segunda-feira, 13 de junho de 2016

CONDIÇÕES PARA SEGUIR JESUS

CONDIÇÕES PARA SEGUIR JESUS
Côn. . José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Aos apelos de Jesus cumpre uma resposta profunda, imediata, sem hesitação, sem um entusiasmo  infundado  (Lc 9,57-62).  Nos encontros com o Mestre divino três atitudes são bem exemplificadas no Evangelho de hoje. Alguém disse a Cristo: “Seguir-te-ei para onde quer que fores”. Trata-se de um pretensioso porque pensa ser suficiente este desejo, confiado nas próprias forças, era movido por um entusiasmo passageiro. É logo alertado, pois os caminhos de Jesus são penosos, dado que “o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”. Portanto, seu seguimento exige renúncia aos confortos exagerados da vida e desapego das riquezas. Os bens materiais não devem ser endeusados, mas empregados sabiamente como dons advindos de Deus. O jactancioso orgulho de agir por si só sem confiar na força da graça. Foi o que aconteceu com São Pedro que antes da Paixão de Jesus afirmara: “Ainda que tenha  de morrer contigo não te negarei” (Mt 26,14). Foi contudo advertido pelo próprio Cristo: “Nesta mesma noite, antes de o galo cantar, negar-me-ás três vezes”. Foi o que aconteceu. Portanto, a primeira condição para ser fiel é uma profunda humildade e o reconhecimento dos próprios limites. Não basta um arrebatamento momentâneo, mas um total reconhecimento da necessidade da graça divina. Foi com este auxílio celeste que depois Pedro pôde afirmar a Cristo que ele muito o amava.  A outro personagem, diz o Evangelho de hoje, Jesus disse: “Segui-me”. Ele, porém, queria primeiro  sepultar seu pai. Entretanto, Jesus respondeu: “Deixa primeiro os mortos sepultarem seus mortos, tu vai anunciar o reino de Deus”. A lição foi clara, não que Jesus condenasse um filho por cumprir um dever elementar com relação a seu pai, mas quis mostrar que as preocupações estritamente familiar não devem fornecer escusas para justificar a omissão no trabalho evangelizador. Cristo não reprova a piedade filial, mas quis prevenir os seus seguidores contra todo imobilismo e desvio de um apostolado evangelizador. Um dever não deve excluir um outro mais imperioso. O discípulo de Jesus deve ser um evangelizador. Um terceiro personagem queria primeiro se despedir dos seus parentes e as palavras de Cristo ilustram o que ele já dissera: “Ninguém que no ato de por a mão no arado, olha para trás, é apto para o reino de Deus”. Portanto, Cristo quis ensinar que seu seguidor deve colocar o Evangelho em primeiro lugar. Não se deve nunca colocar as comemorações familiares acima dos deveres religiosos. É o que acontece tantas vezes àqueles que, por vezes, deixam de participar da Missa dominical por motivos inteiramente fúteis e por falta de planejamento de suas obrigações. Jesus sempre se mostrou obediente a José e Maria em Nazaré, atendeu o pedido de Maria nas bodas de Caná e no Calvário não a abandonou e mostrou a São João que deveria cuidar dela como uma mãe. Entretanto, nunca seus laços familiares colocaram óbice à sua missão evangelizadora. O critério supremo que deve orientar as decisões de seus discípulos é colocar em primeiro lugar o Reino de Deus, conciliando assim os deveres familiares e apostólicos. Assim sendclaras ficaram as condições para acompanhá-lo: não se apegar às coisas materiais, colocar Deus em primeiro lugar  e nunca olhar para trás. Ele não deixará dúvidas: “Quem quiser ser meu discípulo renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8,34). São as condições para um discipulado que conduz à vida feliz na eternidade. São Paulo assim falou aos filipenses: “Continuo a minha corrida, olhar fixo na meta, rumo à palma à qual Deus lá do alto me chama em Jesus Cristo” (Fl 3,14). Há condições para seguir a Jesus e o Evangtelho de hoje oferece  coordenadas importantes. Cumpre tomar decisões sempre imediatas com discernimento e com o coração generoso dado pelo Espírito Santo. Nada de ser cristão pela metade. É preciso, de fato, uma conversão profunda, sempre opondo ao medo um grande amor ao Mestre divino, acompanhando-o por toda parte..  Nuca retardar o sim dado a Deus, com aconselha o teólogo Pe. Denis Lecompte. Não sejamos intransigentes João e Tiago que queriam fogo do céu contra os samaritanos, mas, como discípulos fiéis de Jesus, trabalhemos sempre pela conversão dos que estão no erro, sendo nós mesmos prestos no seguimento de Jesus. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário