A
TURBULÊNCIA POLÍTICA CONTINUA
Côn. José
Geraldo Vidigal de Carvalho, da Academia Mineira de Letras, cadeira n.12
A crise
atual agora envolvendo o Legislativo e o Judiciário é mais um episódio lamentável
que vem agitar a história brasileira. Os paradoxos emergentes trazem no seu
bojo uma advertência séria. O que deve pesar é a retidão do homem público que
precisa sempre usar uma linguagem nobre e não resvale para a vulgaridade. É
preciso a aferição da tensão concreta sobre a qual se pode erguer uma
verdadeira democracia, Que haja um final honroso deste novo affaire. Além disto,
o fato dos escândalos envolvendo políticos continuarem a vir a público, depois
de tantas enigmáticas atitudes, é porque houve anteriormente pactuação
condenável nas falcatruas que estarrecem o país. Tais ações levam ao alheamento do que
interessa de fato à melhoria das condições de vida dos que sofrem, uma vez que
o foco é o julgamento de pessoas que não cumpriram com o seu dever e desviaram
o dinheiro público. É mister buscar a verdade social sobre a normativa na
conciliação entre o desenvolvimento econômico e o político, respeitada a ética,
evitando-se qualquer fraude lesiva à sociedade. É necessário denunciar o
binômio perverso expresso tantas vezes pela contradição entre o que se diz na
Câmara dos Deputados e no Senado e o que se passa na realidade cotidiana dos
brasileiros. Estar vigilante diante das contradições concretas da realidade
social para uma diagnose das mensagens que vão fluindo tantas vezes para
manipular a opinião pública. Saber captar circuitos interrompidos que ficam
embasados pelo jogo de cena, pelas montagens ilusórias, e, inclusive, pelas
promessas que nunca foram nem serão cumpridas. Nada de supervalorizar um
triunfalismo risível daqueles que se dizem salvadores da sociedade, mas
dilapidam o erário público. Não se perca a grade da leitura real dos valores
que foram agredidos e que são escondidos numa fala que pode enganar. Os anéis
da História não podem ser vistos separados, mas devem poder se ligar sob pena
de haver a dilaceração do humano e o ludíbrio das consciências. É aí que o
papel do verdadeiro cientista social aparece não se perdendo em análises
superficiais e sensacionalistas, mas tirando conclusões profundas de tudo que está
ocorrendo sem acomodação às
circunstâncias, sem a distorção dos fatos, sem exceção de pessoas. Que a justiça
plena seja feita e que retorne realmente aos cofres da nação todo dinheiro que
foi desviado. Que se tomem medidas eficientes para que tanta calamidade não se
repita. Estarrecidos ficam os brasileiros quando a imprensa noticia que
quantias fabulosas foram bloqueadas nas contas de certos políticos e isto num país
com milhões de desempregados e grande parte na miséria. Haja então para o
futuro mecanismos que impeçam tanta ganância numa concentração espúria de bens
nas mãos de alguns que usurpam o que a todos pertence.
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