A INQUIETUDE DO BRASILEIRO
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho, da Academia Mineira de Letras
A
inquietude que se apossa do cidadão brasileiro tem uma raiz ontológica
profunda. Com efeito, reina o primado das coisas materiais sobre a pessoa
humana. A corrupção que se instalou endemicamente nos meios governamentais, de
forma irretorquível,
patenteia
a divinização da riqueza e o desprezo para com a dignidade do ser humano. Este
se vê imerso numa sociedade na qual prevalece o interesse pessoal de alguns em
detrimento da maioria. Os meios mais
condenáveis são empregados para o proveito de poucos, enquanto a grande parte da
população jaz na miséria, sufocada numa
estrutura econômica desumana. Isto não apenas por causa dos desvios de somas
fabulosas e processos condenáveis que afundaram o Brasil numa calamidade nunca
vista em sua história, mas também pela incompetência de governantes que se
agarraram ao poder e não reconhecem sua incapacidade gerencial.
Diante
deste quadro lamentável, resoluções decisivas se fizeram necessárias e medidas
foram adotadas democraticamente. O termo golpe então foi cunhado por forças das tensões dos que olham a
própria vantagem e não o bem da República. A vida dos brasileiros está, de
fato, a exigir medidas imediatas operadas por um corpo técnico competente. São
necessários programas que tenham como
ponto de partida a ideia da justiça que impede as deformações que tantos males
causam ao cidadão de hoje. É preciso varrer definitivamente as forças negativas que tendem a predominar
sobre a autêntica justiça A ânsia de se
apossar dos bens que a todos pertencem gera a corrupção com todas as suas
consequências funestas. A corrupção aniquila a sociedade. Entretanto, os que
lutam pela justiça no Brasil necessitam mentalizar que é preciso recorrer às forças bem mais
profundas da grandeza humana que condicionam a própria ordem justa.
Trata-se do verdadeiro humanismo
alicerçado no amor social que plasma a vida humana nas suas várias dimensões. Uma
cultura moral cumpre seja implementada a qual impedirá, por causa do bem comum,
que se extirpe da vida política o verbo furtar, para que a própria justiça não
seja obrigada a exigir a devolução aos cofres públicos das verbas astronômicas
que foram desviadas. O permissivíssimo ético atinge, sobretudo, o setor mais
sensível da sociedade e torna insuportável
a convivência humana. Aí está a razão dos mais bárbaros crimes que se
cometem por toda parte neste país. . É o fenômeno terrível da desumanização. Com “ordem e
progresso”, lema sagrado da bandeira nacional, os verdadeiros patriotas hão de
colocar o país nos rumos certos e a inquietude reinante desaparecerá e tempos
melhores virão. Não se dará mais a crise da verdade nas relações dos
brasileiros entre si e a responsabilidade imperará. Teremos sempre políticos
que não terão uma visão puramente
utilitária pessoal daquilo que pertence a todos.
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