nos, portanto, porque a Mãe de Jesus e nossa mãe espiritual nos aguarda lá no céu. Matriculemo-nos, pois, na escola de Maria, atentos a suas inspirações e, assim, ela nos acolherá um dia, após o juízo universal, também de corpo e alma na casa preparada desde toda a eternidade para os que souberam amar e servir a Deus nesta terra. Trata-se então de viver na fé, na esperança e no amor a Deus e ao próximo, numa prece contínua e em ininterrupta ação de graças* Professor no Seminário de Mariana durante 40 nos.

 

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