A MISSÃO EVANGELIZADORA DA
IGREJA
Côn. José Geraldo Vidigal de
Carvalho*
Dentre as
lições que se destacam no trecho de São Mateus proposto para o terceiro domingo
do tempo comum (Mt 4,12-23) surge claramente a missão evangelizadora da Igreja.
Com efeito, Jesus chama alguns pescadores para o seguirem e eles imediatamente
deixaram tudo para acompanhá-lo.
Salienta então o evangelista que ”Jesus andava por toda a Galiléia,
ensinando em suas sinagogas, pregando o evangelho do reino”. Deste modo, seus discípulos aprendiam com Ele
como evangelizar, Ele luz que brilhou para o povo que vivia nas trevas. No
Evangelho de hoje Jesus convida a todos a se tornar seus discípulos. Ele era
esta grande luz de que falou o Profeta Isaias e mais tarde Jesus dirá que seus
seguidores eram luzes do mundo. Os Apóstolos e seus sucessores, os bispos, que
transmitiriam uma parte de seu poder aos sacerdotes, teriam a incumbência
oficial de pregar o Evangelho. Entretanto, todos os batizados por participarem
do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo teriam também esta missão
evangelizadora. Esta consiste em mostrar ao mundo, de acordo com os carismas
concedidos a cada um, que Jesus é a salvação, a luz que aclara a existência
humana, o caminho que conduz ao Pai. Trata-se do anúncio da libertação total
oferecida pelo Redentor longe do qual não há felicidade possível. Cumpre
evangelizar, porém, de uma maneira responsável, inteligente e perseverante. No
seu documento “Evangelii Gaudium” – Alegria do Evangelho, lançado dia 26 de
novembro último, o Papa Francisco, afirmou que a renovação da Igreja não pode
ser adiada. É necessário, asseverou o Pontífice, o resgate da mensagem
essencial do cristianismo. É preciso o emprego de “novos caminhos e métodos
criativos” para levar à Igreja os fiéis que se afastaram ou que não a conhecem.
De fato, tem razão o Papa, pois há uma acomodação de muitos católicos que
simplesmente aceitam o avanço das seitas e abandonam sua religião ou não se
empenham num apostolado para trazer para a Igreja Católica os dissidentes.
Falta para muitos o senso crítico. Aceitam o que diz a mídia, se deixam levar
pelo consumismo desenfreado. Adite-se que o Papa mostrou que as instituição
católicas devem ser mais convidativas. Este sacerdote conhece muitos casos de
jovens que levaram católicos para sua seita, enquanto dificilmente se percebe
um jovem católico atraindo para sua Igreja outros jovens, sobretudo quando se
trata do namoro e de se convolar núpcias. Nada de polêmica, mas mister se faz
um apostolado mais intenso, uma convicção bem fundamentada através do
crescimento do conhecimento da doutrina exposta pela Igreja. Todos os católicos
devem ser tomados por um fervor e um dinamismo novo no que tange ao que ele
pode fazer numa verdadeira missão evangelizadora. Nada de um pessimismo
individualista, estéril, mas cumpre difundir por toda parte a alegria de
pertencer à Igreja Católica. Diante dela não se pode empregar o dito getuliano:
“Deixa como está para ver como é que fica”. Cada um é responsável pela sua
comunidade oferecendo a todos uma fiel significação de Jesus numa evangelização
contínua em casa, no trabalho, nos lugares de diversão, enfim onde cada um
estiver. É belo ser apóstolo do Senhor. Uma fé esclarecida bem longe de todo e
qualquer laivo de superstição ou prática religiosa superficial, infantil que
possa conter uma espécie de comercialização espiritual com Deus. Isto é muito
comum quando se fazem promessas, cuja paga seria uma retribuição por graças
recebidas. É louvável pedir favores do céu e, se forem obtidos, agradecer. Isto
sim, eis o que é agradável a Deus. O melhor agradecimento, porém, é a
retificação contínua da conduta. A obra missionária deve começar com um
trabalho pessoal de conversão. Trazer outros para a freqüência dos sacramentos,
do cumprimento do dever da participação da Missa dominical. O campo de ação é
vasto e é necessário se preocupar sempre com os irmãos que vivem longe da
amizade com o divino Redentor, numa existência pecaminosa. Difusão da
espiritualidade, da felicidade de uma vida pautada pelos mandamentos que são
fonte de felicidade e paz interior. Tudo isto indica um estilo novo de ser
católico, ou seja, alguém que se engaja criteriosamente num movimento de
renovação, visando uma religiosidade profunda, inserindo o Evangelho por toda
parte. Nem se pode esquecer a luta em prol da justiça e da participação na
transformação do mundo o que é uma dimensão constitutiva da pregação do
Evangelho. Isto está incluído na redenção da humanidade e na liberação da
pessoa humana de tudo que a escraviza. Como a evangelização é dinamizada pelos
sucessores dos Apóstolos, Ministros oficiais da Palavra regeneradora, este
apelo de Jesus deve ecoar no fundo de cada consciência: “Rogai ao Senhor da
Messe para que envie operários para a sua messe” (Mt 9, 38). Toda comunidade
deveria oferecer à Igreja pelo menos um Sacerdote santo e virtuoso! Imenso,
portanto, o campo em cada um deve trabalhar, colaborando com a missão evangelizadora
da Igreja. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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