CONVERTEI-VOS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A advertência de Jesus:“Convertei-vos” (Mc 1,15) ecoa solene no tempo quaresmal. O Mestre divino pronunciou tais palavras após ter passado quarenta dias no deserto. João Batista que também viveu no deserto anunciou, outrossim, a conversão à prática da justiça como caminho para remover o pecado, procurando a união beatífica com Deus. Fazei penitência foi a recomendação do Precursor (Mt 3,1), preparando a ordem do Mestre divino de uma transformação interior para se poder acreditar na Boa Nova. O Batista era justo, santo, sendo que dele o próprio Cristo disse: “Entre os filhos dos homens não há um que seja superior a João Batista.” (Mt 11,11). Entretanto é este varão admirável que convidou a todos a fazer penitência, a melhorar de vida numa metamorfose necessária por meio da mortificação. Ele foi um grande penitente, vestido pobremente, coberto apenas com uma pele de camelo; jejuando rigorosamente, alimentando-se com mel silvestre, tendo como morada uma gruta nos rochedo da Palestina, longe dos deleites do mundo. Lá no deserto árido, inabitável, sem movimento e sem vida, que parece também predizia a importância da crucificação da carne, ele viveu plenamente a penitência que abre o caminho para a prática das virtudes. Por sua vez, Jesus passou quarenta dias no deserto, jejuando e orando. Logo depois sua sentença foi clara: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Ordem dada a seus seguidores no início do seu apostolado, num paralelismo sintomático com o que realizou seu Precursor. Cristo, com muito mais razão, evidentemente, podia dar esta determinação porque Ele deixara os esplendores celestes para sofrer como homem aqui na terra. Retirou-se para um lugar ermo, por um mês e dez dias, e aí se penitenciou pelos pecados da humanidade. Toda sua vida terrestre foi um contínuo sofrer, desde o seu nascimento em uma gruta de Belém, aberta a todos os ventos, em pleno inverno, até a sua terrível e dolorosa morte na cruz, coroado de espinhos, ferido em todo o corpo, insultado pela multidão e abandonado pelos seus discípulos. Todas estas considerações mostram então que a conversão se liga intimamente à penitência. A sociedade moderna endeusa a os prazeres da carne, adora a riqueza, supervaloriza a sensualidade. Impossível, porém, mudar a ordem das coisas, impossível mudar o plano divino, segundo o qual não há salvação, não há felicidade eterna, não há morte feliz, não há céu, sem uma conversão que exige renúncia. Eis porque há da parte do homem moderno horror para com a mudança de vida. Muitos só procuram diversões, só querem os prazeres mundanos e se acham mais voltados para as coisas da terra do que para as realidades eternas da Jerusalém celeste. Deve ecoar, contudo, durante a Quaresma os ensinamentos de João Batista e de Jesus que levam a uma revisão de vida, a uma corajosa abdicação de tudo que coloca em risco a salvação eterna, numa fuga audaz da voluptuosidade, da devassidão, procurando o verdadeiro cristão uma total renovação interior, ou seja, a conversão para uma vida santa e justa, porque, caso contrário, deixou claro Jesus não entrarÁ no reino dos céus (Mt 5, 20). * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
domingo, 26 de fevereiro de 2012
DIFUNDIR A SAÚDE
DIFUNDIR A SAÚDE
Côn José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A Campanha da Fraternidade deste ano já está sensibilizando a sociedade sobre os cuidados que se devem ter com relação à saúde, precioso dom de Deus. O brasileiro trabalha cinco meses por ano para pagar impostos ao Governo e são trilhões de reais arrecadados, mas a saúde pública fica relegada a segundo plano. Como bem está no Hino da Campanha da Fraternidade: “Ah! Quanta espera, desde as frias madrugadas, / Pelo remédio para aliviar a dor! / Este é teu povo, em longas filas nas calçadas, / A mendigar pela saúde, meu Senhor!”. Além de exigir do Governo mais atenção aos que padecem sofrimentos horrípilos e jazem na miséria, cumpre uma conscientização geral para que, por todos os meios, cada um zele pela próprio bem-estar físico, inclusive melhorando os hábitos alimentares. Muitas vezes, porém, se esquece também que há uma correlação estreita entre a saúde, o equilíbrio interior e o bem estar. Que é, porém, a tranqüilidade de ânimo ou o sossego espiritual senão a ausência de conflitos, de paixões conscientes que afloram do inconsciente, causas primordiais de muitas perturbações? Que melhor e mais profunda eutimia pode trazer à mente que a graça santificante, ou seja, a participação na vida divina, a posse de Deus, a união com o Ser Supremo? Este é um ponto fundamental: olha tranqüilamente a vida, não te aborreças nem te preocupes, ou seja, desprende-te de teus complexos, acalma tuas iras. Íntimo e profundo é o influxo do pecado com seu cortejo de tristezas e complexos, fonte de dores e sofrimentos. A medicina psicossomática canta as belezas do espírito alegre na conquista da saúde. Se o trauma psíquico causa a oclusão da coronária, a neurose da angústia nas enfermidades congênitas do coração e na estenose mitral e outros males, que recurso mais eficaz, que meio mais eficiente a ser difundido do que a vivência da teologia da paz da consciência. Resguardar a saúde é, portanto, deixar de fazer uma propaganda dos preservativos que não preservam de nada e que são um incitamento ao desprezo do sexto e do nono mandamentos da Lei de Deus, aumentando os conflitos interiores. É não promover a bebida alcoólica que leva a uma vida devassa e a uma série de vícios hediondos. Cumpre levar a mensagem do Evangelho por toda parte, acreditando no testamento de Cristo que é o preceito do amor e fazendo compreender que onde está o amor aí está Deus, conduzindo deste modo os corações à imperturbabilidade, ostentando-lhes os caminhos refulgentes de uma íntima adesão à divindade. É, deste modo que a muitos se aponta o caminho da regeneração, a mensagem da harmonia e ajuda a sarar o corpo, a vivificar o espírito. Apontar aos sofredores a ventura inefável que flui da sublime posse de Deus é auxiliá-los para que os medicamentos produzam mais rapidamente os seus efeitos, lutando sempre para que os poderes públicos zelem pela saúde de todos. Isto será possível quando houver menos corrupção que desvia verbas volumosas e impede que haja melhores hospitais e neles um atendimento digno de pessoas humanas que são tratadas tantas vezes pior que os animais que possuem clínicas especializadas, enquanto seres humanos morrem por falta de atendimento adequado até na porta dos hospitais.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Côn José Geraldo Vidigal de Carvalho*
