COMO SUPERAR SITUAÇÕES DOLOROSAS NO LAR
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
O ciúme é um sentimento intenso que pode afetar a vida dos casais. Quando não afastado com sabedoria, pode comprometer gravemente a auto-estima de um dos cônjuges e martirizar inutilmente a própria existência. Padecer por causa do ciúme é uma atitude que não leva a nada e significa se entregar à insegurança. O ciúme que pode se tornar hipocondríaco provoca muita vulnerabilidade e leva até a comportamentos indesejáveis, ocasionados pela impulsividade ou pela incapacidade do ciumento de conseguir se auto-controlar e de ter uma visão menos negativa de uma situação que pode e deve ser contornada.O primeiro passo para superar o sentimento doloroso que as exigências de um amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a suspeita ou a certeza de sua infidelidade fazem nascer em alguém é relacionar este sentimento com a valorização pessoal diante de qualquer circunstância que tenha surgido. Em segundo lugar, é se conscientizar que o pesar, a tristeza, o desgosto, a mágoa não podem nem devem desestruturar a própria pessoa e destruir a saúde do corpo e da alma. Cumpre, além disto, superar a inseguridade inclusive depositando total confiança no outro sob pena de infernizar a vida de ambos. Perpetuar, através da imaginação, uma questão que se deve dominar é uma trilha completamente errada. É preciso continuar investindo no amor mútuo, perdoando radicalmente, não deixando que as fantasias neuróticas conduzam ao desespero. ou ao rompimento inteiramente desaconselhável em qualquer hipótese. Sábio o ditado: “O tempo cura todas as feridas”. Se de todo o mal persistir, na área da psicologia e da psiquiatria há recursos que podem produzir bons efeitos, desde que se confie em profissionais competentes, seguindo não só suas diretrizes, como também tomando à risca os medicamentos preceituados. Adite-se o recurso sobrenatural à oração que traz paz, serenidade, imperturbabilidade, além de alcançar de Deus a solução desejada para o problema em tela. Entretanto , vale também o brocardo: “Ajuda-te que o céu te ajudará!” O célebre literato Paul Claudel escreveu um tocante livro, cuja epígrafe é Qui ne souffre pas? – Quem é que não sofre? Portanto, não é o sofrimento em si que causa atitudes depressivas. A grande questão é sublimar as aflições existenciais dando-lhe uma aplicação transcendental e delas se servindo para o próprio amadurecimento. Resoluções firmes e arraigada confiança no porvir acompanham aqueles que encaram a vida com vistas amplas sem se deixarem trancar nos aposentos escuros da disposição de espírito que leva o indivíduo a encarar tudo pelo lado negativo, a esperar de tudo o pior. Venturosos os que estão cônscios de que cumpre plantar e aguardar o tempo da colheita sem se deixarem amesquinhar pelos receios de uma imaginação doentia que agiganta os perigos, aumentando falsos temores. O verdadeiro cristão se mostra sempre ativo, empreendedor, corajoso, sem pavor do futuro. Ostenta uma atitude esperançosa em face dos problemas humanos ou sociais, considerando-os passíveis de uma solução global positiva. Desta mundividência resulta uma atitude geral ativa e confiante, apartando o descompromisso com qualquer tipo de participação proveitosa para si e para os outros. Infeliz o tímido, o pusilânime, incapaz de vencer obstáculos. Muitos fracassam exatamente porque descuidam o cultivo das habilidades que possui, contemplando sempre obstáculos intransponíveis em qualquer momento. Vivem perenemente a reboque dos seus sentimentos, sem nenhuma iniciativa vigorosa que conduz à melhoria da própria história e do meio em que vive. Donde a importância da educação da vontade e da mente. Ralph Waldo Emerson, filósofo americano, proclamou que “uma lei da natureza afirma-nos que a habilidade aumenta com a prática, e que quem não tem força de vontade para agir, não pode adquirir a perícia desejada”. O pior inimigo a ser enfrentado é o receio do malogro que estiola todo empreendimento. Felizes aqueles que, incapazes de retrocesso, esmorecimento ou desistência estão cientes de que “viver é lutar”, mas que só os destemidos, os otimistas, conhecem os louros dos magnos triunfos! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário