quarta-feira, 22 de agosto de 2012

JESUS, O SANTO DE DEUS

JESUS, O SANTO DE DEUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Uma das profissões de fé de São Pedro foi assim registrada por São João: “Nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6,67), ou seja, o Filho de Deus, como havia anunciado o Anjo a Maria (Lc 1,35). Por ter esta convicção, quando muitos dos discípulos de Cristo já não andavam mais com Ele por não acreditarem no discurso do Pão do Céu e Jesus interrogou aos doze se eles também não queriam abandoná-lo, em nome deles, Pedro assim se expressou: “A quem iríamos nós, Senhor? Tu tens as palavras de vida eterna”. Através da fé os Apóstolos tinham chegado ao conhecimento da divindade de Cristo, a qual era conhecida pelos próprios demônios como referiu São Marcos na cena do endemoninhado de Cafarnaum. Com efeito, o espírito imundo que se apossara daquele homem havia proclamado: “Sei quem tu és, o Santo de Deus!” (Mc 1, 23). Tratava-se do mistério do Messias que iria sendo revelado através de sua doutrina, de seus atos, de seu poder. A ele cabe, com efeito, no pleno sentido do termo um atributo que pertence só a Deus, três vezes santo e, por isto, Jesus ensinava com autoridade e apenas Ele tinha palavras de vida eterna. Ele viera ao mundo para santificar os que nele cressem, para fazê-los participantes de sua própria vida, por ser Ele o pão celeste. Como os Apóstolos cumpre então recebê-lo com amor, fé e esperança, sem imitar jamais Judas Iscariotes que viria a traí-lo. Jesus aceitou a canonização que Lhe fizera São Pedro porque Ele havia escolhido os doze, mas alertou que um deles era um demônio. É preciso, portanto, proclamar com palavras e obras que Cristo é, realmente, o Messias, a única tábua de salvação, movido o cristão pelo Espírito de Deus que leva a contemplar as profundezas da santidade divina que o Redentor ostentava, por ser Ele mesmo Deus. Esta santidade do Mestre divino deve resplandecer na existência de seus seguidores, mas é preciso que não esteja o batizado possuído pelo espírito do mundo contrário à santidade divina. É necessário penetrar fundo nas profundezas da grandeza de Deus para que as ações façam refletir as aclamações dirigidas a Jesus, o Santo de Deus. Isto interpela a cada um sobre a verdade e autenticidade de sua vida cotidiana que deve estar impregnada do pensamento de Cristo, o Santo a viver em cada um que crê. A santidade de Jesus não significa somente a ausência do pecado ou a purificação, extirpando tudo que é maldade no íntimo de si mesmo. Ela possui um sentido positivo de plenitude no mais alto grau. Em Cristo, o Santo de Deus, plenitude e pureza coincidem. Por isto, em consequência, Ele não é somente  o ponto culminante da perfeição, mas sua verdadeira fonte. Ele comunica a cada um de seus seguidores sua poderosa vitória sobre o mal. Da parte do batizado cabe a colaboração à graça que Ele oferece para entrar livremente na sua santidade e se tornar testemunha fidedigna do Evangelho. Sua ordem foi esta: “Sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48), como, aliás, é a ordem do Ser Supremo: “Sede santos, porque eu sou santo” (Lv 11,44). Isto se dá quando Deus ocupa o lugar que ele deve ter na existência de cada um. No atual contexto histórico secularizado, repleto de mensagens que atraem para o que é ilusório, há necessidade urgente de muitos santos que vivam intensamente a primazia de Deus em todas as partes onde se encontre um discípulo de Jesus, testemunhando seu amor e a luminosidade de sua doutrina. Esta total adesão ao Redentor incita a edificar tudo sobre Ele, pois como mostrou São João “Ele nos tornou capazes de ter parte na herança dos santos (Jo 1,12). Quanto mais se compreende quem é Jesus, o Santo de Deus, mais seu epígono chega, a si conhecer,  qual é o seu destino glorioso e a razão de ser desta caminhada terrena. Degusta-se então o que significa entrar na vida de Jesus e na sua alegria, na sua paz, na sua tranqüilidade. Então, sim, a mensagem do Evangelho se propaga por toda parte. Outros dirão: “Como é feliz quem segue Jesus. Isto porque todo encontro verdadeiro com Cristo leva a descobrir os meios para O fazer conhecido, amado e seguido. Como admoestou o bem-aventurado João Paulo II, “não basta falar de Jesus. É preciso torná-lo visível pelo testemunho de vida”. Este é a mais eloqüente demonstração de que Ele é verdadeiramente o Santo de Deus, o Messias prometido no qual se encontram todos os tesouros que satisfazem a alma humana. Ninguém pode ser venturoso longe dele, o único  que tem palavras de vida eterna. Ele, porém, quer uma conduta tal que não seja baseada nas escolhas pessoais, nos caprichos de cada um, regulada na mídia pelos maus formadores da opinião pública.  Cumpre, portanto, transformar a santidade do Mestre divino na realidade cotidiana, recusando a maldade das mensagens, das doutrinas errôneas, que dele podem afastar quem, de fato, O quer seguir, e se diz cristão. *  Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


 




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