A Campanha da Fraternidade deste ano já está sensibilizando a sociedade sobre os cuidados que se devem ter com relação à saúde, precioso dom de Deus. O brasileiro trabalha cinco meses por ano para pagar impostos ao Governo e são trilhões de reais arrecadados, mas a saúde pública fica relegada a segundo plano. Como bem está no Hino da Campanha da Fraternidade: “Ah! Quanta espera, desde as frias madrugadas, / Pelo remédio para aliviar a dor! / Este é teu povo, em longas filas nas calçadas, / A mendigar pela saúde, meu Senhor!”. Além de exigir do Governo mais atenção aos que padecem sofrimentos horrípilos e jazem na miséria, cumpre uma conscientização geral para que, por todos os meios, cada um zele pela próprio bem-estar físico, inclusive melhorando os hábitos alimentares. Muitas vezes, porém, se esquece também que há uma correlação estreita entre a saúde, o equilíbrio interior e o bem estar. Que é, porém, a tranqüilidade de ânimo ou o sossego espiritual senão a ausência de conflitos, de paixões conscientes que afloram do inconsciente, causas primordiais de muitas perturbações? Que melhor e mais profunda eutimia pode trazer à mente que a graça santificante, ou seja, a participação na vida divina, a posse de Deus, a união com o Ser Supremo? Este é um ponto fundamental: olha tranqüilamente a vida, não te aborreças nem te preocupes, ou seja, desprende-te de teus complexos, acalma tuas iras. Íntimo e profundo é o influxo do pecado com seu cortejo de tristezas e complexos, fonte de dores e sofrimentos. A medicina psicossomática canta as belezas do espírito alegre na conquista da saúde. Se o trauma psíquico causa a oclusão da coronária, a neurose da angústia nas enfermidades congênitas do coração e na estenose mitral e outros males, que recurso mais eficaz, que meio mais eficiente a ser difundido do que a vivência da teologia da paz da consciência. Resguardar a saúde é, portanto, deixar de fazer uma propaganda dos preservativos que não preservam de nada e que são um incitamento ao desprezo do sexto e do nono mandamentos da Lei de Deus, aumentando os conflitos interiores. É não promover a bebida alcoólica que leva a uma vida devassa e a uma série de vícios hediondos. Cumpre levar a mensagem do Evangelho por toda parte, acreditando no testamento de Cristo que é o preceito do amor e fazendo compreender que onde está o amor aí está Deus, conduzindo deste modo os corações à imperturbabilidade, ostentando-lhes os caminhos refulgentes de uma íntima adesão à divindade. É, deste modo que a muitos se aponta o caminho da regeneração, a mensagem da harmonia e ajuda a sarar o corpo, a vivificar o espírito. Apontar aos sofredores a ventura inefável que flui da sublime posse de Deus é auxiliá-los para que os medicamentos produzam mais rapidamente os seus efeitos, lutando sempre para que os poderes públicos zelem pela saúde de todos. Isto será possível quando houver menos corrupção que desvia verbas volumosas e impede que haja melhores hospitais e neles um atendimento digno de pessoas humanas que são tratadas tantas vezes pior que os animais que possuem clínicas especializadas, enquanto seres humanos morrem por falta de atendimento adequado até na porta dos hospitais.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
O ESPÍRITO DE PENITÊNCIA
O ESPÍRITO DE PENITÊNCIA
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Durante a quaresma todos os cristãos são chamados a viver ainda mais profundamente o espírito de penitência. A penitência é uma virtude absolutamente necessária para que se obtenha a remissão das faltas graves ou leves e, sem essa virtude o Sacramento da Confissão não produz o seu efeito. Com efeito, a penitência é uma virtude sobrenatural que tem por fim destruir no íntimo do coração o pecado e oferecer à justiça divina uma satisfação pela ofensa que foi feita ao Ser Supremo ao se desprezar um dos dez mandamentos. É a virtude pela qual o pecador se dispõe a readquirir a amizade com Deus. A Bíblia mostra que o rei Davi, no apogeu de sua glória, arrastado pelas paixões desregradas, esqueceu-se de suas obrigações e caiu em muitos pecados graves que escandalizam o povo. O profeta Natan, enviado por Deus, foi procurá-lo e energicamente o repreendeu (2 Sm, cap. 12). O rei Davi, perturbado e humilhado, reconheceu os seus erros e arrependeu-se. No salmo 50 assim se expressou: “Piedade de mim ó Deus, pela vossa misericórdia e pela vossa grande clemência apagai os meus delitos. Lavai-me inteiramente de minha culpa e purificai-me de meu pecado, pois reconheço meus crimes e o meu pecado, tenho-o sempre diante de mim” (Sl 50 1-5). Ai está o primeiro ato da virtude da penitência: reconhecer os seus pecados e humilhar-se diante de Deus, Isto, porém, não basta. É preciso ainda arrepender-se e detestar o pecado, desejando o que disse o mesmo Davi: “Formai em mim, ó Deus, um coração puro, e infundi em mim um novo espírito constante” (Sl 50, 12). Isto significa que há uma disposição firme de não mais se cair no erro. É este arrependimento profundo e verdadeiro que se deve ter, não nos lábios, mas no íntimo da alma que aspira uma renovação total. A tudo isto é preciso que se ajunte a reparação à justiça divina através dos trabalhos e sofrimentos da vida ofertados em desagravo ao Criador desprezado. Eis a verdadeira virtude da penitência: detestar os pecados, arrepender-se sinceramente, aceitar com resignação as provas da existência e impor-se certas mortificações, para desagravar a justiça divina. Esta virtude da penitência é, assim, necessária para a salvação. Como Maria Madalena, como Santo Agostinho, como São Jerônimo e tantos outros santos é necessário fazer penitência. Este é o convite que a Igreja dirige aos fiéis nestes dias da quaresma bem na alheta do que disse Jesus: “Se não fizerdes penitência todos vós perecereis” (Lucas 13,3) . Trata-se de cumprir com coragem o dever de cada dia, de se ter paciência, sobretudo, no trato com o próximo, enfim, o empenho na prática de todas as virtudes. É deste modo que o verdadeiro discípulo de Cristo se prepara para o maior dia do ano que é a data da Páscoa, o glorioso 8 de abril. Vale o alerta de um grande santo: “Temo a Jesus que passa e pode não voltar”. Na quaresma Ele vem a cada coração pedindo uma renovação total através do espírito de penitência e mister se faz corresponder a este seu chamado celestial para se obter todas as graças da Semana Santa e, mormente, do dia da Páscoa. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Durante a quaresma todos os cristãos são chamados a viver ainda mais profundamente o espírito de penitência. A penitência é uma virtude absolutamente necessária para que se obtenha a remissão das faltas graves ou leves e, sem essa virtude o Sacramento da Confissão não produz o seu efeito. Com efeito, a penitência é uma virtude sobrenatural que tem por fim destruir no íntimo do coração o pecado e oferecer à justiça divina uma satisfação pela ofensa que foi feita ao Ser Supremo ao se desprezar um dos dez mandamentos. É a virtude pela qual o pecador se dispõe a readquirir a amizade com Deus. A Bíblia mostra que o rei Davi, no apogeu de sua glória, arrastado pelas paixões desregradas, esqueceu-se de suas obrigações e caiu em muitos pecados graves que escandalizam o povo. O profeta Natan, enviado por Deus, foi procurá-lo e energicamente o repreendeu (2 Sm, cap. 12). O rei Davi, perturbado e humilhado, reconheceu os seus erros e arrependeu-se. No salmo 50 assim se expressou: “Piedade de mim ó Deus, pela vossa misericórdia e pela vossa grande clemência apagai os meus delitos. Lavai-me inteiramente de minha culpa e purificai-me de meu pecado, pois reconheço meus crimes e o meu pecado, tenho-o sempre diante de mim” (Sl 50 1-5). Ai está o primeiro ato da virtude da penitência: reconhecer os seus pecados e humilhar-se diante de Deus, Isto, porém, não basta. É preciso ainda arrepender-se e detestar o pecado, desejando o que disse o mesmo Davi: “Formai em mim, ó Deus, um coração puro, e infundi em mim um novo espírito constante” (Sl 50, 12). Isto significa que há uma disposição firme de não mais se cair no erro. É este arrependimento profundo e verdadeiro que se deve ter, não nos lábios, mas no íntimo da alma que aspira uma renovação total. A tudo isto é preciso que se ajunte a reparação à justiça divina através dos