segunda-feira, 31 de agosto de 2020

CARIDADE FRATERNA

 

CARIDADE FRATERNA

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Preciosas normas deixou o Mestre divino sobre a correção fraterna (Mt 18-15-20). É que o amor de Deus se concretiza no desejo de acolher todos os homens, de lhes oferecer a salvação, abrindo-lhes as portas do céu. .A responsabilidade individual e coletiva é difundir este convite para a vida eterna. o projeto de salvação, de comunhão da vida divina deve levar a quem está no mau caminho a se emendar e isto através de um apostolado fecundo e frutuoso. Afiança então Jesus: “Se ele te ouvir, terás ganho o teu irmão”. Amar para Deus é salvar, pois Ele deseja o bem do homem, sua felicidade, servindo-se de cada circunstância para oferecer ocasião de aprimoramento espiritual. Donde a corresponsabilidade visando o bem dos irmãos, manifestada por um cuidadoso interesse pelo outro, inclusive até através da advertência oportuna, para que em tudo seja feita sempre a vontade do Altíssimo Senhor. O objetivo é o interesse fundamental do outro. Quando isto ocorre, e dois ou três estão reunidos em nome de Jesus, Ele está no meio deles, como deixou claro o Salvador. Com as luzes divinas se chega à união das vontades, tendo como fim último fazer em tudo os desígnios do Senhor. Todo cuidado, porém, é pouco para não deturpar o que se deve oferecer como orientação àquele que precisa de uma direção correta, longe de qualquer anormalidade, visando sempre a adesão do próximo para encontrar o bom comportamento. Isto sem manipular o irmão ou a irmã dos quais se espera um novo modo de agir na observância do decálogo sagrado. Isto também sem julgar abruptamente seja quem for. Para tanto é preciso seguir os critérios de Jesus. Em primeiro lugar, abordar o outro, se há uma verdadeira falta a ser corrigida, a qual impede a união com Deus. Donde ser sempre necessário o diálogo para verificar onde há, de fato, um erro intencional.  Não se deve nunca acusar fortuitamente o próximo que pode estar no erro por ignorância. Além disto, Jesus pede que, se for o caso, a correção fraterna se dê na Igreja, isto é, diante de várias testemunhas criteriosas, isto para que se evite qualquer subjetividade. Finalmente, é indispensável uma prece ardente para que se faça o que realmente é da vontade divina. Assim sendo, se dará o que garantiu Jesus: “Onde estão dois ou três reunidos em meu nome eu estou no meio deles”.  Seguindo estas normas estabelecidas pelo Filho de Deus, por ter ido à fonte da verdade da qual ninguém é proprietário, enorme o bem que sempre se pode fazer sem melindrar seja quem for. Quem assim foi tocado pela graça se torna capaz de acolher a luz de Deus, vendo nela o fulgurante caminho do amor. Ao empregar estes três critérios acima fixados os cristãos estão exercendo seriamente suas relações mútuas com toda proficiência. O diálogo como primeiro passo para reconciliação e a paz. Jesus nos lembra que não podemos deixar o próximo se perder sem lhe dizer uma palavra aceitável. Trata-se, prudentemente, de um velar sobre o outro, não apenas dentro das comunidades cristãs, mas também delas se estendendo às famílias, aos amigos, aos colegas de trabalho. Por causa da fé em Cristo o seu discípulo é introduzido numa experiência de Deus, como acontecia com Jesus com o Pai. Aí está uma das originalidades do cristianismo e sua riqueza incomparável. Esta fé configura cada batizado a Cristo. Os cristãos formam um grupo organizado rumo à Casa do Pai. Por isto todos devem se interpelar mutuamente, quando for necessário, mas também tendo coragem de desculpar quem errou, porque só Deus é perfeito e dado que tudo deve ser feito por amor deste Deus digno de ser amado sobre todas as coisas. Vivendo na presença de Deus numa prece contínua, é possível irradiar felicidade para todos e em todas as circunstâncias com palavras acertadas, maneiras fidalgas e prudência em tudo. A quem fervorosamente O invoca o Divino Espírito Santo esclarece e impulsiona a adquirir o hábito da caridade fraterna com doçura e compaixão para salvação de quantos o rodeiam.  Podem surgir falhas na dileção a Deus e ao próximo, entretanto, quem se esmera em crescer na caridade, breve, vê estas fraquezas se consumirem no fogo de um amor sincero. Passa a reinar no fundo da alma profunda paz, fruto de tudo que Jesus ensinou e foi meditado também no Evangelho de hoje. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

 

 

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