segunda-feira, 7 de setembro de 2020

 PERDOAR SEMPRE

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

1.      O Apóstolo Pedro fez a Jesus uma indagação concreta: “Senhor, se meu irmão pecar contra mim, quantas vezes lhe devo perdoar? Até sete vezes”? (Mt 18,21-35). O Mestre divino respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete, ou seja, indefinidamente. Tratava-se de uma falta cometida por uma pessoa próxima e não de uma reconciliação numa situação comunitária. Referia-se a um fato concreto, pessoal.  Era uma questão não teórica, mas um fato real, causado por alguém próximo do ofendido As faltas e os pecados das pessoas com as quais se tem maior ligação, as quais mais se amam, ferem muito mais do que as injúrias e ofensas em geral recebidas no dia a dia. Neste caso é mais difícil administrar o ressentimento. Trata-se então de uma relação mais íntima que ficou conturbada. O apóstolo Pedro acrescentou algo na sua interrogação, ou seja, quantas vezes neste caso se deveria perdoar. Jesus respondeu de uma maneira definitiva, dizendo que não há limites, pois deve-se perdoar sempre. O fundamento deste limite ao perdão Jesus o justifica de maneira indireta narrando a parábola do servo sem misericórdia. Contrastante a atitude do rei que perdoa quem lhe devia uma alta quantia e a perversa atitude de quem fora perdoado pequena soma com relação ao companheiro que pouco lhe devia, encarcerando-o até que pagasse o que devia. Ao tomar conhecimento desta ímpia atitude o senhor   recriminou esta ímpia maneira de agir e o entregou aos algozes até que pagasse tudo. Jesus lançou então seu notável ensinamento: “Assim vos fará também o meu Pai celeste se não vos perdoardes de coração um ao outro”. Deste modo, como Deus perdoa sempre a cada um   suas faltas, do mesmo modo, devemos anistiar o próximo Aquele que recusa perdoar o outro sai do universo do perdão sem limites de Deus. É a consciência do perdão recebido que torna o pecador arrependido capaz de perdoar também o ofensor. Um cristão não pode se dizer discípulo de Jesus se não pratica o perdão à maneira de Deus. Raiva, cólera, furor, ira, eis aí atitudes abomináveis nas quais muitos de obstinam. É após perdoar o irmão ou a irmã pelo mal que fizeram é que se deve suplicar a Deus a clemência, reconhecendo que não há proporção alguma entre o mal praticado pelo próximo e a injúria feita ao Senhor Todo-poderoso. Donde a sublimidade do verdadeiro indulto, pois este será sempre uma atitude humana, superficial, uma sombra diante da absolvição divina. Portanto, perdoar é ir além de tudo que é do homem, ultrapassando a miséria da estreiteza de um ser limitado, imitando a imensidão da generosidade do Criador. Deste modo o homem vai além de si mesmo e passa a realizar o que está na oração que Jesus nos ensinou: “Perdoai nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, portanto, em qualquer circunstância. Um perdão constante, perfeito, sem limites, sempre repetido. Isto é possível se a graça de Deus acompanha sem cessar o verdadeiro discípulo de Jesus, Deve-se então concluir que o perdão é uma atitude vital, na existência cotidiana do cristão. Trata-se de um dos pilares da perfeição cristã. É algo essencial para o verdadeiro discípulo de Cristo. É a mais bela e sublime atitude oferecida pelo Evangelho. Trata-se do tesouro do cristianismo. É um imperativo ao qual nunca se deve eximir quem se diz seguidor doo Filho de Deus. Nem se deve esquecer que a misericórdia e o perdão levam a uma notável capacidade de amadurecimento pessoal. Quando uma pessoa perdoa, ela amadurece e se aperfeiçoa psicológica e espiritualmente. Na medida que alguém guarda rancor, ira, sua vida espiritual e psicológica fica enormemente debilitada. O perdão é o meio necessário para se atingir a paz do coração. Isto implica o abandono do ressentimento e do rancor para com quem nos ofendeu, a renúncia a qualquer tipo de vingança; o esforço para responder o ofensor com bondade, generosidade e amor; rezando por todos os que nos tenham feito algum mal. Jesus quis mostrar que o amor de Deus deve ser imitado e é sem limites.  São Pedro queria uma limitação no gesto do perdão, quando não há cálculos mesquinhos a fazer. Os grandes santos ao se imergirem no braseiro ardente do Coração de Jesus aprenderam dele a amar plenamente, fazendo a experiência luminosa da infinita dileção do Mestre divino. Saibamos multiplicar o perdão e estaremos dando provas de que estamos sempre imitando o Coração de Jesus que é um abismo de amor. *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

2.       SOBRE A SANTA MISSA NO TENPO DA PANDEMIA

3.       Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

4.   Com relação a esta indagação  "como nos preparar e portar para missa virtualmente e se a participação só é válida se acompanhada em tempo real”, cumpre, de fato, fazer uma distinção

5.      O Catecismo da Igreja Católica no   §1372 mostra como Santo Agostinho resumiu admiravelmente a doutrina que nos incita a uma participação cada vez mais completa no sacrifício de nosso Redentor, que celebramos na Eucaristia: “Esta cidade remida toda inteira, isto é, a assembleia e a sociedade dos santos, é oferecida a Deus como um sacrifício universal pelo Sumo Sacerdote que, sob a forma de escravo, chegou a ponto de oferecer-se por nós em sua paixão, para fazer de nós o corpo de uma Cabeça tão grande. (...) Este é o sacrifício dos cristãos: "Em muitos, ser um só corpo em Cristo" (Rm 12,5). E este sacrifício, a Igreja não cessa de reproduzi-lo no sacramento do altar bem conhecido pelos fiéis, onde se vê que naquilo que oferece, se oferece a si mesma” Portanto, qualquer modo como se participa da Santa Missa deve ser feito com a máxima fé numa postura digna do mais importante dos exercícios de piedade.

6.     É óbvio que a Missa transmitida pelos meios de comunicação social é válida, embora para o cumprimento do preceito da Missa dominical ou dos dias santos de guarda haja necessidade da presença do fiel na mesma.   São dois aspectos diferentes. Embora o sacrifício do Redentor tenha valor infinito, a capacidade receptora do fiel é limitada e varia conforme o seu grau de fervor. Deste modo, a cada Missa que participa, mais fervores celestes ele usufrui. Sendo a Missa o melhor culto a Deus e a renovação mística do Calvário, ela é a manifestação máxima do louvor à divindade.

Tirar dos dez mil e oitenta minutos de cada semana cerca de quarenta minutos para cultuar a Deus não é muito. Seria mesquinhez pensar o contrário. Esta reflexão tem levado inúmeros católicos a voltarem a cumprir com o seu dever de participar da Missa inteira nos domingos e festas de guarda, o que voltará, por certo, a acontecer assim que passar a pandemia. Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos

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