segunda-feira, 1 de setembro de 2014

MANIFESTAÇÕES PSICÓTICAS

MANIFESTAÇÕES PSICÓTICAS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho, da Academia Mineira de Letras*
Entre os lances proporcionados pela Copa do Mundo de futebol no Brasil, sem dúvida, entrou nos anais deste esporte a cena grotesca de um atleta, numa atitude vampírica, ter ferido um adversário dentro de campo. Só não foi algo inédito porque este mesmo jogador já havia sido punido por ter outras vezes cometido a mesma inusitada atitude. Cumpre notar que se trata de uma afecção psicológica cujos sintomas levam simbolicamente a um conflito psicossomático. Na raiz da questão há, sem dúvida, uma repercussão de algo da infância deste estranho esportista. Trata-se de uma nevrose histérica, vindo da conseqüência de uma obsessão, ou seja, resultado de um pensamento ou impulso, persistente ou recorrente, indesejado e aflitivo, e que advém à mente involuntariamente, a despeito de tentativa de ignorá-lo ou de suprimi-lo. Neste caso se tem uma idéia fixa, mania que aflora em determinadas circunstâncias. Na disputa de uma bola surge então um estímulo que guia a uma ação inteiramente descabida em se tratando de um ser racional que deveria proceder de uma maneira normal. Isto ocasiona manifestações compulsivas que levam a atos indesejáveis aos olhos da ética e da sociedade. As idéias obsessivas têm um caráter repetitivo que a punição não consegue estancar. O referido atleta suspenso para atuar em muitas partidas de seu clube em duas ocasiões similares, apesar disto, não possui o autocontrole para evitar tal falta de consequências imprevisíveis para sua carreira e, portanto, para seu porvir. Ainda que desonroso o gesto condenável volta se dar, deixando o indivíduo envolto em confusão mental. Sua maneira de agir é fruto de um conflito original que conduz a uma transferência agressiva desproporcionada dentro, por exemplo, de uma partida de futebol. O consciente fica dominado pelo inconsciente e daí o esdrúxulo do caso que causa indignação de pessoas normais diante dos fatos indesejáveis. Como numa disputa esportiva estas pessoas não têm à mão arma alguma com a qual possa ferir os  outros surgem então agressões por vezes violentas até esta de dar uma mordida, resultante de um desejo incoercível de violência que se manifesta de uma maneira grotesca perante quem as presencia. A cosmovisão destes indivíduos é a de um mundo perigoso que é preciso ser enfrentado com meios mirabolantes. O ser humano é a única criatura capaz de uma agressão irracional. Ele tem o triste privilégio do desabrimento insensato. Esta brutalidade existencial do homem é tanto mais séria quando se considera que está também comprovado pela ciência que não há nenhuma prova fisiológica de uma estimulação espontânea para a violência cuja origem seja somente orgânica. Assim, existem elementos psicológicos que incrementam os ímpetos belicosos. Se estes são patológicos há os recursos da psicologia e da psiquiatria.






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