O
FILHO DA VIÚVA DE NAIM
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Ninguém
havia chamado Jesus para que Ele fosse a Naim e também Ele não recebera nenhuma
informação sobre o sofrimento de uma viúva, pobre mãe que conduzia seu filho
num doloroso cortejo fúnebre (Lc 7, 11-17).
Acompanhado pelos seus discípulos e uma grande multidão, Ele chegou à
cidade de Naim. Ele que ressuscitaria também a filha de Jairo e seu amigo
Lázaro, comovido o seu coração pelo sofrimento de uma angustiada mãe a prantear
a morte de seu filho único, ressuscitaria pela primeira vez um morto. Tal a sua missão nesta terra qual
seja consolar os aflitos e os que choram. Deixou para seus discípulos um
exemplo magnífico para que eles também sempre tivessem compaixão dos
sofredores. Ao ver o séquito dos que acompanhavam um jovem falecido, com suma
ternura ele se dirigiu à viúva padecente com estas palavras: “Não chores”. Consolar e
reconfortar alguém nos momentos dolorosos deveria ser no futuro a conduta de
seus seguidores, mostrando comiseração, sobretudo, quando a morte bate à porta
de alguém, envolto na desolação. Além
disto, prestar homenagens a um falecido e por ele orar é um ato de fé, pois a
alma humana é eterna e se encontra na outra vida e pode ser sufragada pelos
vivos nesta terra. A prece pelos mortos é, igualmente, uma prova de amor, mais
forte que a morte. Após as palavras de lenitivo àquela mãe que chorava, diz São
Lucas que Jesus tocou o esquife com sua mão. São Cirilo de Alexandria explica
este gesto do Salvador como um tributo à
matéria corporal pela qual age o Espírito Santo. Ele ressuscitará aquele jovem,
recebendo novamente aquele corpo sua alma. Isto se aconteceu quando com voz
poderosa Jesus dá esta ordem: ”Jovem, eu te digo, levanta-te!” Além de mostrar
o seu poder divino, Cristo proclama que a juventude é símbolo da vida e não
quer a morte dos jovens por causa das drogas, das imprudências com as motos, de
outras atitudes condenáveis e, sobretudo, não deseja a morte de suas almas causada por qualquer pecado grave. Almeja que os jovens
sejam a alegria de seus pais, de seus irmãos, de toda a sociedade, se dedicando
afincadamente aos estudos para serem ótimos profissionais. Diz São Lucas que
todos em Naim ao presenciaram o milagre
de Jesus a favor daquele moço “glorificavam a Deus dizendo que “um grande
profeta visitou o seu povo”. Um dia, após sua morte, Jesus ressuscitará imortal
e impassível e assim há uma grande diferença entre a ressurreição do filho da
viúva de Naim e a sua ressurreição. A vida que ele restituiu àquele jovem foi
temporária. Jesus, contudo, ressuscitaria para a vida eterna. Ele ressuscitaria
imortal e impassível, não mais sujeito o seu corpo às vicissitudes do tempo e
do mundo material. Como afirmou São Paulo, Cristo ressuscitado não morreria mais
e a morte não teria mais poder sobre Ele. A ressurreição que Ele operou em Naim
era apenas uma imagem de sua ressurreição e esta, sim, seria o penhor da
ressurreição duradoura dos homens após a morte. Deste modo, nós proclamamos
Jesus não apenas como um Profeta, como os habitantes de Naim, mas o Enviado de
Deus que nos garantiria não um suplemento de vida, mas a vida sem fim. Aí o
fundamento da esperança cristã que se enraíza no momento presente, porque Jesus
veio para salvar e, vencedor que é da morte, um dia Ele nos dará a vida em
plenitude, vida integral na ressurreição do último dia. Esta verdade deve
sempre alimentar a fé dos que creem no divino Salvador. Para além das doenças, das
tragédias, das catástrofes, das guerras, da pobreza e de outras calamidades
paira a nossa fé no poder salvador de Jesus. No Evangelho vemos que o cortejo fúnebre se deparou com Ele,
mas Ele era o poderoso vencedor da
morte. Junto dele sempre há reconforto e alegria. A tudo isto se acrescente que
Ele continua contemporâneo de todas as gerações cristãs na Eucaristia. Existe um
liame profundo entre a Eucaristia e a Vida Eterna. Com efeito, Jesus foi claro:
“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão viverá
eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne pela vida do mundo [...] “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia (Jo 6, 51.54). Deste modo, Aquele que ressuscitou
o filho da viúva de Naim ressuscitará
também os que nele creram e O receberam na Eucaristia. Verdades consoladoras!
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário