sábado, 4 de janeiro de 2014

O BATISMO DE JESUS

O BATISMO DE JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A solenidade do Batismo de Jesus oferece oportunidade para uma verdadeira catequese e é uma fonte preciosa de inspiração para todos os cristãos (Mt 3,13-17). A narrativa do Evangelista São Mateus revela vários aspectos importantes da personalidade de Cristo e descerra o véu do significado sublime do batismo de cada um. Os céus se abriram e o contato entre Deus e a humanidade se deu de maneira admirável. O batismo revela para quem o recebe a presença da Santíssima Trindade que rompe seu silêncio para se fazer presente de um modo especial no ser racional, convidando-o a trilhar os caminhos da libertação e da salvação eterna. No batismo de Jesus Ele viu o Espírito de Deus descer sobre Ele em forma de pomba. No poema da Criação (Gen. 1,2), o Espírito de Deus pairou sobre as águas e as agitou e fez delas nascer a vida. É este mesmo Espírito que desceu sobre as águas do Jordão. Jesus, o novo Adão, viverá em amizade com Deus, seu Pai. Trata-se de uma nova criação. Os cristãos são convidados a se unir ao Senhor e a todos aqueles e aquelas que, batizados, devem trabalhar na construção de um mundo de paz e repleto de amor ao Criador e a todas as criaturas. No Jordão se ouviu a voz do Pai dizendo: “Este é o meu Filho bem-amado, nele eu coloco todas as minhas complacências”. O ideal de quem recebeu a vida batismal é se transformar em outro Cristo para conhecer a plenitude do amor do Pai. Este ideal foi colimado plenamente por São Paulo: “Já não sou eu quem vive é Cristo quem vive em mim” (Gl 2,20). Eis porque o batizado a exemplo de Jesus ama a todos, se interessa por todas as suas necessidades, leva por toda parte a justiça, a luz da verdade, a alegria, É artesão da paz e da reconciliação. Quando o cristão vive o seu Batismo o mundo fica sempre melhor, há mais tolerância, menos intransigência, corrupção, mentira e hipocrisia. Há mais esperança e menos orgulho, mais luminosidade e não trevas. O batismo, de fato, abre o cristão para a luz de Deus e cumpre que ele se deixe sempre aclarar por esta iluminação divina. Para isto é preciso viver à maneira de Deus, se tornando dia a dia mais santo aquele que se tornou o templo da Santíssima Trindade no instante em que foi batizado. Esta vida interior de Deus no batizado o envia para aclarar o mundo, dado que pelo caráter batismal se passa a participar do múnus sacerdotal, profético e régio de Jesus. O batizado está colocado à frente da natureza visível para ser o adorador contínuo da Natureza invisível do Ser Supremo. Pela oração, pelo apostolado, pela palavra se torna o anunciador da salvação e o difusor da soberania divina. Como é o templo do Espírito Santo vive na presença do Deus Uno e Trino. Caminha nesta terra, mas sabe que seu destino é o céu. De fato, a graça santificante recebida no Batismo é a semente da glória eterna. Tudo isto  leva o cristão a ultrapassar com garra, destemor, coragem as dificuldades da existência terrena, sempre envolto em serenidade e total confiança no Criador de tudo. Para que todas estas sublimes realidades aconteçam sempre o batizado se alimenta do Pão da vida na Eucaristia, restaurando neste Sacramento suas forças. Busca, também, na Palavra revelada a luz para sua inteligência. Assim nos contatos cotidianos testemunha o Evangelho por toda parte. É preciso viver sempre intensamente os efeitos salutares do Batismo. Em síntese, por esse Sacramento somos admitidos na mesma família de Cristo. O que Ele é por natureza o batizado o é pela graça, verdadeiro filho de Deus e, portanto, irmão de Jesus, herdeiro do reino divino. Nunca se deve esquecer a recomendação de São Leão Magno: ”Reconhece, ó cristão, a tua dignidade, e uma vez que foste feito participante da natureza divina, não queiras voltar à tua antiga miséria com uma conduta degenerada. Não esqueças de que Cabeça e de que Corpo tu és membro. Recorda-te de que, arrancado do poder das trevas, fostes transladado ao esplendoroso Reino de Deus” (Sermão 21).  São estas sublimes verdades que o Batismo de Jesus no Jordão vem recordar a cada um. Nesta solenidade se deve comemorar também o dia do próprio batismo, do sacerdote que lhe ministrou este sacramento, dos padrinhos que o levaram à pia batismal. Nunca se valoriza demais a graça imensa do batismo e as circunstâncias nas quais que foi recebido. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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