trabalhos e sofrimentos da vida ofertados em desagravo ao Criador desprezado. Eis a verdadeira virtude da penitência: detestar os pecados, arrepender-se sinceramente, aceitar com resignação as provas da existência e impor-se certas mortificações, para desagravar a justiça divina. Esta virtude da penitência é, assim, necessária para a salvação. Como Maria Madalena, como Santo Agostinho, como São Jerônimo e tantos outros santos é necessário fazer penitência. Este é o convite que a Igreja dirige aos fiéis nestes dias da quaresma bem na alheta do que disse Jesus: “Se não fizerdes penitência todos vós perecereis” (Lucas 13,3) . Trata-se de cumprir com coragem o dever de cada dia, de se ter paciência, sobretudo, no trato com o próximo, enfim, o empenho na prática de todas as virtudes. É deste modo que o verdadeiro discípulo de Cristo se prepara para o maior dia do ano que é a data da Páscoa, o glorioso 8 de abril. Vale o alerta de um grande santo: “Temo a Jesus que passa e pode não voltar”. Na quaresma Ele vem a cada coração pedindo uma renovação total através do espírito de penitência e mister se faz corresponder a este seu chamado celestial para se obter todas as graças da Semana Santa e, mormente, do dia da Páscoa. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
O triunfo de Ramos
O TRIUNFO DE RAMOS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Inicia-se a grande semana, denominada por antonomásia de Semana Santa. Durante ela a Igreja comemora as dores de Jesus e a hora da redenção do gênero humano. No princípio do terceiro milênio não se contemplam fatos históricos que permaneçam vivendo no coração dos homens trazendo mensagens mais sublimes do que aqueles acontecimentos que se deram um dia em Jerusalém. É a consumação do processo salvífico que é então recordado pela Liturgia, acendendo a fé, a esperança e o amor no íntimo de todos os batizados. Desde a entrada triunfante de Cristo na capital de seu país até sua gloriosa ressurreição, todos os detalhes da Paixão de Jesus são recordados preparando a solenidade do maior dia do ano que é a vitória do Redentor sobre a morte, prenúncio da ressurreição dos que Lhe são fiéis e que estarão com Ele na glória eterna. A volubilidade do ser humano aparece viva no Dia de Ramos, pois a cidade de Jerusalém que aclama festivamente o Filho de Deus, cinco dias depois esta mesma urbe pedirá a gritos feéricos sua morte. O mesmo Nazareno que atravessou as ruas no meio de ovações delirantes, voltaria a transitar por elas dentro de poucas horas sob o peso de uma cruz, a caminho de um ignominioso trespasse. Isto é um alerta para todos os cristãos, pois não se pode confiar nunca nem na própria intrepidez e nem nas demonstrações externas de fidelidade a Deus, nem nas aclamações públicas ao Ser Supremo, porque a inconstância é sempre um perigo que pode levar à traição dos mais acendrados ideais religiosos. Cumpre estar sempre de atalaia para não se passar do fervor ao abandono da religião ou à condescendência com as forças satânicas que contam com o apoio da mídia e de quantos se entregam à dissolução dos costumes. Não se deve louvar a divindade apenas dentro dos templos, mas ainda no lar, no trabalho, nos lugares de sadias diversões, nas escolas, por toda parte. Trata-se de se transmitir a mensagem de que não há paz e felicidade longe do divino Redentor. É preciso, porém, a firmeza da fé, buscando-O com a lealdade da inteligência e com a pureza do coração para não se repetir a atitude incongruente dos que outrora louvaram a Cristo e depois lamentavelmente O desprezaram. Adite-se que a Liturgia liga a entrada festiva de Jesus em Jerusalém com sua Paixão recordada na Missa deste dia. A Igreja, pedagogicamente, quer mostrar que as alegrias deste mundo são passageiras e cedem logo lugar à tristeza. Nesta terra há a mistura dos bens e dos males numa irreversível alternância. Jó assim se dirigiu a Deus: “Tu visitas o homem pela manhã e, de vez em vez, o pondes à prova” (Jó 7,18), bem mostrando que também a existência do homem espiritual conhece momentos nos quais ele toca o Infinito, mas também instantes de provações que o Ser Supremo permite para sua purificação e santificação. A Paixão de Cristo, porém, vem lembrar a todos os seus discípulos que, unidos a Ele, é possível sempre sublimar todos os sofrimentos deste vale de lágrimas. A lição de paciência que os sofrimentos de Jesus oferecem é um arrimo para seus discípulos. Por outro lado tudo que o Redentor sofreu vem lembrar o horror que se deve ter para com o pecado, causa de tantos tormentos. A Semana Santa oferece ocasião para uma ótima Confissão, mas aqueles que estão comungando e já se confessaram a pouco tempo devem deixar espaço para os que nem sempre têm oportunidade de se aproximarem do Sacramento da Penitência. Quer, porém, no júbilo do triunfo de Ramos, quer na dor da Paixão do Senhor há necessidade da sinceridade. Esta levará à verdadeira contemplação dos mistérios celebrados na Grande Semana, afastando a dureza do coração e da falta de piedade. Como lembrava São Gregório Nazianzeno num de seus sermões, sobretudo durante a Semana Santa é preciso que cada um, como Simão de Cirene, tome a cruz e siga a Cristo. Então se compreenderá que esta cruz de Cristo não significa sofrimentos, mas sacrifício, porque o sofrimento é sacrifício sem amor, ao passo que o sacrifício é sofrimento com amor. Não se pode neste exílio terreno evitar o sofrimento, mas quem o acata com espírito de sacrifício se purifica, melhora o mundo e valoriza assim a paixão de Jesus. Passa deste modo o fiel de hosanas vazios, louvores insinceros a Deus ao verdadeiro amor que é capaz de transformar a dor em alegria, tornando leve o peso da cruz de cada dia. Eis aí belas mensagens do Domingo de Ramos! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Inicia-se a grande semana, denominada por antonomásia de Semana Santa. Durante ela a Igreja comemora as dores de Jesus e a hora da redenção do gênero humano. No princípio do terceiro milênio não se contemplam fatos históricos que permaneçam vivendo no coração dos homens trazendo mensagens mais sublimes do que aqueles acontecimentos que se deram um dia em Jerusalém. É a consumação do processo salvífico que é então recordado pela Liturgia, acendendo a fé, a esperança e o amor no íntimo de todos os batizados. Desde a entrada triunfante de Cristo na capital de seu país até sua gloriosa ressurreição, todos os detalhes da Paixão de Jesus são recordados preparando a solenidade do maior dia do ano que é a vitória do Redentor sobre a morte, prenúncio da ressurreição dos que Lhe são fiéis e que estarão com Ele na glória eterna. A volubilidade do ser humano aparece viva no Dia de Ramos, pois a cidade de Jerusalém que aclama festivamente o Filho de Deus, cinco dias depois esta mesma urbe pedirá a gritos feéricos sua morte. O mesmo Nazareno que atravessou as ruas no meio de ovações delirantes, voltaria a transitar por elas dentro de poucas horas sob o peso de uma cruz, a caminho de um ignominioso trespasse. Isto é um alerta para todos os cristãos, pois não se pode confiar nunca nem na própria intrepidez e nem nas demonstrações externas de fidelidade a Deus, nem nas aclamações públicas ao Ser Supremo, porque a inconstância é sempre um perigo que pode levar à traição dos mais acendrados ideais religiosos. Cumpre estar sempre de atalaia para não se passar do fervor ao abandono da religião ou à condescendência com as forças satânicas que contam com o apoio da mídia e de