HONRAR A DEUS DE TODO O CORAÇÃO
Coo. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Jesus enfrentou questionamentos de alguns fariseus sectários,
hipócritas, péssimos intérpretes da Lei
(Mc 7,1-23). Isto mostra como é possível
que ocorram escolhos na vida religiosa. De tais desvios devem seus seguidores se
eximir para evitarem condutas falsas, julgando, contudo, estarem agindo
corretamente. Todo cuidado é pouco para afastar sempre estas caricaturas
espirituais. São impasses que impedem honrar de verdade a Deus, servindo-O de
todo o coração. Cumpre se lembre sempre
que há necessidade de se ter uma visão correta dos preceitos divinos e, assim,
estar em tudo libertado por Cristo dos entraves suscitados pelos homens. Ele o
único mestre sábio, humilde, verdadeiro, obediente à Lei, porque inteiramente
fiel aos ensinamentos do Pai. O trecho do Evangelho citado convida então a ter um
procedimento tal que se comporte, penetrando amplamente na sua mensagem de
hoje, a qual sublinha dois desvios bem característicos da sociedade hodierna
que influencia a tantos cristãos. Com efeito, nota-se, por vezes, apenas uma
preocupação asséptica ritualista corporal, esquecida a pureza interior da
própria consciência. Percebe-se que os termos empregados pelo Evangelista, como
lavagem, aspersão, mostrava o cuidado farisaico da limpeza. Após as
advertências de Louis Pasteur e os transtornos da pandemia este cuidado de toda
a sociedade se tornou imprescindível. Isto, porém, por razões higiênicas e não
rituais. Contudo é possível até que tenha havido alguma negligência condenável
da parte dos discípulos de Jesus. Louváveis, portanto, os cuidados higiênicos, condenável,
porém qualquer atitude ritualista. Longe, portanto, a pureza ritualista com
hábitos sanitários impregnados de crendices. Jesus alertou contra as autênticas
impurezas, pois a pior delas é o coração imundo, poluído. É sobre isto que
Jesus deixou uma magnífica lição. A principal pureza que o cristão deve buscar
é aquela que Deus oferece, inclusive os próprios hábitos sanitários que a
caridade fraterna exige. Felizmente quantos cristão cuidam sabiamente de seu
corpo, porque sabem que ele é o templo do Espírito Santo, fugindo, porém,
sempre das distorções da vaidade e do desperdício com os exageros
desnecessários com relação à saúde. Em segundo lugar. É preciso o cuidado com a
mania de uma sociedade que passa a endeusar estas preocupações físicas em
detrimento da uma postura equilibrada, fugindo dos excessos dos cuidados com o
corpo, movido isto pela fatuidade e cultivo do supérfluo. A propaganda dos
cosméticos alimentam, por vezes técnicas que bem se assemelham à multiplicidade
condenável que Jesus fustigou. Não se pode, como o Mestre divino alertou,
desprezar os mandamentos divinos pelas tradições meramente humanas, que têm
tanto poder de transmissão e persuasão no que tange os costumes e se tendem
tornar uma idolatria corporal. Os fariseus tinham substituído o mandamento
divino por seus costumes que eram imediatamente utilizáveis, explicáveis e
facilmente acatados, mas, eivados de desvios. Quantos até se tornam escravos da moda.
Segundo pesquisas recentes a moda é o segundo setor que mais explora o trabalho
escravo no mundo. Trata-se da prevalência das veleidades do momento. Surgem
então leis de acordo com a mentalidade reinante, donde o formalismo e o ritualismo,
ficando obscurecido o caminho espiritual. Desvios assépticos ou determinados procedimentos
que levam a agir como os fariseus do evangelho de hoje condenados por Jesus.
Atitudes às vezes até ridículas. É
preciso neste caso perceber o que é doutrina meramente humana errônea para
imediatamente a recusar ou o mandamento do Senhor para o colocar em prática. Cumpre
então seguir o conselho de São Tiago, escutar humildemente a Palavra de Deus
semeada em nós. Escutar significa acolher as mensagens divinas do Deus
Altíssimo, uma louvável saída de si mesmo para vivenciar os apelos do Ser
Supremo. No Apocalipse está claro o que Deus fala: “Eis que estou à porta e
abro. Se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em casa dele e cearemos
juntos eu com ele e ele comigo” (At 3,20-21). O verdadeiro mal é não captar o
projeto de Deus, seu grande desejo de salvação como os fariseus que edificaram
um legalismo vazio de amor. Deus não quer que o homem o honre com prescrições
superficiais, mas deseja que seu coração esteja perto dele, fazendo o que Ele
quer e não o que erroneamente preceituam os homens. O cristianismo é verdadeiramente
a religião do coração O que emana de um coração sincero, autêntico, puro, é que
conta diante de Deus. Uma esmola dada por mãos perfumadas de quem é egoísta, vaidoso,
não enobrece a pessoa que faz tal oferenda. Professor
no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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