segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

 

SEGUIR O CORDEIRO DE DEUS

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

Ao dizer João Batista a dois de seus discípulos que Jesus, que por ali passava, era o Cordeiro de Deus eles puseram a segui-lo. Um deles era André, irmão de Simão Pedro o qual foi por ele levado até Jesus. Foi quando então esse ouviu de Cristo esta sublime proclamação: “Tu es Simão, o filho de João, doravante chamar-te-ás Cefas” que significa pedra” ( Jo 1,35,42). Eram os primeiros apóstolos e entre eles aquele que era a pedra sobre a qual seria edificada a Igreja. Houve desde os primórdios da vida púbica de Jesus a compreensão do significado profundo do Cordeiro de Deus, o Cordeiro pascal da verdadeira libertação, Cordeiro mudo que seria morto em reparação dos pecados do povo, Cordeiro vencedor que iria fazer desaparecer o mal no mundo. Aos dois primeiros Jesus indaga: “Que procurais vós”? Eis aí o início de todo chamado divino, a história de uma trajetória de todos que através dos tempos se tornariam seus discípulos, cristãos e cristãs de todos os tempos e de todas as raças por Ele atraídos. O Mestre divino, porém, nunca se impondo, mas propondo um caminho que leva à vida eterna. Seguir Jesus seria amá-lo vivendo em plenitude sua doutrina, numa adequação completa a suas mensagens celestiais. Trata-se então de um processo de esforço pessoal rumo a uma conversão contínua, numa abertura sincera do coração, estando-se sempre atento às inspirações divinas. Note-se que Jesus indagou aos dois primeiros que se puseram a segui-lo: “Que procurais vós?”. Eles responderam indagando não “Quem és tu?” ou “Donde vens?”  Que segurança nos proporcionas?”  ou “Quais são as condições para poder seguir-te?”. mas perguntando “Mestre, onde moras?”. Como observam alguns exegetas, esta pergunta está repleta de significado, porque Jesus quereria ser visto como um itinerante, pregador da Boa Nova que Ele viera trazer do céu à terra.  Aqueles primeiros discípulos estavam, porém, demonstrando já fidelidade porque era preciso tempo para ter mais oportunidade de escutar aquele Mestre e, assim, poder acompanhá-lo sem tergiversações. Para isto, contudo, era preciso outros encontros com Ele. Tanto isto é verdade que o verbo morar no Evangelho de São João, segundo muitos exegetas, é o verbo da eternidade e de eternidade que se inicia nesta terra onde se começa a viver com Deus uma relação de confiança e amor. Seria com o passar do tempo que André e o outro discípulo compreenderiam que acompanhar Jesus, seria crescer dia a dia numa fé inabalável nele e isto numa dileção diuturna demostrada na prática de tudo que Ele ensinaria. Assim como o Batista mostrou o Cordeiro de Deus aos dois primeiros apóstolos, André O mostraria a Pedro. Depois em circunstâncias especiais outros seriam chamados para a missão apostólica, permanecendo numa liberdade perseverante. O Evangelho de hoje vem então, lembrar a todos os cristãos a responsabilidade de bem saber testemunhar quem é Jesus, o Cordeiro de Deus para que se comece, de fato, uma caminhada na fé no Filho de Deus, o qual se deve procurar conhecer não por mera curiosidade ou encantamento passageiro, mas através de uma convicção profunda de que só Ele tem palavras de vida eterna e isto fruto de um amor intenso para com Ele. É preciso então examinar como temos seguido Jesus, consciente de sua importância decisiva na vida de cada um. Quem de fato pode dizer com São Paulo “já não sou  quem vive, é Cristo quem vive o em mim” porque, realmente, O segue em plenitude, sente a urgência de O proclamar ao próximo e aos amigos. Verifica-se então uma experiência comunitária, uma experiência de Igreja, experiência que se torna contagiosa e profunda. Cumpre, deste modo, verificar até onde tem sido efetiva nossa capacidade pessoal de transmitir aos outros o nosso amor a Jesus e como é bom O seguir sempre por toda parte. É preciso levar até o Cordeiro de Deus aqueles que se acham longe dele para que Ele lance sobre eles o seu olhar que os vai fazer mudar de atitude numa transformação profunda de vital importância para a espiritualidade eclesial. São inúmeros os que procuram um mestre, uma direção através do testemunho de quem teve a felicidade de chegar até Jesus, levados também a Ele por alguém que O conhecia do fundo do coração, como ocorreu com os primeiros apóstolos. Todo cristão deve sentir a necessidade e o dever de dedicar-se ao apostolado e de contribuir, na medida do possível, para com os movimentos catequéticos paroquiais, se não quer se expor ao perigo de que sua vida espiritual se torne estéril. É grande honra servir a Igreja fazendo crescer nela o número daqueles que conhecem, amam e servem o divino Salvador, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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