quantos se entregam à dissolução dos costumes. Não se deve louvar a divindade apenas dentro dos templos, mas ainda no lar, no trabalho, nos lugares de sadias diversões, nas escolas, por toda parte. Trata-se de se transmitir a mensagem de que não há paz e felicidade longe do divino Redentor. É preciso, porém, a firmeza da fé, buscando-O com a lealdade da inteligência e com a pureza do coração para não se repetir a atitude incongruente dos que outrora louvaram a Cristo e depois lamentavelmente O desprezaram. Adite-se que a Liturgia liga a entrada festiva de Jesus em Jerusalém com sua Paixão recordada na Missa deste dia. A Igreja, pedagogicamente, quer mostrar que as alegrias deste mundo são passageiras e cedem logo lugar à tristeza. Nesta terra há a mistura dos bens e dos males numa irreversível alternância. Jó assim se dirigiu a Deus: “Tu visitas o homem pela manhã e, de vez em vez, o pondes à prova” (Jó 7,18), bem mostrando que também a existência do homem espiritual conhece momentos nos quais ele toca o Infinito, mas também instantes de provações que o Ser Supremo permite para sua purificação e santificação. A Paixão de Cristo, porém, vem lembrar a todos os seus discípulos que, unidos a Ele, é possível sempre sublimar todos os sofrimentos deste vale de lágrimas. A lição de paciência que os sofrimentos de Jesus oferecem é um arrimo para seus discípulos. Por outro lado tudo que o Redentor sofreu vem lembrar o horror que se deve ter para com o pecado, causa de tantos tormentos. A Semana Santa oferece ocasião para uma ótima Confissão, mas aqueles que estão comungando e já se confessaram a pouco tempo devem deixar espaço para os que nem sempre têm oportunidade de se aproximarem do Sacramento da Penitência. Quer, porém, no júbilo do triunfo de Ramos, quer na dor da Paixão do Senhor há necessidade da sinceridade. Esta levará à verdadeira contemplação dos mistérios celebrados na Grande Semana, afastando a dureza do coração e da falta de piedade. Como lembrava São Gregório Nazianzeno num de seus sermões, sobretudo durante a Semana Santa é preciso que cada um, como Simão de Cirene, tome a cruz e siga a Cristo. Então se compreenderá que esta cruz de Cristo não significa sofrimentos, mas sacrifício, porque o sofrimento é sacrifício sem amor, ao passo que o sacrifício é sofrimento com amor. Não se pode neste exílio terreno evitar o sofrimento, mas quem o acata com espírito de sacrifício se purifica, melhora o mundo e valoriza assim a paixão de Jesus. Passa deste modo o fiel de hosanas vazios, louvores insinceros a Deus ao verdadeiro amor que é capaz de transformar a dor em alegria, tornando leve o peso da cruz de cada dia. Eis aí belas mensagens do Domingo de Ramos! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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sábado, 11 de fevereiro de 2012
Convite
Viçosa, 10 de fevereiro de 2012
Prezados amigos,
Cordiais saudações!
No dia 10 de maio deste ano estarei na Academia Mineira de Letras à Rua da Bahia, 1466, às 17 horas, fazendo uma palestra sobre o CENTENÁRIO DE DOM OSCAR DE OLIVEIRA, a convite da Acadêmica Elisabeth Rennó, Coordenadora da Universidade Livre desta AML.
Convido-os e a seus amigos para esta Palestra sobre o insigne Arcebispo de Mariana.
Atenciosamente
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Prezados amigos,
Cordiais saudações!
No dia 10 de maio deste ano estarei na Academia Mineira de Letras à Rua da Bahia, 1466, às 17 horas, fazendo uma palestra sobre o CENTENÁRIO DE DOM OSCAR DE OLIVEIRA, a convite da Acadêmica Elisabeth Rennó, Coordenadora da Universidade Livre desta AML.
Convido-os e a seus amigos para esta Palestra sobre o insigne Arcebispo de Mariana.
Atenciosamente
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Crer em Jesus
CRER EM JESUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Notável o testemunho que Cristo ofereceu a Nicodemos: “Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Crer em Jesus de todo coração, tendo nele uma confiança absoluta, permite perceber sua ação na vida cotidiana que fica imersa na sua pessoa, cuja doutrina clarifica toda a existência de quem foi batizado. Aí está a essência da fé cristã. Crer nele é ter a vida eterna, dado que Ele é o Cristo, o Messias enviado por Deus, o Salvador que se imolou no alto de uma Cruz. Tal a declaração vibrante de São Pedro perante o Sinédrio, mostrando que o Verbo de Deus Encarnado é a pedra angular “e em nenhum outro existe a salvação, pois não há sob o céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (Atos 4,11-12). Cumpre, porém, penetrar fundo no sentido desta sublime verdade. Um verdadeiro seguidor de Cristo que professa nele uma crença arraigada vive em função dele e para Ele, calcando todos os seus pensamentos, toda a sua vontade, todos os seus atos nele, vivendo em plenitude Sua doutrina. Ele deve ser então o único referencial da existência e daí uma abominação sincera, coerente, perseverante de tudo que não se coaduna com o Evangelho. O cristianismo é, antes de tudo, e sobretudo, Jesus Cristo e a comunhão com Ele. Em conseqüência quem se diz cristão não pode admitir os desvios morais que campeiam por toda parte e se disseminam pelos meios de comunicação social. Precisa ser um profeta que tenha coragem de denunciar os erros, embora tente com diplomacia e tato trazer para os caminhos do bem aqueles que se acham transviados, orando por eles e, mormente, dando o testemunho de vida. A inserção em Jesus é a garantia do depoimento de que vale a pena se identificar com Ele na alheta de São Paulo: “Já não sou eu que vive é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Esta atitude resolve todas as possíveis incertezas. Com efeito, Jesus não passa a ser uma pessoa criada pela imaginação do cristão, mas se dá uma adesão ao próprio Verbo de Deus Encarnado, imagem do Deus Invisível. Não ocorre neste caso a dicotomia entre o Jesus histórico e o Jesus da fé, dado que a união é com a Pessoa divina que se encarnou, se fez homem e se sacrificou pela humanidade pecadora. Deste modo nenhum obstáculo surge no caminho de quem acredita neste Mestre extraordinário, inigualável, jamais superado através dos tempos. É que a relação interpessoal é o segredo para abordar em plenitude o famoso Rabi da Galiléia. Tudo então que na Bíblia se refere a Cristo Messias e tudo que a Igreja fala sobre ele, ratificando os sábios dizeres de teólogos firmes na ortodoxia, serve, isto sim, para solidificar a fé naquele que é a “luz dos homens” (Jo 1,3). É que Jesus de Nazaré é o Messias, não um rabino qualquer que explicou as Escrituras. Ele ensinou com autoridade (Mc 1,22). Donde resulta que se converter a Deus é seguir Jesus e Ele mesmo disse a Nicodemos: “Quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus”. Quem optou por Jesus pratica o bem e daí a correlação entre crer e agir. Há, de fato, um comportamento que revela a identidade do cristão com o Mestre que é o enviado do Pai. Esta é uma questão séria que deveria levar o fiel a se interrogar sempre: “Como agiria Jesus nesta circunstância”? Daí a sabedoria que existe na conhecida prece: “Jesus manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso”! Isto porque o movimento que leva a uma fé viva em Jesus resulta de uma contemplação tendo em vista um Ser vivo que ressuscitou dos mortos e deixou exemplos magníficos, por ser Ele o caminho. De fato, crer em Jesus é manifestar uma fé que exige ação. Claríssimas as palavras de São João: “Quem diz que está nele deve igualmente caminhar como ele caminhou” (1 Jo 2,6). Como realizar este ideal plenamente? O amor a Deus e ao próximo e as boas obras trazem a reposta e uma compreensão profunda do que significa crer em Jesus. Entretanto, nunca tergiversar ou se deixar levar pelo medo de perder a confiança naquele que é a única salvação. É preciso simplesmente dizer a Ele: “Creio, Senhor, mas aumenta a minha fé”. Ele tornará então seu seguidor tranqüilo, sereno, imperturbável, apesar das dificuldades da peregrinação terrestre entremeadas de aliciações do espírito maligno que tenta sempre minar a união com ele que é o Mestre divino. Basta reforçar a fé pelas ações, porque como bem disse São Tiago “a fé sem as obras é morta”, tendo acrescentado este apóstolo: “Mostra-me a tua fé sem as obras, que eu por meio de minhas obras, mostrar-te-ei a fé” (Tg 2,17-19). Apenas assim quem crê no Filho unigênito de Deus terá a vida eterna. