terça-feira, 14 de junho de 2016

SIMBOLOS DOS EVANGELISTASS E OBJETIVO DE SEUS ESCRITOS

SIMBOLOS DOS EVANGELISTAS E OBJETIVO DE SEUS ESCRITOS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A representação dos quatro evangelistas tem base na própria Bíblia.
              Há no Apocalipse alusão a quatro seres vivos que glorificavam a Deus. Diz São João na sua visão: “O primeiro  animal vivo assemelhava-se a um leão; o segundo a um touro; o terceiro tinha um rosto como de um homem, e o quarto parece-se  com uma águia a voar. [...]  Não descansam dia e noite dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Onipotente, aquele  o que era, é e há de vir” (Ap 4,7-8).
              É a o mesmo número e a mesma denominação dos “seres” que o Profeta Ezequiel viu sustentarem o trono de Deus. (Ez 1,5-10). Porque os quatro animais passaram foram adjudicados aos Evangelistas é clara a explicação de São Gregório Magno: “Que na verdade estes quatro animais alados simbolizam os quatro santos evangelistas, é o que demonstra o próprio início de cada um destes livros dos evangelhos. Mateus é corretamente simbolizado pelo homem porque ele inicia com a geração humana; Marcos é corretamente simbolizado pelo leão, porque inicia com o clamor no deserto; Lucas é bem simbolizado pelo bezerro, porque começa com o sacrifício; João é simbolizado adequadamente pela águia, porque começa com a divindade do Verbo, dizendo: 'No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus' (Jo 1, 1), e assim tem em vista a substância divina, fixando o olhar no sol à maneira de uma águia", Portanto a iconografia cristã se acha bem fundamentada. O principal, porém, é saber que “o Evangelho é a força de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Porque nele a justiça de Deus se revela da fé para a fé, conforme está escrito: O justo viverá da fé”, como explicou São Paulo (Rom16-17). Cada evangelista teve um escopo.
Mateus objetivava mostrar que Jesus é o Messias, o Filho de Davi, anunciado no Antigo Testamento e ansiosamente esperado, mas rejeitado pelos judeus.
Marcos intenta focalizar Cristo também como Messias, mas dá ênfase à sua filiação e missão divinas.  
Lucas é claro quanto ao fim que teve em vista: “Muitos se propuseram escrever uma narração dos fatos que acontecem entre nós, como nos transmitiram o que deles foram testemunhas oculares desde o começo e, depois de ter investigado cuidadosamente tudo desde as origens, eu também resolvi te escrever um relato com ordem e sequência, para que tenhas na devida conta a solidez dos ensinamentos que recebestes oralmente” (1,1-4).  
João também deixou o móvel de seu escrito; “Jesus fez ainda, na presença dos discípulos, muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, acreditando, tenhais vida no seu nome” (20,30-31).
Nota Lavergne no seu livro Synopse des Quatre Évangiles que “Mateus escuta e argumenta; Marcos observa e narra; Lucas examina e expõe; João reflete e comunica”.
 Por isto mesmo se pode dizer que Mateus é o evangelho dos sermões; Marcos o texto dos eventos; Lucas a boa nova do gáudio cristão e João a carta dos sinais da glória de Cristo.
Os Evangelhos são os livros mais valiosos do mundo, pois “nos colocam na presença do magistério de Cristo e permitem provar a autoridade divina deste magistério pelos milagres e cumprimento das profecias. Estes mesmos documentos, além disto, mostram a importância do magistério da Igreja e os caracteres especiais, incomunicáveis que o distinguem”9. A beleza de suas páginas jamais foram igualadas. Seu conteúdo responde plenamente às mais profundas inquirições do espírito humano.
·         Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.










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