CENÁRIO
POLÍTICO NEBULOSO
Côn.José
Geraldo Vidigal de Carvalho da Academia Mineira de Letras
Uma indagação de André Singer num
de seus últimos artigos sob a epígrafe “Rumo ao desconhecido” define bem o
quadro político do momento: “ Em que medida o eleitor prestará atenção e
perceberá tais incongruências”? Esta interrogação vale não apenas para a
candidata do PSB, mas também para as explicações daqueles que estão também
encabeçando os primeiros lugares na corrida eleitoral. That is question – esta é
a questão. Com efeito, se de um lado se sabe os rumos que terá o Brasil com a
atual Presidente ou com o PSDB, voltando ao poder central, reina a incerteza no
que resultará da eleição da acreana. No julgamento popular pesam as mais
complexas influências e estas vão desde os que preferem a atitude getuliana: “Deixa
como está para ver como é que fica” até os que desejam uma mudança pela
mudança. Nestes dois pólos a situação de Aécio Neves fica complicada. Ele
significa, sem dúvida, uma nova direção para o país, mas carrega uma herança
nada favorável que lhe deixou FHC. O fator econômico pesará e muito e o PT sabe
navegar com êxito nos mares dos mais carentes. O fato do candidato do PSDB ter já
anunciado qual será seu Ministro da Fazenda é um indicador que é decodificado mais
pela classe esclarecida. Esta pode fazer
melhor a comparação com Guido Mantega, tanto mais que o momento de recessão não
é favorável à situação deste último. Os debates que se dão pela mídia pouco ou quase
nada esclarecem, pois as generalidades imperam e as “cutucadas” não fazem o
efeito desejado por quem faz a provocação. Um outro aspecto que merece atenção
é este: “Ate quando Marina da Silva usufruirá do impacto emocional causado pela
tragédia que eliminou Eduardo Campos da disputa pelo Planalto?” Nesta
conjuntura atual cabe aos formadores de opinião prosseguir na sua nobre tarefa
de elucidar a rede complexa de promessas lançadas pelo futuro Presidente da
República e pelos demais pretendentes aos outros cargos eletivos. As opiniões
podem contribuir para uma escolha acertada do eleitor. A este compete não ficar
alheio ao momento político tão importante para o destino da Pátria. Mais do que
nunca, é preciso que cada um se conscientize da responsabilidade que tem e atue
não em função de razões meramente partidárias. A cidadania exige um apurado
senso crítico. É preciso estar o cidadão, sobretudo em época de eleições, a par
do que se passa em seu derredor para poder discernir o que é o melhor para o
Brasil. Apenas, assim, poderá captar o ufanismo dos vaidosos, o messianismo dos
salvadores da pátria, o ilusionismo dos sofistas. Estar bem informado é a
estratégia do habitante da Cidade, mas sem se deixar corromper pela influência dos manipuladores das notícias. Evitar a
anamorfose que altera a correta visão dos fatos. É mister fugir das versões que
distorcem a realidade. Todo cuidado é pouco.
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