terça-feira, 10 de maio de 2016

A IMAGEM DE SANTA RITA E A GUERRA DO PARAGUAI

A IMAGEM DE SANTA RITA E A GUERRA DO PARAGUAI
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Viçosa, cidade famosíssima, exemplo de patriotismo e fé tem a imagem de sua Padroeira, Santa Rita de Cássia, ligada à Guerra do Paraguai.. Desta urbe já havia ressoado o grito abolicionista a favor da libertação dos escravos. Destes sítios maravilhosos partiram também  valentes soldados para a Guerra do Paraguai. De fato, invocada Santa Rita, sob as bênçãos do Pároco Pe. Manuel Felipe Nery,  daqui saíram viçosenses na companhia de Francisco de Paula Galvão. Autoridades civis e pessoas gradas se fizeram presentes à partida dos aguerridos soldados com palavras de estímulo e aplauso. Francisco de Paula Galvão, pacífico mestre-escola, foi logo incorporado como Tenente ao 17º Batalhão de Voluntários da Pátria. Na épica Retirada da Laguna, Galvão se fez figura singular. A batalha de Nhandipá, a 11 de maio de 1867, por sua conduta heroica, lhe consagrou os méritos. Títulos e honrarias proclamaram seu valor e foi feito Cavalheiro da Ordem da Rosa e Cavalheiro da Ordem de Cristo, em 1867. Este militar ilustre, abençoado por  Santa Rita de Cássia, foi sempre um soldado a serviço da pátria e repleto de merecimentos, pois passando a servir no 5º Batalhão de Guardas Nacionais, em Paconé, foi louvado pela subordinação, inteligência e zelo que revelou e por haver cooperado em manter a disciplina e apagar a discórdia que ameaçava este batalhão. Símbolo do patriotismo da cidade de onde partira, pelo Decreto de 2 de março de 1870 foi nomeado Capitão Honorário do Exército brasileiro. Entretanto, os  rapazes que partiram de Viçosa na sua companhia para defender o Brasil na mencionada Guerra do Paraguai  foram realmente protegidos por Santa Rita. Segundo o relato de Luz Lopes Gomes, Lulinha, fabricante  inclusive de macarrão em Viçosa, que introduzira  também aqui a primeira padaria, entre os que foram com o tenente Galvão  estava seu pai José Lopes de Faria Jacob e Serafim Sant’Anna.  Nesta ocasião, Maria das Dores, Dona Nhanhana, esposa do Capitão José Maria Sant’Anna, fez uma promessa de que, se voltassem todos vivos da guerra, ela iria mandar  buscar na Corte (Rio de Janeiro), a mais bonita imagem de Santa Rita. Esta pertencia à família Sant’Anna que a doou posteriormente para a Igreja Matriz. Esta imagem, segundo, Luz Lopes Gomes, custou na época  36 mil réis e levou 4 meses para chegar do Rio de Janeiro até Viçosa. É de notar que no século XIX notável a  presença de grandes artistas  no Rio de Janeiro. Tal circunstância deveu-se à intenção da própria  Coroa portuguesa em trazer cultura para a região, na ocasião, recém-ocupada  pela nobreza. Artistas verdadeiramente habilidosos. Foi um deles que fez a Imagem de Santa Rita, venerada em Viçosa desde os idos de 1870. * Da Academia Mineira de Letras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário