A
IMAGEM DE SANTA RITA E A GUERRA DO PARAGUAI
Côn. José
Geraldo Vidigal de Carvalho*
Viçosa,
cidade famosíssima, exemplo de patriotismo e fé tem a imagem de sua Padroeira,
Santa Rita de Cássia, ligada à Guerra do Paraguai.. Desta urbe já havia
ressoado o grito abolicionista a favor da libertação dos escravos. Destes
sítios maravilhosos partiram também
valentes soldados para a Guerra do Paraguai. De fato, invocada Santa
Rita, sob as bênçãos do Pároco Pe. Manuel Felipe Nery, daqui saíram viçosenses na companhia de
Francisco de Paula Galvão. Autoridades civis e pessoas gradas se fizeram
presentes à partida dos aguerridos soldados com palavras de estímulo e aplauso.
Francisco de Paula Galvão, pacífico mestre-escola, foi logo incorporado como
Tenente ao 17º Batalhão de Voluntários da Pátria. Na épica Retirada da Laguna,
Galvão se fez figura singular. A batalha de Nhandipá, a 11 de maio de 1867, por
sua conduta heroica, lhe consagrou os méritos. Títulos e honrarias proclamaram
seu valor e foi feito Cavalheiro da Ordem da Rosa e Cavalheiro da Ordem de
Cristo, em 1867. Este militar ilustre, abençoado por Santa Rita de Cássia, foi sempre um soldado a
serviço da pátria e repleto de merecimentos, pois passando a servir no 5º
Batalhão de Guardas Nacionais, em Paconé, foi louvado pela subordinação,
inteligência e zelo que revelou e por haver cooperado em manter a disciplina e
apagar a discórdia que ameaçava este batalhão. Símbolo do patriotismo da cidade
de onde partira, pelo Decreto de 2 de março de 1870 foi nomeado Capitão
Honorário do Exército brasileiro. Entretanto, os rapazes que partiram de Viçosa na sua
companhia para defender o Brasil na mencionada Guerra do Paraguai foram realmente protegidos por Santa Rita.
Segundo o relato de Luz Lopes Gomes, Lulinha, fabricante inclusive de macarrão em Viçosa, que
introduzira também aqui a primeira
padaria, entre os que foram com o tenente Galvão estava seu pai José Lopes de Faria Jacob e
Serafim Sant’Anna. Nesta ocasião, Maria
das Dores, Dona Nhanhana, esposa do Capitão José Maria Sant’Anna, fez uma
promessa de que, se voltassem todos vivos da guerra, ela iria mandar buscar na Corte (Rio de Janeiro), a mais
bonita imagem de Santa Rita. Esta pertencia à família Sant’Anna que a doou
posteriormente para a Igreja Matriz. Esta imagem, segundo, Luz Lopes Gomes, custou
na época 36 mil réis e levou 4 meses
para chegar do Rio de Janeiro até Viçosa. É de notar que no século XIX notável a presença de grandes artistas no Rio de Janeiro. Tal circunstância deveu-se
à intenção da própria Coroa portuguesa
em trazer cultura para a região, na ocasião, recém-ocupada pela nobreza. Artistas verdadeiramente
habilidosos. Foi um deles que fez a Imagem de Santa Rita, venerada em Viçosa desde
os idos de 1870. * Da Academia Mineira de
Letras.
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