MANIFESTAÇÕES DO
PODER MIRACULOSO DE JESUS
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Duas
manifestações do poder miraculoso de Jesus registra São Marcos (Mc 5,21-43).
Nessa narrativa devemos observar diferentes atitudes. Jesus tinha uma grande fama de miraculoso e
multidões acorriam a Ele. O evangelista destaca duas pessoas de meios sociais
bem diferentes, a saber, Jairo, chefe da sinagoga, portanto judeu praticante, e
uma mulher que não se sabe fosse praticante o não, mas que estava gravemente
enferma há doze anos e tudo já fizera para se curar, mas piorava cada vez mais.
Jairo, não obstante o cargo que ocupava, teve coragem de publicamente implorar
Jesus, pois o amor paterno o fez vencer todas as barreiras. A mulher agiu com
mais discrição e demonstrando uma fé um tanto mágica resolveu tocar as vestes
do célebre taumaturgo, como se as roupas é que curavam. A reação de Jesus foi
diversa, pois com Jairo ele parte logo em seguida, com a mulher, entretanto,
ele a faz se manifestar e indaga: “Quem me tocou?” Tratava-se da fé que não
deve nunca ser mágica, supersticiosa, dado que é a pessoa de Cristo que salva,
o encontro com Ele, a certeza de que Ele possui um poder divino. Isto se deu
quando a mulher se aproximou e laçando-se a seus pés declarou a Cristo todo o
seu problema. Esta fé afirmada valeu
para ela sua cura. Era a pessoa de Jesus
que a curara e não o que Ele trajava.
Tudo isto deve levar os fiéis a refletirem como se comportam em suas orações,
como se colocam diante do Santíssimo Sacramento, qual o significado das imagens
que trazem consigo ou têm em casa. É melhor ter Cristo fixo no coração do que
nos Crucifixos muitas vezes osculados até sem maior afeto ao divino Redentor.
Voltando, porém, à narrativa de São Marcos, enquanto Jesus continuava
caminhando para a casa de Jairo este recebeu a notícia de que a menina tinha
falecido. Para Jesus, contudo, ela apenas dormia Ele foi motivo de chacota por
parte dos circunstantes ao dizer isto. Ele, contudo, havia dito a Jairo: “Não
temas, basta ter fé”. Demonstrando seu poder divino tomou a doente pela mão e deu uma ordem:
“Menina, eu te mando, levanta-te”. Nele era preciso acreditar, não, porém, como
um homem poderoso, meramente milagroso, mas, sim, como quem era também o Filho
de Deus. Ele quer de seus seguidores uma
fé límpida, isenta de toda e qualquer crendice, Não basta ter o Terço de Nossa Senhora
dependurado dentro do automóvel, é preciso observar fielmente as leis do
trânsito para merecer em tudo a proteção da Mãe de Jesus a amparar contra todo
acidente. A fé que se tem em Cristo deve se expressar numa vida vivida com Ele,
fonte de todas as graças. Não adianta possuir as mais valiosas relíquias, se
não se tem um profundo amor a Deus. O mesmo se diga sobre a água benta. A ação
de Deus supõe portanto uma fé ardente, uma dileção profunda do amor divino e Ele
sabe discernir o que se passa na mente que O invoca diretamente ou através de
seus anjos e santos. Ao conceder suas graças Deus espera sempre uma
correspondência sincera daquele agraciado no sentido de fazer sua Palavra
conhecida e seguida e de se ter uma conduta fraternal sobretudo para com os
sofredores. A Deus devemos sempre orar: “Eu creio Senhor, mas ajuda a minha
incredulidade” (Mc 9,24). Deus quer sempre uma fé sincera, audaz, mas sem
alarido, alvoroço, tumulto, o que, aliás Ele censurou naqueles que pranteavam a
suposta morte da filha de Jairo. A prece confiante do cristão deve ser feita
com serenidade, fruto de uma reflexão madura, resultado de uma convicção
interior impregnada de confiança. Diante de Jesus a morte nunca terá a última
vitória, o que ficou bem demonstrado também no episódio na casa de Jairo. Quem
deu esta ordem era o Senhor da Vida e nele se pode confiar! Não nos esqueçamos,
contudo, que já para todos nós, se temos fé, cada instante é um encontro com
aquele que cura e salva. Cada dia no meio de nossas inquietudes, de nossas
tribulações, se prestamos atenção. percebemos Cristo a nos redizer: “Creia
somente”. Nada de se deixar abater pela febre do nosso coração, de se deixar
paralizar pelos retorno sobre si mesmo, desvitalizados pela falta de fé, É
prestar atenção e escutar Jesus a dar esta ordem: “Levanta-se “. É Jesus a
fortalecer, a reanimar, a encher de vida e de esperanças. Finalmente é de se
notar no término da narrativa de São Marcos que Jesus ‘mandou que dessem de
comer à menina que ele curara. Isto mostra também o que é a vida para Jesus, ou
seja o que ela é cm sua necessidade de se alimentar, de estar atento para
impedir as moléstias, as epidemias, a fome. Célebre ficou uma das orientações
luminosas do Papa Francisco, recomendando a “cultura do cuidado” para preservar
a dignidade humana e o meio ambiente, pois de fato, “não há paz sem a cultura
do cuidado”. É um dever saber cuidar da
vida * Professor no Seminário de Mariana
durante 40 anos
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