quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A TURBULÊNCIA POLÍTICA CONTINUA

A TURBULÊNCIA POLÍTICA CONTINUA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho, da Academia Mineira de Letras, cadeira n.12

A crise atual agora envolvendo o Legislativo e o Judiciário é mais um episódio lamentável que vem agitar a história brasileira. Os paradoxos emergentes trazem no seu bojo uma advertência séria. O que deve pesar é a retidão do homem público que precisa sempre usar uma linguagem nobre e não resvale para a vulgaridade. É preciso a aferição da tensão concreta sobre a qual se pode erguer uma verdadeira democracia, Que haja um final honroso deste novo affaire. Além disto, o fato dos escândalos envolvendo políticos continuarem a vir a público, depois de tantas enigmáticas atitudes, é porque houve anteriormente pactuação condenável nas falcatruas que estarrecem o país.  Tais ações levam ao alheamento do que interessa de fato à melhoria das condições de vida dos que sofrem, uma vez que o foco é o julgamento de pessoas que não cumpriram com o seu dever e desviaram o dinheiro público. É mister buscar a verdade social sobre a normativa na conciliação entre o desenvolvimento econômico e o político, respeitada a ética, evitando-se qualquer fraude lesiva à sociedade. É necessário denunciar o binômio perverso expresso tantas vezes pela contradição entre o que se diz na Câmara dos Deputados e no Senado e o que se passa na realidade cotidiana dos brasileiros. Estar vigilante diante das contradições concretas da realidade social para uma diagnose das mensagens que vão fluindo tantas vezes para manipular a opinião pública. Saber captar circuitos interrompidos que ficam embasados pelo jogo de cena, pelas montagens ilusórias, e, inclusive, pelas promessas que nunca foram nem serão cumpridas. Nada de supervalorizar um triunfalismo risível daqueles que se dizem salvadores da sociedade, mas dilapidam o erário público. Não se perca a grade da leitura real dos valores que foram agredidos e que são escondidos numa fala que pode enganar. Os anéis da História não podem ser vistos separados, mas devem poder se ligar sob pena de haver a dilaceração do humano e o ludíbrio das consciências. É aí que o papel do verdadeiro cientista social aparece não se perdendo em análises superficiais e sensacionalistas, mas tirando conclusões profundas de tudo que está ocorrendo sem  acomodação às circunstâncias, sem a distorção dos fatos, sem exceção de pessoas. Que a justiça plena seja feita e que retorne realmente aos cofres da nação todo dinheiro que foi desviado. Que se tomem medidas eficientes para que tanta calamidade não se repita. Estarrecidos ficam os brasileiros quando a imprensa noticia que quantias fabulosas foram bloqueadas nas contas de certos políticos e isto num país com milhões de desempregados e grande parte na miséria. Haja então para o futuro mecanismos que impeçam tanta ganância numa concentração espúria de bens nas mãos de alguns que usurpam o que a todos pertence. 

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