segunda-feira, 30 de maio de 2016

O FILHO DA VIÚVA DE NAIN

O FILHO DA VIÚVA DE NAIM
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Ninguém havia chamado Jesus para que Ele fosse a Naim e também Ele não recebera nenhuma informação sobre o sofrimento de uma viúva, pobre mãe que conduzia seu filho num doloroso cortejo fúnebre (Lc 7, 11-17).  Acompanhado pelos seus discípulos e uma grande multidão, Ele chegou à cidade de Naim. Ele que ressuscitaria também a filha de Jairo e seu amigo Lázaro, comovido o seu coração pelo sofrimento de uma angustiada mãe a prantear a morte de seu filho único, ressuscitaria pela primeira vez  um morto. Tal a sua missão nesta terra qual seja consolar os aflitos e os que choram. Deixou para seus discípulos um exemplo magnífico para que eles também sempre tivessem compaixão dos sofredores. Ao ver o séquito dos que acompanhavam um jovem falecido, com suma ternura ele se dirigiu à viúva padecente com  estas palavras: “Não chores”. Consolar e reconfortar alguém nos momentos dolorosos deveria ser no futuro a conduta de seus seguidores, mostrando comiseração, sobretudo, quando a morte bate à porta de alguém, envolto  na desolação. Além disto, prestar homenagens a um falecido e por ele orar é um ato de fé, pois a alma humana é eterna e se encontra na outra vida e pode ser sufragada pelos vivos nesta terra. A prece pelos mortos é, igualmente, uma prova de amor, mais forte que a morte. Após as palavras de lenitivo àquela mãe que chorava, diz São Lucas que Jesus tocou o esquife com sua mão. São Cirilo de Alexandria explica este gesto do Salvador como um  tributo à matéria corporal pela qual age o Espírito Santo. Ele ressuscitará aquele jovem, recebendo novamente aquele corpo sua alma. Isto se aconteceu quando com voz poderosa Jesus dá esta ordem: ”Jovem, eu te digo, levanta-te!” Além de mostrar o seu poder divino, Cristo proclama que a juventude é símbolo da vida e não quer a morte dos jovens por causa das drogas, das imprudências com as motos, de outras atitudes condenáveis e, sobretudo,  não deseja a morte de suas almas  causada por  qualquer pecado grave. Almeja que os jovens sejam a alegria de seus pais, de seus irmãos, de toda a sociedade, se dedicando afincadamente aos estudos para serem ótimos profissionais. Diz São Lucas que todos em Naim  ao presenciaram o milagre de Jesus a favor daquele moço “glorificavam a Deus dizendo que “um grande profeta visitou o seu povo”. Um dia, após sua morte, Jesus ressuscitará imortal e impassível e assim há uma grande diferença entre a ressurreição do filho da viúva de Naim e a sua ressurreição. A vida que ele restituiu àquele jovem foi temporária. Jesus, contudo, ressuscitaria para a vida eterna. Ele ressuscitaria imortal e impassível, não mais sujeito o seu corpo às vicissitudes do tempo e do mundo material. Como afirmou São Paulo, Cristo ressuscitado não morreria mais e a morte não teria mais poder sobre Ele. A ressurreição que Ele operou em Naim era apenas uma imagem de sua ressurreição e esta, sim, seria o penhor da ressurreição duradoura dos homens após a morte. Deste modo, nós proclamamos Jesus não apenas como um Profeta, como os habitantes de Naim, mas o Enviado de Deus que nos garantiria não um suplemento de vida, mas a vida sem fim. Aí o fundamento da esperança cristã que se enraíza no momento presente, porque Jesus veio para salvar e, vencedor que é da morte, um dia Ele nos dará a vida em plenitude, vida integral na ressurreição do último dia. Esta verdade deve sempre alimentar a fé dos que creem no divino Salvador. Para além das doenças, das tragédias, das catástrofes, das guerras, da pobreza e de outras calamidades paira a nossa fé no poder salvador de Jesus. No Evangelho  vemos que o cortejo fúnebre se deparou com Ele, mas Ele era o poderoso vencedor  da morte. Junto dele sempre há reconforto e alegria. A tudo isto se acrescente que Ele continua contemporâneo de todas as gerações cristãs na Eucaristia. Existe um liame profundo entre a Eucaristia e a Vida Eterna. Com efeito, Jesus foi claro: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão viverá eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne pela vida do mundo [...]  “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia (Jo  6, 51.54). Deste modo, Aquele que ressuscitou o filho da viúva de Naim  ressuscitará também os que nele creram e O receberam na Eucaristia. Verdades consoladoras! Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.




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