segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A FRAÇÃO DO PÃO EUCARÍSTICO

A   FRAÇÃO  DO  PÃO  EUCARÍSTICO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Uma questão que por vezes intriga os que participam da Missa é esta: “Por que o padre parte um pedacinho da Hóstia e o coloca dentro do cálice após a consagração e depois ele junta as duas partes da hóstia e as ergue para o alto?" A fração da Hóstia consagrada, que faz parte do rito da Comunhão, atualmente simboliza a unidade do Sacramento da Eucaristia.  O sacerdote ao colocar uma parte da Hóstia no cálice reza o seguinte: “Esta união do Corpo e do Sangue de Jesus, Cristo e Senhor nosso, que vamos receber nos sirva para a vida eterna”. Ao elevar, posteriormente, a Hóstia o celebrante proclama “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e os fiéis dizem então com ele: “Senhor, eu não sou digno (a) de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo (a)”. Trata-se de um ato de fé na presença real, pois ali estão sob os acidentes do pão, o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo. A Comunhão dos fiéis que se acham em estado de graça, isto é, isentos de pecado mortal, entra na economia do Sacrifício Eucarístico. A Comunhão é um rito complementar, indispensável para a integridade do Sacrifício. É obrigatória a comunhão do Celebrante e facultativa aos fiéis que estão preparados para a receberem. A manducação da Vítima sacrificada é o banquete em que os batizados se nutrem dum manjar substancialmente o mesmo e único, Jesus Cristo. Os ritos que a enquadram são a sua natural preparação e, depois, ação de graças. Nunca se pode comungar em pecado mortal. Isto seria um deplorável sacrilégio, uma profanação do Sacramento do Amor de Cristo. É preciso ainda evitar os pecados veniais deliberados, cumprir fielmente os deveres cotidianos, possuir uma humildade sincera, um ardente desejo de se identificar com Cristo. Indispensável é o perdão cordial ao próximo. Quando quem vai comungar não deseja mal algum a seu desafeto é sinal que o perdoou. O que pode permanecer por vezes é a mágoa, ou seja, o sentimento ou impressão desagradável causada por ofensa ou desconsideração, o descontentamento, o desagrado pela ingratidão do outro. Certa ocasião, alguém asseverou a este sacerdote que tinha um rancor profundo contra determinada pessoa. Foi-lhe indagado então como é que era rezado o “Pai Nosso” e a resposta foi lamentável: “Eu salto aquele pedaço, “perdoai nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Uma mutilação clamorosa da oração que Jesus nos ensinou! É óbvio que quem assim procede não pode comungar. A Comunhão é uma união espiritual com o divino Redentor, união transformadora que conserva e aperfeiçoa a vida da graça, purifica a alma, mitiga a concupiscência ou inclinação para o pecado, fortalece contra as tentações, é penhor da vida eterna. Venturosos os convidados para a ceia do Senhor e dela se aproximam bem preparados! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


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