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Notável o testemunho que Cristo ofereceu a Nicodemos: “Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Crer em Jesus de todo coração, tendo nele uma confiança absoluta, permite perceber sua ação na vida cotidiana que fica imersa na sua pessoa, cuja doutrina clarifica toda a existência de quem foi batizado. Aí está a essência da fé cristã. Crer nele é ter a vida eterna, dado que Ele é o Cristo, o Messias enviado por Deus, o Salvador que se imolou no alto de uma Cruz. Tal a declaração vibrante de São Pedro perante o Sinédrio, mostrando que o Verbo de Deus Encarnado é a pedra angular “e em nenhum outro existe a salvação, pois não há sob o céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (Atos 4,11-12). Cumpre, porém, penetrar fundo no sentido desta sublime verdade. Um verdadeiro seguidor de Cristo que professa nele uma crença arraigada vive em função dele e para Ele, calcando todos os seus pensamentos, toda a sua vontade, todos os seus atos nele, vivendo em plenitude Sua doutrina. Ele deve ser então o único referencial da existência e daí uma abominação sincera, coerente, perseverante de tudo que não se coaduna com o Evangelho. O cristianismo é, antes de tudo, e sobretudo, Jesus Cristo e a comunhão com Ele. Em conseqüência quem se diz cristão não pode admitir os desvios morais que campeiam por toda parte e se disseminam pelos meios de comunicação social. Precisa ser um profeta que tenha coragem de denunciar os erros, embora tente com diplomacia e tato trazer para os caminhos do bem aqueles que se acham transviados, orando por eles e, mormente, dando o testemunho de vida. A inserção em Jesus é a garantia do depoimento de que vale a pena se identificar com Ele na alheta de São Paulo: “Já não sou eu que vive é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Esta atitude resolve todas as possíveis incertezas. Com efeito, Jesus não passa a ser uma pessoa criada pela imaginação do cristão, mas se dá uma adesão ao próprio Verbo de Deus Encarnado, imagem do Deus Invisível. Não ocorre neste caso a dicotomia entre o Jesus histórico e o Jesus da fé, dado que a união é com a Pessoa divina que se encarnou, se fez homem e se sacrificou pela humanidade pecadora. Deste modo nenhum obstáculo surge no caminho de quem acredita neste Mestre extraordinário, inigualável, jamais superado através dos tempos. É que a relação interpessoal é o segredo para abordar em plenitude o famoso Rabi da Galiléia. Tudo então que na Bíblia se refere a Cristo Messias e tudo que a Igreja fala sobre ele, ratificando os sábios dizeres de teólogos firmes na ortodoxia, serve, isto sim, para solidificar a fé naquele que é a “luz dos homens” (Jo 1,3). É que Jesus de Nazaré é o Messias, não um rabino qualquer que explicou as Escrituras. Ele ensinou com autoridade (Mc 1,22). Donde resulta que se converter a Deus é seguir Jesus e Ele mesmo disse a Nicodemos: “Quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus”. Quem optou por Jesus pratica o bem e daí a correlação entre crer e agir. Há, de fato, um comportamento que revela a identidade do cristão com o Mestre que é o enviado do Pai. Esta é uma questão séria que deveria levar o fiel a se interrogar sempre: “Como agiria Jesus nesta circunstância”? Daí a sabedoria que existe na conhecida prece: “Jesus manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso”! Isto porque o movimento que leva a uma fé viva em Jesus resulta de uma contemplação tendo em vista um Ser vivo que ressuscitou dos mortos e deixou exemplos magníficos, por ser Ele o caminho. De fato, crer em Jesus é manifestar uma fé que exige ação. Claríssimas as palavras de São João: “Quem diz que está nele deve igualmente caminhar como ele caminhou” (1 Jo 2,6). Como realizar este ideal plenamente? O amor a Deus e ao próximo e as boas obras trazem a reposta e uma compreensão profunda do que significa crer em Jesus. Entretanto, nunca tergiversar ou se deixar levar pelo medo de perder a confiança naquele que é a única salvação. É preciso simplesmente dizer a Ele: “Creio, Senhor, mas aumenta a minha fé”. Ele tornará então seu seguidor tranqüilo, sereno, imperturbável, apesar das dificuldades da peregrinação terrestre entremeadas de aliciações do espírito maligno que tenta sempre minar a união com ele que é o Mestre divino. Basta reforçar a fé pelas ações, porque como bem disse São Tiago “a fé sem as obras é morta”, tendo acrescentado este apóstolo: “Mostra-me a tua fé sem as obras, que eu por meio de minhas obras, mostrar-te-ei a fé” (Tg 2,17-19). Apenas assim quem crê no Filho unigênito de Deus terá a vida eterna. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
A cura do leproso
A CURA DO LEPROSO
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
As curas físicas operadas por Jesus representam no plano corporal as curas que Ele deseja realizar no plano espiritual. No caso do leproso (Mc 1,40-45) está bem simbolizada a lepra moral que é o pecado que pode ser sanado pela graça e pelo seu amor misericordioso. Na narração do Evangelho aquele pobre doente caiu de joelhos para pedir sua purificação, bem mostrando isto a atitude que deve ter o cristão, ou seja, orar intensamente para obter a ajuda necessária para vencer os males do corpo e da alma. Para que um enfermo possa ser sarado deve se reconhecer possuído de uma doença, pois, do contrário, não procurará o médico e os medicamentos não lhe serviriam para nada. Reconhecer que se é portador de uma moléstia é o primeiro passo para se procurar a cura. No plano espiritual quem se julga santo, isento de qualquer falta ética não se dirige ao Redentor e fica preso, escravo de suas prevaricações. Cumpre a honestidade e a humildade para que se reconheçam as próprias imperfeições. Davi proclamou claramente: “Um coração contrito e humilhado Deus não despreza” (Sl 50). Grande deve ser realmente a confiança no Senhor sempre bondoso. Impressionante o que Jesus afiançou: “Não precisam de médicos os sãos, mas os doentes; não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mc 2,17). É de se notar que, não obstante a lepra fosse uma moléstia repugnante, Cristo não coloca o leproso à distância. Não obstante a chagas repugnantes, apesar dos olhares dos circunstantes, Ele se aproximou daquele doente do mesmo modo que Ele recebe cada um de seus discípulos ainda que repletos de culpas. A lepra espiritual não afasta o Redentor, contando que haja a boa disposição de mudança de vida. Daqueles que um dia, porém, o queriam apedrejar, deles e de sua cidade ele se apartou, como aconteceu em