sábado, 20 de outubro de 2012

LEVANTA-TE, JESUS TE CHAMA

LEVANTA-TE, JESUS TE CHAMA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho”
O episódio da cura do cego Bartimeu  oferece lições preciosas, sobretudo no que tange o dever de cada um de ajudar o próximo (Mc 10, 46-52).. Auxílio sobretudo aos que, como o filho de Timeu, estão reduzidos à mendicidade, marginalizados, desamparados. Embora, cego, assentado à beira do caminho,  aquele que nada enxergava não era mudo e, por sinal possuía uma voz forte, estridulante que até incomodava os transeuntes. Intimado a se calar, como tinha plena fé e confiança no Rabi da Galiléia que por ali passava, clamava “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim”! O Redentor ouve aquele brado e resolve manifestar ainda uma vez sua misericórdia, sua bondade. É de se notar que Jesus poderia ter ido até o suplicante, ou mesmo ordenado diretamente que ele visse até junto dele. Preferiu, contudo, que outros o chamassem. Ele desejou associar alguns que O circundavam ao seu gesto de comiseração. Ele queria mostrar que muitas vezes não está ao alcance das pessoas realizar por si mesmos o ato de caridade, mas cumpre então mobilizar os poderes públicos, os líderes comunitários, os vicentinos  para ajudarem os que necessitam de amparo. Tantas vezes, porém, o comodismo impera e aqueles que carecem de uma internação ou nos hospitais, ou nas casas de recuperação não encontram quem os ajude. Não basta, de fato, recriminar apenas os que se entregam à bebida, às drogas, ou aos demais vícios. É necessário ir às autoridades para que, dentro de sua alçada, venham em socorro dos que podem voltar a ser úteis à sociedade. Depois é rezar pela saúde física ou mental daqueles que foram socorridos.  Pedagogo admirável, Cristo mostrou como se deve agir. Não basta recriminar, urge mobilizar as instituições, os governantes. Ao invés de simplesmente colocar os que erram nas prisões, cumpre tudo fazer para que se regenerem aqueles que perturbam o convívio social, levando-os, sempre que viável, para clínicas terapêuticas. Os que rodeavam o Mestre aprenderam logo a lição, pois se antes mandavam o cego se calar, agora lhe dirigem palavras confortadoras: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama”! Entre Jesus e os que sofrem não se deve ser um muro, mas uma ponte. Nada de rejeição, mas de compreensão. Se não se pode pessoalmente naquela circunstância ajudar o próximo, há recursos a serem obtidos e caminhos a serem abertos. Entretanto, se deve sempre passar uma mensagem de otimismo de coragem.  É possível acender no íntimo do coração sofredor uma chama ardente de esperança, levando-o a uma prece confiante como a de Bartimeu. Uma palavra de conforto pode abrir a mente do que padece para a sinfonia do universo. O próprio sofrimento pode se associar a este canto universal. O certo é que todas as vezes que alguém se aproxima de Jesus, escutará sua indagação que enche de esperanças: “O que queres que eu te faça”! Quem assim sempre procedia, na alheta do Mestre divino, era D. Luciano Mendes de Almeida e centenas de fiéis que dele se aproximaram escutaram indagação semelhante à de Jesus: “O que eu posso fazer por você”? Tudo isto interpela a cada um sobre o que tem realizado em seu derredor. Ficou célebre o ditado: “É melhor ensinar a pescar do que dar o peixe”. De fato, uma esmola mal direcionada até prejudica, embora em casos extremos seja necessária e imperiosa. O autêntico discípulo de Cristo, porém, não se desinteressa pelo outro. O Reino dos céus está preparado para os  que enxergam o Filho de Deus no seu próximo e se interessa por ele. Nunca se lembra demais a sentença taxativa de Jesus: “O que fizestes a um destes menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeste” (Mt 25,34-40). No coração  de cada  um deve morar o que tem fome, sede, está doente física ou mentalmente. Matriculados na escola do divino Salvador é assim que procede quem se diz seguidor de Cristo. É mister proclamar aos que padecem: “Coragem! Jesus te chama”! Não te revoltes mais com seu sofrimento. Para isto, entretanto, mister se faz que cada um de nós se encontre com Jesus para obter a luz da fé e para se enxergar melhor como ser solidários com os outros. Repetir como Bartimeu esta preciosa súplica: “Mestre, que eu veja”! Ver para ir buscar a felicidade lá onde ela se encontra e não nas orientações dos falsos formadores de opinião. Enxergar o que na própria existência tem que ser corrigido para alcançar a pureza de coração a qual levará fatalmente a sanar as misérias alheias, a promover a dignidade humana, a defender os fracos, a instaurar uma sociedade mais fraterna e justa. Todos com olhos abertos para a ventura comum na vivência de uma total confiança em Jesus, aquele que cura, que salva e abre os olhos para ver as maravilhas que Deus espalhou mundo todo no qual, infelizmente, impera tanta miséria. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.







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