A SANTIDADE DE JESUS
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho
O
próprio espírito do mal, o demônio, reconheceu a santidade de Jesus: “Sei quem
tu és, o santo de Deus” (Mac 1, 21-28). Segunda Pessoa da Trindade Santa, que
se fez homem e habitou entre nós é Ele então gloriosamente aclamado nas Missas:
Só vós sois o Santo, só vós sois o
Senhor, só vós sois o Altíssimo, Jesus Cristo, com o Espírito Santo
na glória de Deus Pai”. Já no Antigo Testamento, quando se falava da santidade
de Deus, se proclamava a majestade divina, deixando clara a distância entre o
Criador e suas criaturas. Santidade, porém refletida sobre todas as coisas
criadas, tudo tendo um caráter sagrado por ser uma ação de Deus. Esta santidade vista também como uma
plenitude de vida oferecida aos seres racionais, abrindo-se Deus à comunhão com
eles. Possuído da plenitude desta santidade, Jesus, que a todos impressionava
pelos seus milagres e pela sublimidade de sua doutrina, provocou a famosa
aclamação do próprio satanás na sinagoga de Cafarnaum. É que impressionantes
eram, de fato, as obras e a palavra de Jesus e diante de sua santidade até as
forças do mal se viram forçadas a proclamar tal verdade. Jesus estava, de fato,
repleto daquela santidade que vem de Deus e que revelava sua divindade. Através
dos tempos o fulgor de sua vida vem contrastando com a autossuficiência humana
e sua palavra viva e poderosa quer sempre penetrar como uma espada do Espirito
até o fundo dos corações, lá no íntimo de cada um, onde se decidem o
acolhimento ou a recusa, o diálogo ou o mutismo, a docilidade ou a rejeição, a
sinceridade ou a dissimulação, a esperança ou o desespero. A santidade de
Jesus, porém, exige de quem O conhece e ama uma doação completa longe de toda
miserável autonomia e soberba. O encontro pleno com Jesus, o Santo de Deus, é
que torna cada um livre ao acolher todo seu esplendor sempre inebriante para
quem se imerge na sua realidade de Filho de Deus. Cumpre, sempre
interrogar ao divino Salvador a cada momento de nossa vida o que Ele quer de
nós e, com coragem e sinceridade, fazer o que Ele pede com a certeza de que sua
santidade conduzirá à própria salvação que deve ser buscada decididamente,
apesar das invectivas do espírito do mal. É preciso, em todas as circunstâncias,
ter em mente ser necessário um crescimento profundo dentro de si de Jesus porque
a compreensão de sua ação demandará reflexão e a significação do bem a ser
realizado não aparece de mediato. Nossa maneira de compreender os apelos
sobrenaturais é marcada profundamente pelo nosso modo como nos conhecemos a nós
mesmo e supõe uma conversão na nossa maneira de pensar, de ver, de ser, que
deve, além do mais, enfrentar os obstáculos do espírito diabólico. Por isto tudo
que se deve fazer necessita ser pesado segundo o seu justo valor, num
afastamento destemido do erro. Os santos aconselham que se deve pensar o que Jesus
faria naquele momento no qual se está em dúvida de como se deve proceder. Vinda, porém a inspiração divina, há
necessidade de segui-la corajosamente. Jesus falava e fala sempre com autoridade e é
com Ele que se vencem as potencias infernais. São Paulo ensinava aos romanos:
“Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; não vos abandoneis às preocupações da
carne para satisfazer suas cupidezes! (Rm 13,14). É que os cristãos devem
trazer Jesus, o Santo de Deus, como uma vestimenta. Eles se esforçam então por imitar suas
qualidade e sua maneira de agir, procurando ostentar, mesmo que
imperfeitamente, a imagem do Mestre divino. Este Apóstolo incitava então a Timóteo
a praticar a palavra de Jesus no meio de muitas provações, com a alegria do
Espirito Santo (1 Tm 1,6-7). Tenhamos, portanto,
sem cessar diante de nós a figura de Jesus, o Santo de Deus, porque Ele mostrou
uma admirável sabedoria e perfeição. Todos os que O ouviram se extasiaram perante sua inteligência.
Multidões ficaram maravilhadas com as palavras que saiam de sua boca. (Lc
4,22). São Pedro proclamaria que Jesus tinha palavras de vida eterna (Jo 6,68). Jesus praticou
todas as virtudes em grau eminente Ressalte-se particlarmente seu imenso
amor para com o Pai e afirmou que o mundo soubesse que ele amava o Pai e que fazia tudo que o
Pai Lhe havia preceituado (Jo 14,21).Sua caridade para com todos O
comoveria profundamente como
ocorreu diante da viúva no o cortejo fúnebre de
Naïm e O faria chorar
ante o túmulo de seu amigo Lázaro, Caridade afetiva, mas também efetiva que O levaria não só a ressuscitar mortos,
como também a curar inúmeros doentes. Sua caridade não era fraqueza, porque Ele
repreendeu os vícios, chamou a atenção dos profanadores do templo. Caridade sem
limites que O levou a dar a vida pela humanidade pecadora. Todos poderiam
contemplar nele um modelo das mais peregrinas virtudes e Ele podia determinar a
todos que O imitassem. Tudo isto porque Jesus era em plenitude o Filho de Deus.
* Professor no Seminário de Mariana
durante 40 anos.
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