Jerusalém: “Pegaram então em pedras para lhas atirar. Jesus, porém, se ocultou e saiu do templo”. (Jo 8,59). Ele ajuda quem quer sinceramente seu auxílio. O leproso foi até Ele e prostrou-se por terra deixando bem claro seu profundo anelo de cura. Claríssimas as orientações do Mestre divino: “Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Porque todo que pede, recebe, e o que busca encontra, e ao que bate abrir-se-á” (Mt 7,7-8). Poderes celestes estão à disposição dos que confiam nas palavras do Mestre divino. Este, porém, deve ser abordado com humildade. O miraculado foi sábio: “Se queres, tens o poder de curar-me”. Muitos, por vezes, se dirigem ao Ser Supremo numa atitude de verdadeira imposição, sendo de bom alvitre, pelo menos no íntimo do coração, deixar implícito para Deus que seja feita sua vontade e não a de quem suplica. Ele é quem sabe o que é melhor para cada um, mas, é certo, que, se o que se pede não for para o bem da salvação própria e do próximo, Ele, na sua munificência infinita, dará graça ainda maior do que a instada. Algo não muito louvável no leproso curado foi que ele, apesar da recomendação de Jesus não deixou de apregoar o milagre, dado que “ele foi e começou a contar e a divulgar muito do fato”. É preciso primeiro no silêncio de uma prece sincera agradecer ao Benfeitor divino as graças alcançadas num gesto de gratidão, de reconhecimento, de louvor. Perde-se facilmente uma bênção do céu quando, nem bem agradeceu ao Criador, alguém sai divulgando o acontecimento, mais para se mostrar do que para glorificar ao Senhor. Maria, no seu hino gratulatório afirmou diante de Isabel que Deus nela realizara grandes maravilhas, mas o fez apenas porque a Mãe de João Batista havia antes elogiado sua fé profunda. É necessário ainda, a exemplo daquele leproso que foi curado por Jesus prostrar-se a seus pés envoltos no fervor, na humildade, na confiança no amor, no abandono à sua vontade santíssima e sapientíssima Ele conhece as regiões inexploradas de cada coração e seu olhar clarifica e purifica contanto que se vá a Ele com desejos sinceros de cura. Ele não se manifestou como um mágico vindo do além. Ele deseja que seus dons integrem o fiel na misericórdia do Pai, estabelecido firmemente em seu amor. Todas estas reflexões patenteiam que o cristão pode e deve viver na alegria porque conta sempre com a proteção daquele que tem poder sobre todos os males, tendo afirmado peremptoriamente: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância!” (Jo 10,10). É por isto que, como mostrou São Marcos, “de toda parte vinham procurá-lo” (Mc 1, 45). Imitemos os seus contemporâneos e junto dele depararemos a saúde corporal e espiritual, muita paz e felicidade. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
As curas físicas operadas por Jesus representam no plano corporal as curas que Ele deseja realizar no plano espiritual. No caso do leproso (Mc 1,40-45) está bem simbolizada a lepra moral que é o pecado que pode ser sanado pela graça e pelo seu amor misericordioso. Na narração do Evangelho aquele pobre doente caiu de joelhos para pedir sua purificação, bem mostrando isto a atitude que deve ter o cristão, ou seja, orar intensamente para obter a ajuda necessária para vencer os males do corpo e da alma. Para que um enfermo possa ser sarado deve se reconhecer possuído de uma doença, pois, do contrário, não procurará o médico e os medicamentos não lhe serviriam para nada. Reconhecer que se é portador de uma moléstia é o primeiro passo para se procurar a cura. No plano espiritual quem se julga santo, isento de qualquer falta ética não se dirige ao Redentor e fica preso, escravo de suas prevaricações. Cumpre a honestidade e a humildade para que se reconheçam as próprias imperfeições. Davi proclamou claramente: “Um coração contrito e humilhado Deus não despreza” (Sl 50). Grande deve ser realmente a confiança no Senhor sempre bondoso. Impressionante o que Jesus afiançou: “Não precisam de médicos os sãos, mas os doentes; não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mc 2,17). É de se notar que, não obstante a lepra fosse uma moléstia repugnante, Cristo não coloca o leproso à distância. Não obstante a chagas repugnantes, apesar dos olhares dos circunstantes, Ele se aproximou daquele doente do mesmo modo que Ele recebe cada um de seus discípulos ainda que repletos de culpas. A lepra espiritual não afasta o Redentor, contando que haja a boa disposição de mudança de vida. Daqueles que um dia, porém, o queriam apedrejar, deles e de sua cidade ele se apartou, como aconteceu em Jerusalém: “Pegaram então em pedras para lhas atirar. Jesus, porém, se ocultou e saiu do templo”. (Jo 8,59). Ele ajuda quem quer sinceramente seu auxílio. O leproso foi até Ele e prostrou-se por terra deixando bem claro seu profundo anelo de cura. Claríssimas as orientações do Mestre divino: “Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Porque todo que pede, recebe, e o que busca encontra, e ao que bate abrir-se-á” (Mt 7,7-8). Poderes celestes estão à disposição dos que confiam nas palavras do Mestre divino. Este, porém, deve ser abordado com humildade. O miraculado foi sábio: “Se queres, tens o poder de curar-me”. Muitos, por vezes, se dirigem ao Ser Supremo numa atitude de verdadeira imposição, sendo de bom alvitre, pelo menos no íntimo do coração, deixar implícito para Deus que seja feita sua vontade e não a de quem suplica. Ele é quem sabe o que é melhor para cada um, mas, é certo, que, se o que se pede não for para o bem da salvação própria e do próximo, Ele, na sua munificência infinita, dará graça ainda maior do que a instada. Algo não muito louvável no leproso curado foi que ele, apesar da recomendação de Jesus não deixou de apregoar o milagre, dado que “ele foi e começou a contar e a divulgar muito do fato”. É preciso primeiro no silêncio de uma prece sincera agradecer ao Benfeitor divino as graças alcançadas num gesto de gratidão, de reconhecimento, de louvor. Perde-se facilmente uma bênção do céu quando, nem bem agradeceu ao Criador, alguém sai divulgando o acontecimento, mais para se mostrar do que para glorificar ao Senhor. Maria, no seu hino gratulatório afirmou diante de Isabel que Deus nela realizara grandes maravilhas, mas o fez apenas porque a Mãe de João Batista havia antes elogiado sua fé profunda. É necessário ainda, a exemplo daquele leproso que foi curado por Jesus prostrar-se a seus pés envoltos no fervor, na humildade, na confiança no amor, no abandono à sua vontade santíssima e sapientíssima Ele conhece as regiões inexploradas de cada coração e seu olhar clarifica e purifica contanto que se vá a Ele com desejos sinceros de cura. Ele não se manifestou como um mágico vindo do além. Ele deseja que seus dons integrem o fiel na misericórdia do Pai, estabelecido firmemente em seu amor. Todas estas reflexões patenteiam que o cristão pode e deve viver na alegria porque conta sempre com a proteção daquele que tem poder sobre todos os males, tendo afirmado peremptoriamente: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância!” (Jo 10,10). É por isto que, como mostrou São Marcos, “de toda parte vinham procurá-lo” (Mc 1, 45). Imitemos os seus contemporâneos e junto dele depararemos a saúde corporal e espiritual, muita paz e felicidade. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Santuário de Santa Rita na França
SANTUÁRIO DE SANTA RITA NA FRANÇA.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho, membro da Academia Mineira de Letras.
