PEDRO CONFESSA A MESSIANIDADE E A
DIVINDADE DE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho*
Fato marcante na
trajetória de Jesus neste mundo foi o ato de fé de Pedro (Mt, 13-20). O Mestre
divino passa a instruir aqueles que Ele escolhera como apóstolos, preparando-os
também para receber a sua paixão, morte e ressurreição. Sua indagação foi
profundamente pedagógica: “Quem dizem os homens que é o Filho do homem?”. Pela
primeira resposta ficou claro que havia várias opiniões. Muitos O comparando
com personagens já conhecidos. Pedro, porém, ao afirmar categoricamente que
Jesus era o Filho de Deus mereceu o elogio de Cristo, dado que isto lhe fora
revelado pelo Pai que está no céu. Estava, portanto se abrindo à boa nova que Ele
trouxera do seio da Trindade Santa. Diante da abertura de Pedro a esta verdade
extraordinária Jesus afirma que ele Pedro era a pedra sobre a qual Ele
edificaria sua Igreja. Grande honra para quem era pecador e pescador, mas que
na escola de Cristo consolidaria sua crença na messianidade e divindade do
Messias prometido. Pedro era a pedra angular, de fundação e sobre ela os
cristãos seriam pedras vivas inseridas na construção divina, a Igreja de Jesus,
e que estariam sempre fascinados pela sua grandeza. Eis aí o papel dos cristãos
através dos tempos, ou seja, irradiar por toda parte a luminosidade de Cristo,
o Salvador. Como São Pedro todos, porém, sempre atentos às mensagens traçadas
por Aquele que é a Verdade e a Vida. Isto é compreender plenamente a própria
missão de cada um dentro da Igreja, onde quer que se esteja. Deste modo, o
batizado se torna uma bênção para toda a sociedade. È que assim os exemplos, as
palavras, os gestos do cristão se tornam consistentes, farol a iluminar,
caminho a trilhar. Deste modo se age contra a imprevisibilidade, o caos e a
incerteza das horas, dos meses e dos anos. Aos apóstolos Jesus transmitiu
diretamente sua maneira de ser, de viver, de se comportar para se estar ligado
ao mistério de Deus. São Pedro foi aquele que ultrapassou “a carne e o sangue”,
reconhecendo ser Jesus Filho de Deus, o prometido do Pai, recebendo-O
integralmente com todos os seus dons. Então, sim, o batizado se torna capaz de
difundir a Boa Nova por toda parte. De discípulo cumpre se tornar um apóstolo
do Senhor Jesus. Deve-se sempre acentuar que a grandeza com a qual Cristo
revestiu Pedro neste episódio não foi um posto de poder, mas de serviço. A
missão de Pedro e dos doze Apóstolos seria a de abrir as portas do céu para
todos. Entretanto, o papel de Pedro era bem o símbolo da unidade da Igreja: “Tu
és Pedro e sobre esta pedra eu edificarei a minha igreja”. A ele todos os
cristãos estariam unidos. A unidade é importante porque é comunitariamente que
os cristãos participam da vida do Reino, sendo o “povo de Deus” como o Concilio
Vaticano II definiu a Igreja. Fora desta unidade surgem a atrofia da fé e seu
desaparecimento. Unidos a Pedro é que se pratica a justiça, a fraternidade, a
hospitalidade, o respeito aos outros. Daí é que surgem os promotores da paz, da
não violência, da tolerância mútua. Donde também a consistência da fidelidade
às exigências e ensinamentos do Evangelho. O importante na vida do cristão é
não apenas acreditar, mas também ser acreditável, ou seja, suas obras correspondendo
sempre ao que ele acredita. É isto inclusive que será cobrado de cada um ao
chegar ao julgamento divino após sua morte. O cristianismo oferece uma grande
esperança, mas estaabelece normss evangélicas postas pelo seu Fundador e
pregadas por Pedro e os demais apóstolos. A questão essencial levantada por Cristo,
isto é, “quem dizem os homens que é o Filho do homem”, determinará o tipo de
cristão que cada um de fato é, foi e será. O importante é o lugar que Jesus
ocupa na existência de seu seguidor, marcando seu coração e sua inteligência. É
Jesus quem deve ter prioridade dentro do espírito do fiel e não os agentes dos meios
de comunicação social que erroneamente tantas vezes se tornam os mestres
daquele que diz crer no Filho de Deus. Neste caso, portanto, “a carne e o
sangue” tendo a primazia. Bem-aventurado, porém, somente aquele que com Pedro
faz corretamente seu ato de fé, pois este é quem segue a revelação do Pai. Os homens
não devem jamais dizer a última palavra sobre o que Jesus ensinou, pois os
conceitos humanos não fazem outra coisa senão desfigurar a grandeza da doutrina
do divino Salvador. * Professor no Seminário
de Mariana durante 40 anos.
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