COM JESUS PARA SALVAR OS OUTROS
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Admirável roteiro no dia a dia do Filho
de Deus, um cotidiano de Jesus, que São Marcos apresenta (Mc 1.29-39. Ele foi à
sinagoga, depois se dirigiu a uma casa onde estava enferma a sogra de Simão.
Jesus dela se aproxima e toma-lhe a mão. Tocante gentileza do Mestre divino que
a queria cheia de saúde, como sempre agindo para servir os outros. À tarde
contemplamos o poderoso taumaturgo se colocando ao serviço de todos que traziam
seus enfermos com as mais diversas doenças, fossem elas físicas, psíquicas ou
espirituais. Jesus falava e agia, expulsando demônios e os achaques que
atormentavam os que O procuravam. Pela madrugada, Ele saiu para rezar, pois lhe
reservava também momentos para as tertúlias
com o Pai, momentos de reflexão, de contemplação. Procurado pelos que O buscavam
Jesus aumentou o espaço de suas atividades e, partindo de Cafarnaum, foi
percorrer a Galileia. Exemplo magnifico
de atividades dinâmicas e de fuga a todo particularismo, pregando o Evangelho por
toda parte. Cumpre sempre imitar o seu dinamismo numa extraordinária ação evangelizadora.
Sempre unido ao Pai e solidário com os que viera salvar, como lemos na Carta
aos Hebreus, em tudo semelhante aos irmãos e, ao mesmo tempo fiel no que diz
respeito a Deus (Hb 2,17) Na medida em que cresce a união do cristão com Ele,
vida e o coração de cada um remodelam de acordo com esta dupla comunhão que era
para Jesus a expressão espontânea de seu ser de mediador, ou seja, a comunhão
com o Pai e a comunhão com todos os irmãos e irmãs. Cada dia Jesus nos mostra o
Pai e nos manifesta o seu Nome e desse modo, entramos em uma prece verdadeira,
mãos abertas e a mente liberta de entraves terrenos. O cristão se sente então
envolvido na paz de Deus, percebendo a necessidade de levar por toda parte a
salvação. Percebe-se então, de fato, a
necessidade da oração que confirma a chama dos carismas outorgados pelo
sacramento da confirmação, fazendo cada um crescer como autênticos filhos da
Igreja. É preciso, contudo, estar sempre atentos, porque ligeiro, discreto é o
apelo divino que identifica o batizado a Cristo, dinâmico, orante e
missionário. Ele está cotidianamente nos chamando a irmos a outros lugares, não
em caminhos de sonhos mirabolantes, de ilusões, mas nas sendas que levam as
almas a serem salvas. Trata-se de uma missão universal para qual se é conduzido
por um profundo amor a Deus e ao próximo. Não basta, porém, admirar Jesus, mas,
realmente, é preciso reconhecer nele um homem de ação que possui uma força
transformadora, que jamais objetivava a própria promoção, ou que estivesse a serviço
de alguma ideologia ou com uma visão preconceituosa do mundo. Ele não era um
ativista qualquer que desejava mostrar sua importância. Os que nele confiavam não
era por causa de um falso messianismo, mas por seu valor pessoal de Filho de
Deus, Salvador dos homens. Sua atividade provinha, paradoxalmente dos instantes
que Ele reservava para sua prece. Como para o próprio o Cristo, o evangelizador
por excelência, a oração tinha um papel estratégico. É fortalecido pela sua
união com Deus, vivificada em momentos especiais, que o batizado recebe a força
para com Jesus sair à procura de quem dele está longe. Cumpre como Cristo
dividir bem o tempo entre a ação e a contemplação. Estar com Deus e
estar com os homens. Muitos evangelizadores se esquecem de imitar Jesus e depreciam
o tempo reservado à oração. É belo ser apóstolo, mas não se pode esquecer o
valor do tempo reservado para uma união especial com Deus. É a exemplo de Jesus
equilibrar trabalho ativo e instante sagrado contemplativo. a hora da devoção.
São Francisco de Assis ensinava que “é preciso trabalhar fielmente sem extinguir
o espírito da santa prece e da devoção”. Como fazia Jesus, e vimos isto claramente
também no Evangelho de hoje, há necessidade de que cada um se organize bem,
dividindo as tarefas diárias. Era por isto que Jesus mostrou se entregar às
mais diversas tarefas sem descurar nenhuma delas, dando grande realce às
práticas devocionais. Lição importante para aqueles que trabalham
frequentemente para Deus, mas que nem sempre pedem a Ele suas luzes e forças sobrenaturais,
procurando saber exatamente o que Ele quer que se faça. Além do mais, a ida de
Jesus para outros lugares com seus discípulos é algo a ser mentalizado. Jesus
em Cafarnaum e seus derredores tinha grande notoriedade, mas isto não
interessava ao seu projeto de a muitos outros levar a Boa Nova, Jesus era o
servidor da Palavra divina, servidor universal das almas e não procurava nunca
sua glória, seu proveito pessoal No mais profundo de si mesmo ser sobretudo um
servidor das almas a serem remidas deve ser o ideal de seu discípulo. Saber não
ser em si mesmo senão um servidor, eis todo o s segredo do discipulado. Para
isto se faz necessário estar na dependência de Deus e ao serviço das almas,
esquecendo todas as vantagens pessoais. Em tudo, portanto, imitar Jesus * Professor no Seminário de Mariana durante 40
anos.
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