01 IMPORTÂNCIA DA CONVERSÃO E DA FÉ
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Ao
voltar para a Galileia, Jesus, anunciando a proximidade do reino de Deus, foi
claro: “Convertei-vos e crede no Evangelho”, (Mc 14-20). Ele era o Emanuel,
Deus conosco, que tendo se encarnado, se tornara ainda mais próximo dos homens que
Ele viera salvar, mostrando-lhes como obter esta salvação. Conversão e fé
seriam meios para que não fosse inútil sua obra redentora. Pela conversão se
entende o retorno sincero a Deus, numa caminhada de arrependimento dos erros,
do reconhecimento da própria miséria e numa total confiança na misericórdia
divina. Isto incluindo firme decisão de um caminhar continuo nas trilhas da
perfeição, não obstante as dificuldades exteriores e interiores. No caminho da
conversão é, entretanto, a fé na verdade do Evangelho que permite avançar
corajosamente na santidade existencial. Trata-se de uma orientação que o Filho
de Deus traçou para os seres humanos, uma vocação de todos os homens e
mulheres. Já no Levítico Deus havia determinado: “Sede santos porque eu sou santo”
(Lev 20,26). A busca perseverante desta perfeição implica uma conversão, uma
mudança de quem possui a graça santificante para um agir cada vez mais em
adequação com a vontade divina. A conversão implica, portanto, uma atitude que
exclui peremptoriamente a situação de um cristão medíocre exigindo continuamente ações fervorosas até a chegada
ao céu. Para isto o cristão deve cultivar a fé todos os dias de sua vida aqui
na terra. Isto supõe crer no Evangelho com todas as potências do ser de cada
um, com toda a sua alma, com todo o seu coração, com toda a sua inteligência. Trata-se
do ser humano numa adesão completa com o seu Deus três vezes santo. Crer
profundamente, de verdade. Um engajamento pessoal total nas três pessoas
santíssimas às quais se entrega sem reservas, apesar das fraquezas e dúvidas de
quem é humano, frágil. É o relacionamento entre um Deus infinitamente perfeito e
o homem criatura limitada. Esta, contudo, pode dizer ao Ser Supremo que crê na
sua bondade sem limites e que deposita nele toda sua esperança. É de se notar
que quando Jesus proclama o Evangelho de Deus Ele apela, de fato, para uma
crença inabalável mesmo diante da violência dos poderosos como ocorreu com São João
Batista. Não se trata de um mundo de ilusões no qual tudo é belo, tudo é
tranquilo. Converter-se e crer no meio de muitos descrentes que duvidam e
desprezam as verdades reveladas mais preocupados com as coisas terrenas e
passageiras, com tudo que é material, ignorando as verdades sobrenaturais.
Conversão e fé num mundo no qual reina a virtude e o pecado, uniões e
antagonismos, o joio e o trigo. Cumpre, então, estar atento às inspirações do
divino Espírito Santo sempre a lembrar que é em função do Reino de Deus que o
verdadeiro cristão deve viver, santificando-se continuamente à luz da fé,
jamais traindo a Boa Nova de Deus. Isto implica um rompimento corajoso com tudo
que vai de encontro aos sagrados mandamentos da Lei divina, tendo em mente
também a mudança de uma sociedade para que seja impregnada com tudo que está na
Palavra revelada que se acha na Bíblia, a qual deve penetrar fundo no coração
de quem crê por meio do bom exemplo e da demonstração de como é feliz quem se
alegra no seu Senhor. A luta é sem tréguas contra os obstáculos, os ídolos e
demônios que tentam perturbar quem quer viver intimamente unido a seu Deus.
Tudo isto num mundo em que somos vítimas de moléstias, feridas mais ou menos
graves, mas que exigem destemor para que nunca se afaste do caminho da
conversão e da fé. Somos todos sempre
responsáveis ou cúmplices pelo bem ou pelo mal, devendo, portanto, ser afastado
todo egoísmo e enfermidade espiritual fruto dos ídolos de um mundo que endeusa
o dinheiro, o sexo, a moda, o domínio, o desejo desregrado do sucesso a
qualquer preço, apreciando a vaidade, o tempo malbaratado, as horas inutilmente
passadas, a busca de um conforto desnecessário. É preciso vencer as nossas indiferenças
ou submissões aos vícios. O Evangelho de hoje clama, realmente, que se rompa,
se fuja de tudo isto. Trata-se da libertação de tudo que torna o cristão
escravo da maldade, da perversidade. Atitude consciente para poder acolher os
dons de Deus. Assim, é de vital importância agir unido a Deus, pois se trata de
agir corretamente para não ver comprometida a própria salvação eterna e a
autêntica felicidade. É desta maneira que se obtém o desejável júbilo interior,
porque é Deus que estará agindo dentro coração de quem Lhe é fiel. Disponibilidade e prontidão devem então
marcar a existência do cristão que está convencido de que crer é responder e
corresponder ao apelo divino. Daí a necessidade de conhecer sempre mais Jesus
para caminhar colocando nossos passos nos passos do Mestre divino nesta
conversão de todos os instantes, firmes na fé em tudo que Ele ensinou. * Professor no Seminário de Mariana durante
40 anos.
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