CRER EM JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Notável o testemunho que Cristo ofereceu a Nicodemos: “Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Crer em Jesus de todo coração, tendo nele uma confiança absoluta, permite perceber sua ação na vida cotidiana que fica imersa na sua pessoa, cuja doutrina clarifica toda a existência de quem foi batizado. Aí está a essência da fé cristã. Crer nele é ter a vida eterna, dado que Ele é o Cristo, o Messias enviado por Deus, o Salvador que se imolou no alto de uma Cruz. Tal a declaração vibrante de São Pedro perante o Sinédrio, mostrando que o Verbo de Deus Encarnado é a pedra angular “e em nenhum outro existe a salvação, pois não há sob o céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (Atos 4,11-12). Cumpre, porém, penetrar fundo no sentido desta sublime verdade. Um verdadeiro seguidor de Cristo que professa nele uma crença arraigada vive em função dele e para Ele, calcando todos os seus pensamentos, toda a sua vontade, todos os seus atos nele, vivendo em plenitude Sua doutrina. Ele deve ser então o único referencial da existência e daí uma abominação sincera, coerente, perseverante de tudo que não se coaduna com o Evangelho. O cristianismo é, antes de tudo, e sobretudo, Jesus Cristo e a comunhão com Ele. Em conseqüência quem se diz cristão não pode admitir os desvios morais que campeiam por toda parte e se disseminam pelos meios de comunicação social. Precisa ser um profeta que tenha coragem de denunciar os erros, embora tente com diplomacia e tato trazer para os caminhos do bem aqueles que se acham transviados, orando por eles e, mormente, dando o testemunho de vida. A inserção em Jesus é a garantia do depoimento de que vale a pena se identificar com Ele na alheta de São Paulo: “Já não sou eu que vive é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Esta atitude resolve todas as possíveis incertezas. Com efeito, Jesus não passa a ser uma pessoa criada pela imaginação do cristão, mas se dá uma adesão ao próprio Verbo de Deus Encarnado, imagem do Deus Invisível. Não ocorre neste caso a dicotomia entre o Jesus histórico e o Jesus da fé, dado que a união é com a Pessoa divina que se encarnou, se fez homem e se sacrificou pela humanidade pecadora. Deste modo nenhum obstáculo surge no caminho de quem acredita neste Mestre extraordinário, inigualável, jamais superado através dos tempos. É que a relação interpessoal é o segredo para abordar em plenitude o famoso Rabi da Galiléia. Tudo então que na Bíblia se refere a Cristo Messias e tudo que a Igreja fala sobre ele, ratificando os sábios dizeres de teólogos firmes na ortodoxia, serve, isto sim, para solidificar a fé naquele que é a “luz dos homens” (Jo 1,3). É que Jesus de Nazaré é o Messias, não um rabino qualquer que explicou as Escrituras. Ele ensinou com autoridade (Mc 1,22). Donde resulta que se converter a Deus é seguir Jesus e Ele mesmo disse a Nicodemos: “Quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus”. Quem optou por Jesus pratica o bem e daí a correlação entre crer e agir. Há, de fato, um comportamento que revela a identidade do cristão com o Mestre que é o enviado do Pai. Esta é uma questão séria que deveria levar o fiel a se interrogar sempre: “Como agiria Jesus nesta circunstância”? Daí a sabedoria que existe na conhecida prece: “Jesus manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso”! Isto porque o movimento que leva a uma fé viva em Jesus resulta de uma contemplação tendo em vista um Ser vivo que ressuscitou dos mortos e deixou exemplos magníficos, por ser Ele o caminho. De fato, crer em Jesus é manifestar uma fé que exige ação. Claríssimas as palavras de São João: “Quem diz que está nele deve igualmente caminhar como ele caminhou” (1 Jo 2,6). Como realizar este ideal plenamente? O amor a Deus e ao próximo e as boas obras trazem a reposta e uma compreensão profunda do que significa crer em Jesus. Entretanto, nunca tergiversar ou se deixar levar pelo medo de perder a confiança naquele que é a única salvação. É preciso simplesmente dizer a Ele: “Creio, Senhor, mas aumenta a minha fé”. Ele tornará então seu seguidor tranqüilo, sereno, imperturbável, apesar das dificuldades da peregrinação terrestre entremeadas de aliciações do espírito maligno que tenta sempre minar a união com ele que é o Mestre divino. Basta reforçar a fé pelas ações, porque como bem disse São Tiago “a fé sem as obras é morta”, tendo acrescentado este apóstolo: “Mostra-me a tua fé sem as obras, que eu por meio de minhas obras, mostrar-te-ei a fé” (Tg 2,17-19). Apenas assim quem crê no Filho unigênito de Deus terá a vida eterna. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
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