quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A MISSÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA

A MISSÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Dentre as lições que se destacam no trecho de São Mateus proposto para o terceiro domingo do tempo comum (Mt 4,12-23) surge claramente a missão evangelizadora da Igreja. Com efeito, Jesus chama alguns pescadores para o seguirem e eles imediatamente deixaram tudo para acompanhá-lo.  Salienta então o evangelista que ”Jesus andava por toda a Galiléia, ensinando em suas sinagogas, pregando o evangelho do reino”.  Deste modo, seus discípulos aprendiam com Ele como evangelizar, Ele luz que brilhou para o povo que vivia nas trevas. No Evangelho de hoje Jesus convida a todos a se tornar seus discípulos. Ele era esta grande luz de que falou o Profeta Isaias e mais tarde Jesus dirá que seus seguidores eram luzes do mundo. Os Apóstolos e seus sucessores, os bispos, que transmitiriam uma parte de seu poder aos sacerdotes, teriam a incumbência oficial de pregar o Evangelho. Entretanto, todos os batizados por participarem do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo teriam também esta missão evangelizadora. Esta consiste em mostrar ao mundo, de acordo com os carismas concedidos a cada um, que Jesus é a salvação, a luz que aclara a existência humana, o caminho que conduz ao Pai. Trata-se do anúncio da libertação total oferecida pelo Redentor longe do qual não há felicidade possível. Cumpre evangelizar, porém, de uma maneira responsável, inteligente e perseverante. No seu documento “Evangelii Gaudium” – Alegria do Evangelho, lançado dia 26 de novembro último, o Papa Francisco, afirmou que a renovação da Igreja não pode ser adiada. É necessário, asseverou o Pontífice, o resgate da mensagem essencial do cristianismo. É preciso o emprego de “novos caminhos e métodos criativos” para levar à Igreja os fiéis que se afastaram ou que não a conhecem. De fato, tem razão o Papa, pois há uma acomodação de muitos católicos que simplesmente aceitam o avanço das seitas e abandonam sua religião ou não se empenham num apostolado para trazer para a Igreja Católica os dissidentes. Falta para muitos o senso crítico. Aceitam o que diz a mídia, se deixam levar pelo consumismo desenfreado. Adite-se que o Papa mostrou que as instituição católicas devem ser mais convidativas. Este sacerdote conhece muitos casos de jovens que levaram católicos para sua seita, enquanto dificilmente se percebe um jovem católico atraindo para sua Igreja outros jovens, sobretudo quando se trata do namoro e de se convolar núpcias. Nada de polêmica, mas mister se faz um apostolado mais intenso, uma convicção bem fundamentada através do crescimento do conhecimento da doutrina exposta pela Igreja. Todos os católicos devem ser tomados por um fervor e um dinamismo novo no que tange ao que ele pode fazer numa verdadeira missão evangelizadora. Nada de um pessimismo individualista, estéril, mas cumpre difundir por toda parte a alegria de pertencer à Igreja Católica. Diante dela não se pode empregar o dito getuliano: “Deixa como está para ver como é que fica”. Cada um é responsável pela sua comunidade oferecendo a todos uma fiel significação de Jesus numa evangelização contínua em casa, no trabalho, nos lugares de diversão, enfim onde cada um estiver. É belo ser apóstolo do Senhor. Uma fé esclarecida bem longe de todo e qualquer laivo de superstição ou prática religiosa superficial, infantil que possa conter uma espécie de comercialização espiritual com Deus. Isto é muito comum quando se fazem promessas, cuja paga seria uma retribuição por graças recebidas. É louvável pedir favores do céu e, se forem obtidos, agradecer. Isto sim, eis o que é agradável a Deus. O melhor agradecimento, porém, é a retificação contínua da conduta. A obra missionária deve começar com um trabalho pessoal de conversão. Trazer outros para a freqüência dos sacramentos, do cumprimento do dever da participação da Missa dominical. O campo de ação é vasto e é necessário se preocupar sempre com os irmãos que vivem longe da amizade com o divino Redentor, numa existência pecaminosa. Difusão da espiritualidade, da felicidade de uma vida pautada pelos mandamentos que são fonte de felicidade e paz interior. Tudo isto indica um estilo novo de ser católico, ou seja, alguém que se engaja criteriosamente num movimento de renovação, visando uma religiosidade profunda, inserindo o Evangelho por toda parte. Nem se pode esquecer a luta em prol da justiça e da participação na transformação do mundo o que é uma dimensão constitutiva da pregação do Evangelho. Isto está incluído na redenção da humanidade e na liberação da pessoa humana de tudo que a escraviza. Como a evangelização é dinamizada pelos sucessores dos Apóstolos, Ministros oficiais da Palavra regeneradora, este apelo de Jesus deve ecoar no fundo de cada consciência: “Rogai ao Senhor da Messe para que envie operários para a sua messe” (Mt 9, 38). Toda comunidade deveria oferecer à Igreja pelo menos um Sacerdote santo e virtuoso! Imenso, portanto, o campo em cada um deve trabalhar, colaborando com a missão evangelizadora da Igreja. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


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