CARIDADE FRATERNA
Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho*
Preciosas
normas deixou o Mestre divino sobre a correção fraterna (Mt 18-15-20). É que o
amor de Deus se concretiza no desejo de acolher todos os homens, de lhes
oferecer a salvação, abrindo-lhes as portas do céu. .A responsabilidade individual
e coletiva é difundir este convite para a vida eterna. o projeto de salvação, de comunhão da vida divina deve levar
a quem está no mau caminho a se emendar e isto através de um apostolado fecundo
e frutuoso. Afiança então Jesus: “Se ele te ouvir, terás ganho o teu irmão”. Amar
para Deus é salvar, pois Ele deseja o bem do homem, sua felicidade, servindo-se
de cada circunstância para oferecer ocasião de aprimoramento espiritual. Donde
a corresponsabilidade visando o bem dos irmãos, manifestada por um cuidadoso
interesse pelo outro, inclusive até através da advertência oportuna, para que
em tudo seja feita sempre a vontade do Altíssimo Senhor. O objetivo é o
interesse fundamental do outro. Quando isto ocorre, e dois ou três estão reunidos
em nome de Jesus, Ele está no meio deles, como deixou claro o Salvador. Com as
luzes divinas se chega à união das vontades, tendo como fim último fazer em tudo
os desígnios do Senhor. Todo cuidado, porém, é pouco para não deturpar o que se
deve oferecer como orientação àquele que precisa de uma direção correta, longe
de qualquer anormalidade, visando sempre a adesão do próximo para encontrar o
bom comportamento. Isto sem manipular o irmão ou a irmã dos quais se espera um
novo modo de agir na observância do decálogo sagrado. Isto também sem julgar
abruptamente seja quem for. Para tanto é preciso seguir os critérios de Jesus.
Em primeiro lugar, abordar o outro, se há uma verdadeira falta a ser corrigida,
a qual impede a união com Deus. Donde ser sempre necessário o diálogo para
verificar onde há, de fato, um erro intencional. Não se deve nunca acusar fortuitamente o próximo
que pode estar no erro por ignorância. Além disto, Jesus pede que, se for o
caso, a correção fraterna se dê na Igreja, isto é, diante de várias testemunhas
criteriosas, isto para que se evite qualquer subjetividade. Finalmente, é
indispensável uma prece ardente para que se faça o que realmente é da vontade
divina. Assim sendo, se dará o que garantiu Jesus: “Onde estão dois ou três
reunidos em meu nome eu estou no meio deles”. Seguindo estas normas estabelecidas pelo Filho
de Deus, por ter ido à fonte da verdade da qual ninguém é proprietário, enorme
o bem que sempre se pode fazer sem melindrar seja quem for. Quem assim foi
tocado pela graça se torna capaz de acolher a luz de Deus, vendo nela o fulgurante
caminho do amor. Ao empregar estes três critérios acima fixados os cristãos
estão exercendo seriamente suas relações mútuas com toda proficiência. O diálogo
como primeiro passo para reconciliação e a paz. Jesus nos lembra que não
podemos deixar o próximo se perder sem lhe dizer uma palavra aceitável.
Trata-se, prudentemente, de um velar sobre o outro, não apenas dentro das
comunidades cristãs, mas também delas se estendendo às famílias, aos amigos,
aos colegas de trabalho. Por causa da fé em Cristo o seu discípulo é introduzido
numa experiência de Deus, como acontecia com Jesus com o Pai. Aí está uma das
originalidades do cristianismo e sua riqueza incomparável. Esta fé configura
cada batizado a Cristo. Os cristãos formam um grupo organizado rumo à Casa do
Pai. Por isto todos devem se interpelar mutuamente, quando for necessário, mas
também tendo coragem de desculpar quem errou, porque só Deus é perfeito e dado
que tudo deve ser feito por amor deste Deus digno de ser amado sobre todas as
coisas. Vivendo na presença de Deus numa prece contínua, é possível irradiar
felicidade para todos e em todas as circunstâncias com palavras acertadas,
maneiras fidalgas e prudência em tudo. A quem fervorosamente O invoca o Divino
Espírito Santo esclarece e impulsiona a adquirir o hábito da caridade fraterna
com doçura e compaixão para salvação de quantos o rodeiam. Podem surgir falhas na dileção a Deus e ao
próximo, entretanto, quem se esmera em crescer na caridade, breve, vê estas
fraquezas se consumirem no fogo de um amor sincero. Passa a reinar no fundo da
alma profunda paz, fruto de tudo que Jesus ensinou e foi meditado também no
Evangelho de hoje. * Professor no Seminário de
Mariana durante 40 anos.
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