SIMBOLOS DOS
EVANGELISTAS E OBJETIVO DE SEUS ESCRITOS
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A representação dos quatro
evangelistas tem base na própria Bíblia.
Há
no Apocalipse alusão a quatro seres vivos que glorificavam a Deus. Diz São João
na sua visão: “O primeiro animal vivo
assemelhava-se a um leão; o segundo a um touro; o terceiro tinha um rosto como
de um homem, e o quarto parece-se com
uma águia a voar. [...] Não descansam
dia e noite dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Onipotente, aquele o que era, é e há de vir” (Ap 4,7-8).
É
a o mesmo número e a mesma denominação dos “seres” que o Profeta Ezequiel viu sustentarem
o trono de Deus. (Ez 1,5-10). Porque os quatro animais passaram foram adjudicados
aos Evangelistas é clara a explicação de São Gregório Magno: “Que na
verdade estes quatro animais alados simbolizam os quatro santos evangelistas, é
o que demonstra o próprio início de cada um destes livros dos evangelhos.
Mateus é corretamente simbolizado pelo homem porque ele inicia com a geração
humana; Marcos é corretamente simbolizado pelo leão, porque inicia com o clamor
no deserto; Lucas é bem simbolizado pelo bezerro, porque começa com o
sacrifício; João é simbolizado adequadamente pela águia, porque começa com a
divindade do Verbo, dizendo: 'No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto
de Deus, e o Verbo era Deus' (Jo 1, 1), e assim tem em vista a substância
divina, fixando o olhar no sol à maneira de uma águia", Portanto a iconografia
cristã se acha bem fundamentada. O
principal, porém, é saber que “o Evangelho é a força de Deus para a salvação de
todo aquele que crê. Porque nele a justiça de Deus se revela da fé para a fé,
conforme está escrito: O justo viverá da fé”, como explicou São Paulo (Rom16-17).
Cada evangelista teve um escopo.
Mateus objetivava mostrar que
Jesus é o Messias, o Filho de Davi, anunciado no Antigo Testamento e
ansiosamente esperado, mas rejeitado pelos judeus.
Marcos intenta focalizar
Cristo também como Messias, mas dá ênfase à sua filiação e missão divinas.
Lucas é claro quanto ao fim
que teve em vista: “Muitos se propuseram escrever uma narração dos fatos que
acontecem entre nós, como nos transmitiram o que deles foram testemunhas
oculares desde o começo e, depois de ter investigado cuidadosamente tudo desde
as origens, eu também resolvi te escrever um relato com ordem e sequência, para
que tenhas na devida conta a solidez dos ensinamentos que recebestes oralmente”
(1,1-4).
João também deixou o móvel de
seu escrito; “Jesus fez ainda, na presença dos discípulos, muitos outros
milagres que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para
que creais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, acreditando, tenhais vida
no seu nome” (20,30-31).
Nota Lavergne no seu livro Synopse
des Quatre Évangiles que “Mateus escuta e
argumenta; Marcos observa e narra; Lucas examina e expõe; João reflete e
comunica”.
Por isto mesmo se pode dizer que Mateus é o
evangelho dos sermões; Marcos o texto dos eventos; Lucas a boa nova do gáudio
cristão e João a carta dos sinais da glória de Cristo.
Os Evangelhos são os livros
mais valiosos do mundo, pois “nos colocam na presença do magistério de Cristo e
permitem provar a autoridade divina deste magistério pelos milagres e
cumprimento das profecias. Estes mesmos documentos, além disto, mostram a
importância do magistério da Igreja e os caracteres especiais, incomunicáveis
que o distinguem”9. A beleza de suas páginas jamais foram igualadas.
Seu conteúdo responde plenamente às mais profundas inquirições do espírito
humano.
·
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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