CONDIÇÕES
PARA SEGUIR JESUS
Côn.
. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Aos
apelos de Jesus cumpre uma resposta profunda, imediata, sem hesitação, sem um
entusiasmo infundado (Lc 9,57-62).
Nos encontros com o Mestre divino três atitudes são bem exemplificadas
no Evangelho de hoje. Alguém disse a Cristo: “Seguir-te-ei para onde quer que
fores”. Trata-se de um pretensioso porque pensa ser suficiente este desejo,
confiado nas próprias forças, era movido por um entusiasmo passageiro. É logo
alertado, pois os caminhos de Jesus são penosos, dado que “o Filho do homem não
tem onde reclinar a cabeça”. Portanto, seu seguimento exige renúncia aos
confortos exagerados da vida e desapego das riquezas. Os bens materiais não
devem ser endeusados, mas empregados sabiamente como dons advindos de Deus. O
jactancioso orgulho de agir por si só sem confiar na força da graça. Foi o que
aconteceu com São Pedro que antes da Paixão de Jesus afirmara: “Ainda que
tenha de morrer contigo não te negarei”
(Mt 26,14). Foi contudo advertido pelo próprio Cristo: “Nesta mesma noite,
antes de o galo cantar, negar-me-ás três vezes”. Foi o que aconteceu. Portanto,
a primeira condição para ser fiel é uma profunda humildade e o reconhecimento dos
próprios limites. Não basta um arrebatamento momentâneo, mas um total
reconhecimento da necessidade da graça divina. Foi com este auxílio celeste que
depois Pedro pôde afirmar a Cristo que ele muito o amava. A outro personagem, diz o Evangelho de hoje,
Jesus disse: “Segui-me”. Ele, porém, queria primeiro sepultar seu pai. Entretanto, Jesus
respondeu: “Deixa primeiro os mortos sepultarem seus mortos, tu vai anunciar o
reino de Deus”. A lição foi clara, não que Jesus condenasse um filho por
cumprir um dever elementar com relação a seu pai, mas quis mostrar que as
preocupações estritamente familiar não devem fornecer escusas para justificar a
omissão no trabalho evangelizador. Cristo não reprova a piedade filial, mas
quis prevenir os seus seguidores contra todo imobilismo e desvio de um
apostolado evangelizador. Um dever não deve excluir um outro mais imperioso. O
discípulo de Jesus deve ser um evangelizador. Um terceiro personagem queria
primeiro se despedir dos seus parentes e as palavras de Cristo ilustram o que
ele já dissera: “Ninguém que no ato de por a mão no arado, olha para trás, é
apto para o reino de Deus”. Portanto, Cristo quis ensinar que seu seguidor deve
colocar o Evangelho em primeiro lugar. Não se deve nunca colocar as
comemorações familiares acima dos deveres religiosos. É o que acontece tantas
vezes àqueles que, por vezes, deixam de participar da Missa dominical por
motivos inteiramente fúteis e por falta de planejamento de suas obrigações.
Jesus sempre se mostrou obediente a José e Maria em Nazaré, atendeu o pedido de
Maria nas bodas de Caná e no Calvário não a abandonou e mostrou a São João que
deveria cuidar dela como uma mãe. Entretanto, nunca seus laços familiares
colocaram óbice à sua missão evangelizadora. O critério supremo que deve
orientar as decisões de seus discípulos é colocar em primeiro lugar o Reino de
Deus, conciliando assim os deveres familiares e apostólicos. Assim sendclaras
ficaram as condições para acompanhá-lo: não se apegar às coisas materiais,
colocar Deus em primeiro lugar e nunca
olhar para trás. Ele não deixará dúvidas: “Quem quiser ser meu discípulo
renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8,34). São as condições
para um discipulado que conduz à vida feliz na eternidade. São Paulo assim
falou aos filipenses: “Continuo a minha corrida, olhar fixo na meta, rumo à
palma à qual Deus lá do alto me chama em Jesus Cristo” (Fl 3,14). Há condições
para seguir a Jesus e o Evangtelho de hoje oferece coordenadas importantes. Cumpre tomar
decisões sempre imediatas com discernimento e com o coração generoso dado pelo
Espírito Santo. Nada de ser cristão pela metade. É preciso, de fato, uma
conversão profunda, sempre opondo ao medo um grande amor ao Mestre divino,
acompanhando-o por toda parte.. Nuca
retardar o sim dado a Deus, com aconselha o teólogo Pe. Denis Lecompte. Não
sejamos intransigentes João e Tiago que queriam fogo do céu contra os
samaritanos, mas, como discípulos fiéis de Jesus, trabalhemos sempre pela
conversão dos que estão no erro, sendo nós mesmos prestos no seguimento de
Jesus. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário