quinta-feira, 13 de março de 2014
O ENCANTO DA SIMPLICIDADE DO PAPA
. O ENCANTO DA SIMPLICIDADE DO PAPA
Côn.José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Após um ano de
profícuo pontificado o Papa Francisco tem sido objeto de análise dos cientistas
sociais. Na pessoa de Jorge Mário Bergoglio confluíram fatores importantes. Com
efeito, pertencente a uma família de imigrantes italianos, nascido na
Argentina, é o
primeiro papa do continente americano, o primeiro pontífice não europeu em mais de
1200 anos
e também o primeiro papa jesuíta da história e o primeiro a adotar o nome de Francisco. Nele se contempla de
um lado Inácio de Loyola, o santo da força de vontade, e, de outro, Francisco de
Assis o santo do amor. Ele faz fulgir perante o mundo a sabedoria e a cultura
dos jesuítas e a doçura e naturalidade dos franciscanos.
Uma avalanche de
aspectos logo surge durante 365 dias de um trabalho ardoroso a favor da
evangelização, empregando com clarividência as armas que a comunicação moderna
oferece. Linguagem direta, uma simbologia admirável com notável valor
evocativo, místico, até mesmo intrigante. Uma ação prudente, mas fulminatória,
visando o dinamismo da Santa Sé e de todos os seus departamentos. Longe de
qualquer laivo de laxismo ou de relativismo ele aborda os temas mais delicados
com firmeza e total clareza, deixando a muitos perplexos, mas orientando com
lucidez a conduta cristã. Ele aspira por uma Igreja aberta para todos e, por
isto, nada de muramentos que isolam. As fronteiras do Papa Francisco se alargam
cada vez mais em busca das ovelhas tresmalhadas e das que não conhecem a
verdadeira face da Igreja. Ele quer o contado direto com todos que dele se
aproximam. Suas mensagens sintéticas, objetivas lhe proporcionam tempo para
circular junto do povo. Ele se faz, como bom jesuíta, o arauto da misericórdia
divina, pois Cristo veio para salvar os que estavam perdidos nas trevas do
erro. O Papa Francisco não se instalou no Vaticano, mas se apresenta como um
caminheiro de Jesus, como outrora São Francisco de Assis. Sempre um passo para
frente e nunca um olhar para trás é o que transmite seu otimismo irradiante.
Sua humildade, seu espírito de pobreza tocam os corações que nele percebem a
sinceridade de quem quer sempre acertar, sabendo de todas as limitações
humanas. Por isto mesmo, o Conselho de oito cardeais que ele nomeou, visando a
reforma da Cúria romana lhe dá um apoio para agir com segurança e sem
precipitações. Com espírito democrático o questionário sobre as evoluções das
famílias católicas do mundo inteiro na preparação de um Sínodo demonstra seu
desejo de colocar o dedo nas chagas e. sem ratificar os erros. Poder oferecer
os meios para o total equilíbrio ético na conduta dos seguidores de Cristo.
A verdade em si é
intocável, os princípios fundamentais da
moral exposta nos dez mandamentos são
intangíveis, mas os problemas devem ser
examinados com coragem, exatamente para que não se caia nunca em erros
perniciosos, quer dogmáticos, quer éticos. Abertura de espírito sem trair a
exatidão de tudo que foi revelado por Deus. Ele quer que nas atitudes cristãs
não aja nunca o contra testemunho que possa patentear uma falta de fé na vida
eterna e que signifique adoração dos bens terrenos. Ele não age para
desestabilizar as pessoas iludidas com as frivolidades terrenas, mas para
colocá-las no verdadeiro rumo da pátria celeste. Não se percebe assim contra
ele nenhum movimento de pressão ou oposição, apesar das medidas reformatórias
tomadas, sobretudo no que tange o governo geral da Igreja, que precisa estar a
serviço de toda a humanidade e não apenas dos cristãos.
Deus sempre o ilumine, o fortaleça
para glória da Igreja e bem das almas!
* Professor no Seminário de Mariana durante
40 anos.
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