Santa Rita de Cássia é mesmo uma santa universal. Venerada em templos nas mais diversas regiões do globo, em Vendeville, próximo à cidade de Lille no norte da França ela possui um santuário que vem atraindo milhares de fiés. Em 1926 o célebre jornal « La Croix » de Paris noticiou que uma habitante de Lille, Jeanne Dupersin, querendo exprimir sua gratidão a Santa Rita por uma grande graça obtida, anunciou que desejava que fosse constuída uma Igreja na região de Lille na qual colocaria uma imagem desta santa. O Pároco responsável por Vendeville se interessou pelo projeto. Mal sabia ele que seria ele o instrumento providencial que incrementaria aí. o fervor religioso. O Pe. Dumortier organizou uma bênção solene da imagem e depois erigiu uma confraria de Santa Rita em Vendeville. Obteve uma relíquia da santa vinda do mosteiro de Cassia. O culto se desenvolvou rapidamente sem a mínima publicidade Peregrinos começaram a visitar o novo templo a partir de 1928, todos desejosos de obter o socorro nas dificuldade da vida através da proteção de Santa Rita. Daí por diante, durante todo o ano, as peregrinações ininterruptamente se sucederam, mormente aos sábados e domingos. Nestes dias o templo fica inteiramente repleto. Uma concorridíssima novena prepara a festa do dia 22 de maio, dia em que ônibus de várias partes chegam trazendo os fiéis. Há a tradicional celebração da bênção das rosas que representam as graças que a notável santa obtem junto de Deus. O site da Igreja em Vendeville recebe e-mails dos mais longíquos países como do Congo, das Antilhas, da Iha Maurício. Pedidos de prece são enviados e recebem a bênção do Pe. Jean-Marie Bonniez que é o atual capelão a serviço dos louvores ritianos. E de se notar que Vendeville está situada numa região cuja população muito sofreu. A vida das minas ao redor de Lens, Douai, Valeciannes e nas usinas texteis de Lille, Roubaix, Tourcoing era penosa. Isto marcou os habitantes desta parte da França. Perante as dificuldades, após a edificaçao da Igreja, partiu então de boca em boca uma solução : « Vamos a Santa Rida em Vendeville , ela nos ajudará ! » Auxílios tão poderosos que têm modificado a vida das pessoas, tirando a muitos dos vícios, sobretudo da embriaguez. Tantas maravilhas espirituais a santificarem uma população sofrida, mas sempre confiante na proteção de Santa Rita. Por ter esta santa enfrentado tantas provações em sua existência ela se identifica com os que padecem os mais diversos males. Os exemplos que Santa Rita deixou inflamam de coragem os seus devotos que passam a imitá-la, obtendo sobretudo a graça de amar a Jesus crucificado como ela O soube amar. Amor a este Jesus que oferece a todos uma dileção infinitamente misericordiosa e que Santa Rita soube tão bem experimentar nos instantes mais cruciais de sua existência. Centenas de homens e mulheres percebem sua esperança redobrada tendo diante de si uma santa que soube entender magnificamente a mensagem do divino crucificado. Santa Rita impede sempre qualquer tipo de desespero. Seus devotos abrem seus corações nas dimensões do coração de Cristo. Santa Rita faz arder no coração dos que nela confiam a chama de uma fé profunda, de uma esperança inabalável e de uma caridade sem limites. Na escola de Santa Rita se formam, de fato, cristãos renovados que se tornam apóstolos e influenciam o meio em que vivem. Eis porque se tornou tão importante para a região de Lille este santuário francês dedicado à extraordinária santa italiana. Vandevilelle está a sete quilômetros de Lille e o autor destas linhas irá lá em julho próximo e há de orar por Viçosa e por todos os viçosenses, a ela que é a Padroeira de todo este Município. Se Deus assim o permitir dia 8 de julho concelebrará neste santuário a Santa Missa colocando de modo especial a intenção de todos. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho, membro da Academia Mineira de Letras.
Santa Rita de Cássia é mesmo uma santa universal. Venerada em templos nas mais diversas regiões do globo, em Vendeville, próximo à cidade de Lille no norte da França ela possui um santuário que vem atraindo milhares de fiés. Em 1926 o célebre jornal « La Croix » de Paris noticiou que uma habitante de Lille, Jeanne Dupersin, querendo exprimir sua gratidão a Santa Rita por uma grande graça obtida, anunciou que desejava que fosse constuída uma Igreja na região de Lille na qual colocaria uma imagem desta santa. O Pároco responsável por Vendeville se interessou pelo projeto. Mal sabia ele que seria ele o instrumento providencial que incrementaria aí. o fervor religioso. O Pe. Dumortier organizou uma bênção solene da imagem e depois erigiu uma confraria de Santa Rita em Vendeville. Obteve uma relíquia da santa vinda do mosteiro de Cassia. O culto se desenvolvou rapidamente sem a mínima publicidade Peregrinos começaram a visitar o novo templo a partir de 1928, todos desejosos de obter o socorro nas dificuldade da vida através da proteção de Santa Rita. Daí por diante, durante todo o ano, as peregrinações ininterruptamente se sucederam, mormente aos sábados e domingos. Nestes dias o templo fica inteiramente repleto. Uma concorridíssima novena prepara a festa do dia 22 de maio, dia em que ônibus de várias partes chegam trazendo os fiéis. Há a tradicional celebração da bênção das rosas que representam as graças que a notável santa obtem junto de Deus. O site da Igreja em Vendeville recebe e-mails dos mais longíquos países como do Congo, das Antilhas, da Iha Maurício. Pedidos de prece são enviados e recebem a bênção do Pe. Jean-Marie Bonniez que é o atual capelão a serviço dos louvores ritianos. E de se notar que Vendeville está situada numa região cuja população muito sofreu. A vida das minas ao redor de Lens, Douai, Valeciannes e nas usinas texteis de Lille, Roubaix, Tourcoing era penosa. Isto marcou os habitantes desta parte da França. Perante as dificuldades, após a edificaçao da Igreja, partiu então de boca em boca uma solução : « Vamos a Santa Rida em Vendeville , ela nos ajudará ! » Auxílios tão poderosos que têm modificado a vida das pessoas, tirando a muitos dos vícios, sobretudo da embriaguez. Tantas maravilhas espirituais a santificarem uma população sofrida, mas sempre confiante na proteção de Santa Rita. Por ter esta santa enfrentado tantas provações em sua existência ela se identifica com os que padecem os mais diversos males. Os exemplos que Santa Rita deixou inflamam de coragem os seus devotos que passam a imitá-la, obtendo sobretudo a graça de amar a Jesus crucificado como ela O soube amar. Amor a este Jesus que oferece a todos uma dileção infinitamente misericordiosa e que Santa Rita soube tão bem experimentar nos instantes mais cruciais de sua existência. Centenas de homens e mulheres percebem sua esperança redobrada tendo diante de si uma santa que soube entender magnificamente a mensagem do divino crucificado. Santa Rita impede sempre qualquer tipo de desespero. Seus devotos abrem seus corações nas dimensões do coração de Cristo. Santa Rita faz arder no coração dos que nela confiam a chama de uma fé profunda, de uma esperança inabalável e de uma caridade sem limites. Na escola de Santa Rita se formam, de fato, cristãos renovados que se tornam apóstolos e influenciam o meio em que vivem. Eis porque se tornou tão importante para a região de Lille este santuário francês dedicado à extraordinária santa italiana. Vandevilelle está a sete quilômetros de Lille e o autor destas linhas irá lá em julho próximo e há de orar por Viçosa e por todos os viçosenses, a ela que é a Padroeira de todo este Município. Se Deus assim o permitir dia 8 de julho concelebrará neste santuário a Santa Missa colocando de modo especial a intenção de todos. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
O ZELO PELA CASA DE DEUS
