SEIS ANOS SEM DOM LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Dia 27 de agosto de 2006 pranteava o Brasil e toda a Igreja o falecimento do notável Arcebispo de Mariana, Dom Luciano Mendes de Almeida, um dos evangelizadores mais extraordinários já surgidos na História da Igreja. Não seria exagero dizer que a humanidade perdeu um gênio e o esta terra a presença de um daqueles que honraram o ser racional pela sua perfeição existencial. Inteligência privilegiada, tudo que falava ou escrevia tinha um sentido profundo, repleto de mensagens fulgurantes.. Cabe a este denodado Apóstolo o título de cidadão do mundo, não apenas por ter percorrido, em suas atividades missionárias, quase todos os países dos diversos continentes, como ainda pela marca que deixou na alma de milhares de pessoas com as quais se encontrou nos caminhos deste planeta. Uma das provas disto foi a comoção mundial que sua enfermidade causou, sendo que a Cúria Metropolitana de Mariana recebeu mensagens de todas as partes do exterior e dos diversos.Estados do Brasil ao ensejo de seu falecimento. Caracterizou D. Luciano uma bondade irradiante e um interesse pelo bem estar espiritual e material do ser humano. Foi um humanista na plenitude do termo. Epígono de Santo Inácio de Loyola viveu inteiramente o ideal dos jesuítas. Ao ensejo de sua doença as Irmãs Alcantarinas do Estado de São Paulo, dia 11 de agosto, numa nota de solidariedade à Arquidiocese de Mariana assim se expressaram:“Dom Luciano, para a Igreja, é o Profeta dos Novos Tempos. Para a Vida Religiosa Consagrada, é TESTEMUNHA, PROFECIA e ESPERANÇA. Sempre amou a Vida Consagrada; mesmo enquanto bispo, não deixou de ser Religioso Jesuíta”. Carioca de nascimento (5.10.1930), nasceu no seio de uma nobre família sendo seus pais Cândido Mendes de Almeida e Emília Mello Vieira Mendes de Almeida. Após estudar em Nova Friburgo (1951-1953), foi para Roma onde fez o Curso de Teologia (1955-1958) e doutorou-se em Filosofia (1965). No ano de 1976 foi sagrado Bispo no dia 2 de maio. Colocou seu talento a serviço do Evangelho, tendo sido Secretário Geral da CNBB (1979-1987) e Presidente da mesma (1987-1994). Desde 1987 foi membro do Conselho Permanente do Sínodo Episcopal e, desde 1992, da Pontifícia Comissão de Justiça e Paz. Foi Vice-Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (1955-1998). Seu pastoreio episcopal se iniciou como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, atuando na região Leste I (1976-1988) e, entre tantas obras realizadas, se destaque o seu cuidado e desvelo para com os marginalizados, fazendo-se tudo para todos para a todos salvar. Depois de tantos labores foi elevado a Arcebispo Metropolitano de Mariana e o na alheta de seus gloriosos antecessores muitíssimo honrou o Áureo Trono Episcopal da circunscrição Primaz das Minas Gerais. Impulsionou a Pastoral Arquidiocesana em todos os sentidos. O Clero marianense e o todo o Povo de Deus viu nele sempre um Pai amoroso, um Mestre admirável, um Pastor desvelado e, no final do século XX e neste início de milênio, ninguém faria mais do que ele realizou. Percorreu toda as Paróquias deixando após si um rastro de otimismo e de espiritualidade que prosseguirão através dos tempos. Iluminou este mundo, vivendo o significado sublime de seu nome que há de ser sempre glorificado, dado que não se apaga nunca a memória dos grandes homens. Este gigante da evangelização ao penetrar na Casa do Pai coberto de tantos merecimentos se tornou mais um poderoso protetor de todos que o invocam e, sobretudo, o imitam no labor apostólico a favor do Reino de Deus. Os méritos de D. Luciano hão de permanecer sempre recordados, rutilando cada vez mais, porque o seu ardor pelo bem, a consistência da sua têmpera, a fibra do seu coração, a magnitude de sua cultura, a irradiação de sua santidade brilharão não apenas no espírito dos que tiveram a dita de o conhecer, mas ainda no daqueles que ouvirão falar de seus feitos adamantinos. No vasto catálogo dos grandes vultos do cristianismo está inscrito, definitivamente, o nome glorioso de D. Luciano Mendes de Almeida. Apóstolo intrépido como Paulo de Tarso, sábio como Tomás de Aquino, caridoso como Vicente de Paulo, dinâmico como João Paulo II, um herói de nossos dias, ostentando todos os matizes da santidade, ele é merecedor de todas as homenagens.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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