O ENVIO MISSIONÁRIO DOS APÓSTOLOS
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
São
Marcos mostrou como Jesus ofereceu uma sublime missão aos doze Apóstolos
(Mc 6, 7-13). Dois a dois pela primeira
vez os envia como evangelizadores. É Cristo, o divino missionário que chama
cada um dos cristãos e lhe confia um grande ministério. Isto fica também claro
no evangelho de São João: onde lemos que Jesus dirá a seus discípulos: “Não fostes
vós que escolhestes a mim, fui eu que vos escolhi a vós e vos constitui, para
que vades e produzais fruto...” (Jo 15,16) Isto é maravilhoso, mas significa
uma grande responsabilidade de se saber comissionado pelo Filho de Deus na
difusão de seu reino nesta terra. Uma certeza, porém, tem o cristão, a saber,
que ele não está sozinho, mas que Jesus está com ele e nele, É Ele que se está
a anunciar e isto ocorre por meio da ação e das palavras de seus seguidores. Eis
porque Ele prescreveu que não se levasse nada, a não um simples cajado, nem
pão, nem alforje, nem dinheiro no cinto Esta pobreza do apóstolo não somente
pobreza material, mostra bem que ele leva um tesouro em vasos frágeis. Isto
significa que não se deve pretender tocar o coração das pessoa através de talentos
pessoais, ou qualquer artifício literário, mas unicamente contando com a graça
de Deus. Cumpre ser sempre um instrumento humilde nas mãos divinas e maravilhas
de conversão se darão sempre no campo do apostolado. Quando alguém percebe que
é fraco é que se torna forte e rico do poder divino. Foi com esta humildade que
os apóstolos expulsavam muitos demônios e curavam com unções inúmeros doentes.
Viam assim o fruto de sua missão bem executada. Por vezes Deus não torna
visível o que Ele opera nos corações, mas o apóstolo não desanima, pois tem certeza
de que no momento oportuno virão os frutos daquilo que se plantou. Nem sempre a
palavra de Deus é acolhida, mas só o fato de se ter pregado em nome do Senhor é
um testemunho que poderá um dia germinar. A verdade é que todos os atos corretos
do cristão retêm uma mensagem de vida eterna. Cumpre ao batizado fazer um ato
de total abandono aos desígnios divinos para que Deus possa tocar os corações
através de um testemunho de vida verdadeiramente salutífero. Portanto, o itinerário
do seguidor de Cristo se dá numa pedagogia celestial, esteja ou não consciente disso
quem procura tudo realizar para glória de Deus e bem das almas. Por vezes a
confrontação com as forças do mal pode se tornar uma luta terrível, mas a
perseverança do cristão expulsa demônios que querem infestar a seara do Senhor.
Adversidades surgem para serem vencidas, seja aonde for. Assim sendo, para
proclamar as grandezas do reino de Jesus, antes de tudo e sobretudo, é preciso
o desapego dos bens terrenos para incutir nos outros o amor às riquezas celestiais.
Trata-se de um minimalismo que leva a simplificar a vida, eliminando os
excessos e mantendo apenas o que é essencial. Um salutar desejo de saber viver com
menos, numa liberação até do espaço físico. Quando Jesus instruiu os doze
primeiros missionários recomendando-lhes a levar poucas coisas consigo Ele
pregava o combate à cultura consumista tão acentuada em nossos dias, quando a
mídia lança a ideia de que uma vida boa é uma vida cheia de coisas supérfluas. Quando
o apóstolo tem menos coisas, segundo o Mestre divino, ele tem mais liberdade
para pregar o evangelho. Com menos coisas acumuladas à sua volta o dia a dia do
comunicador da Boa Nova pode estender sua comunicação por abrir assim espaços
para as mensagens de Jesus. O desapego das coisas materiais mostra que para o evangelizador
as pessoas são mais preciosas que as coisas e o essencial é viver em função das
realidades perenes que levam a uma vida eterna feliz junto de Deus. Menos
coisas e mais energia vital, eis o que é importante Jesus enviou os apóstolos
dois a dois mostrando assim também que o apostolado deve ser feito
comunitariamente numa alteridade salutar no anúncio da Boa Nova, tendo, como
foi dito, fecundidade não no apoio meramente material, ou seja, nem pão, nem
alforre, nem dinheiro, criando assim um espaço Àquele que tudo pode na medida
da fé do pregador. É assim, sem dúvida, que se proclama que um Outro é que
trabalha no apóstolo, nele e por ele. Este apóstolo abre então grandes espaços
para Cristo, tomado como Mestre e Amigo. Este humilde servidor do Evangelho tem
no reino de Deus o mais belo lugar, porque servir a Deus torna o homem livre
como Ele. Lembremos- nos, finalmente, que Jesus enviou seus apóstolos em número
de 12, número altamente simbólico que representa uma totalidade e uma universalidade.
De fato os batizados são enviados de
Deus que deseja agir através deles e, por isto, Jesus acentuou a importância
da simplicidade dos meios necessários à evangelização a ser vivida em comunidade
com o objetivo de fazer crescer o Reino de Deus nesta terra. Se somos cristãos
temos o mundo em nossas mãos * Professor
no Seminário de Mariana durante 40 anos.
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