ZELO PELA CASA DE DEUS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O episódio dos vendilhões do Templo (Jo 2,14-25 oferece ocasião para que se levante uma questão da qual resulta um ensinamento preciosíssimo: “Porque Cristo agiu tão violentamente”? Ele improvisou um chicote de cordas e expulsou a todos do templo, derrubando as mesas dos cambistas. Poder-se-ia pensar que a reação de Jesus não correspondia à sua mensagem de paz e de amor. Ele ensinara a ter comiseração, paciência diante do agressor. Ele pregou a não-violência e daria exemplo extremo indo como um Cordeiro para o lugar de sua morte. No lugar de protestar e ameaçar seus perseguidores ele rogaria ao Pai que os perdoasse porque não sabiam o que estavam fazendo lá no Calvário. Ali no templo, porém, a situação era diferente. Ele não se sente pessoalmente atacado, mas, pelo contrário, percebeu que seu Pai era maltratado por práticas indignas de um local destinado exatamente ao culto divino. Seu amor pelo Pai o forçou a reagir e Ele não poderia compactuar com aquela profanação do lugar sagrado. Cristo mostrou que os direitos de Deus são sagrados, não podem ser negligenciados. Isto vem lembrar a todo aquele que tem fé e freqüenta as Igrejas a grande reverência que se deve ter no recinto dedicado a Deus e à veneração de Maria, anjos e santos, tanto mais que a presença de Jesus na Eucaristia exige, de fato, uma compostura especial, um notável recato que demonstre, realmente, o amor ao Divino Prisioneiro do Sacrário. O cuidado, porém, não é apenas com o templo no qual a comunidade se reúne para louvar e agradecer ao Pai, mas também o santuário vivo que é a alma em estado de graça. Claríssimas as palavras de Jesus: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele morada" (Jo 14,23). A Trindade mora no fiel como num templo vivo. Daí a necessidade imperiosa de preservar a alma das impurezas, dos despudores deste mundo hedonista, injusto, que menoscaba os dez mandamentos da Lei divina com uma horripila audácia e refinada malícia Qualquer pecado é uma irreverência para com o Hóspede divino, cuja presença é afastada pelas faltas graves. As drogas, a bebida, as imoralidades, a violência, a glutonaria maculam esta Casa do Ser Supremo. Esta deve ser engalanada, embelezada com a prática de todas as virtudes. A habitação de Deus na alma em estado de graça não deve ser entendida como aquela presença segundo a qual a imensidade divina está ontologicamente em tudo como lemos no livro Atos dos Apóstolos: “Nele nós existimos, nos movemos e somos” (At 17,28), envolvendo, portanto, os bons e os maus, respeitando em todos a liberdade de o aceitar ou não. Esta habitação não deve também ser entendida como uma presença resultante da operação ou da infusão da graça e dos dons sobrenaturais naqueles que se dispõem a recebê-los, mas como uma união interior real, decorrente da descida das Três Pessoas divinas na alma. Com efeito, os justos, além da graça e dos dons, possuem de modo especial a Deus morando dentro de si. Não se trata, assim, de uma união metafórica que não ultrapassa as palavras ou que consistiria numa mera analogia. É união verdadeira e real. Eis por que o verdadeiro cristão vive e se sente na presença especial do Ser Supremo, se percebe amado por Ele de modo especial, e faz tudo, as menores atividades, em Sua honra e glória. Daí o significado profundo do sinal da cruz pronunciado em nome das Três Pessoas divinas não rotineiramente, mecanicamente, mas como um ato de consagração daquilo que se vai fazer. Durante o dia o hóspede divino não fica então esquecido e o “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo” se torna uma rápida, mas santificadora visita a quem reside lá dentro de cada um. Disto resulta o cuidado em se evitar toda e qualquer ocasião de pecado e tudo que possa macular o corpo e a alma tão unidos ao Deus três vezes santo. Com isto a vida se transcorre com serenidade, paz, imperturbabilidade e sem tensões prejudiciais à pessoa, havendo total equilíbrio psicossomático. Não se deve, portanto, jamais profanar a casa de Deus e vale sempre o alerta de São Paulo: “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós: Ora quem desonra o templo de Deus, Deus não o abençoará. Porque sagrado é o templo de Deus e tal templo sois vós” (1Cor 3,16-17). Como se pode notar o Apóstolo repete o termo templo quatro vezes para bem fixar esta maravilhosa realidade. De todas estas reflexões resulta, portanto, a reverência não só nas Igrejas como respeito a si mesmo e aos outros. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O episódio dos vendilhões do Templo (Jo 2,14-25 oferece ocasião para que se levante uma questão da qual resulta um ensinamento preciosíssimo: “Porque Cristo agiu tão violentamente”? Ele improvisou um chicote de cordas e expulsou a todos do templo, derrubando as mesas dos cambistas. Poder-se-ia pensar que a reação de Jesus não correspondia à sua mensagem de paz e de amor. Ele ensinara a ter comiseração, paciência diante do agressor. Ele pregou a não-violência e daria exemplo extremo indo como um Cordeiro para o lugar de sua morte. No lugar de protestar e ameaçar seus perseguidores ele rogaria ao Pai que os perdoasse porque não sabiam o que estavam fazendo lá no Calvário. Ali no templo, porém, a situação era diferente. Ele não se sente pessoalmente atacado, mas, pelo contrário, percebeu que seu Pai era maltratado por práticas indignas de um local destinado exatamente ao culto divino. Seu amor pelo Pai o forçou a reagir e Ele não poderia compactuar com aquela profanação do lugar sagrado. Cristo mostrou que os direitos de Deus são sagrados, não podem ser negligenciados. Isto vem lembrar a todo aquele que tem fé e freqüenta as Igrejas a grande reverência que se deve ter no recinto dedicado a Deus e à veneração de Maria, anjos e santos, tanto mais que a presença de Jesus na Eucaristia exige, de fato, uma compostura especial, um notável recato que demonstre, realmente, o amor ao Divino Prisioneiro do Sacrário. O cuidado, porém, não é apenas com o templo no qual a comunidade se reúne para louvar e agradecer ao Pai, mas também o santuário vivo que é a alma em estado de graça. Claríssimas as palavras de Jesus: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele morada" (Jo 14,23). A Trindade mora no fiel como num templo vivo. Daí a necessidade imperiosa de preservar a alma das impurezas, dos despudores deste mundo hedonista, injusto, que menoscaba os dez mandamentos da Lei divina com uma horripila audácia e refinada malícia Qualquer pecado é uma irreverência para com o Hóspede divino, cuja presença é afastada pelas faltas graves. As drogas, a bebida, as imoralidades, a violência, a glutonaria maculam esta Casa do Ser Supremo. Esta deve ser engalanada, embelezada com a prática de todas as virtudes. A habitação de Deus na alma em estado de graça não deve ser entendida como aquela presença segundo a qual a imensidade divina está ontologicamente em tudo como lemos no livro Atos dos Apóstolos: “Nele nós existimos, nos movemos e somos” (At 17,28), envolvendo, portanto, os bons e os maus, respeitando em todos a liberdade de o aceitar ou não. Esta habitação não deve também ser entendida como uma presença resultante da operação ou da infusão da graça e dos dons sobrenaturais naqueles que se dispõem a recebê-los, mas como uma união interior real, decorrente da descida das Três Pessoas divinas na alma. Com efeito, os justos, além da graça e dos dons, possuem de modo especial a Deus morando dentro de si. Não se trata, assim, de uma união metafórica que não ultrapassa as palavras ou que consistiria numa mera analogia. É união verdadeira e real. Eis por que o verdadeiro cristão vive e se sente na presença especial do Ser Supremo, se percebe amado por Ele de modo especial, e faz tudo, as menores atividades, em Sua honra e glória. Daí o significado profundo do sinal da cruz pronunciado em nome das Três Pessoas divinas não rotineiramente, mecanicamente, mas como um ato de consagração daquilo que se vai fazer. Durante o dia o hóspede divino não fica então esquecido e o “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo” se torna uma rápida, mas santificadora visita a quem reside lá dentro de cada um. Disto resulta o cuidado em se evitar toda e qualquer ocasião de pecado e tudo que possa macular o corpo e a alma tão unidos ao Deus três vezes santo. Com isto a vida se transcorre com serenidade, paz, imperturbabilidade e sem tensões prejudiciais à pessoa, havendo total equilíbrio psicossomático. Não se deve, portanto, jamais profanar a casa de Deus e vale sempre o alerta de São Paulo: “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós: Ora quem desonra o templo de Deus, Deus não o abençoará. Porque sagrado é o templo de Deus e tal templo sois vós” (1Cor 3,16-17). Como se pode notar o Apóstolo repete o termo templo quatro vezes para bem fixar esta maravilhosa realidade. De todas estas reflexões resulta, portanto, a reverência não só nas Igrejas como respeito a si mesmo e aos outros. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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