quinta-feira, 17 de junho de 2021

 

MANIFESTAÇÕES DO PODER MIRACULOSO DE JESUS

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Duas manifestações do poder miraculoso de Jesus registra São Marcos (Mc 5,21-43). Nessa narrativa devemos observar diferentes atitudes.  Jesus tinha uma grande fama de miraculoso e multidões acorriam a Ele. O evangelista destaca duas pessoas de meios sociais bem diferentes, a saber, Jairo, chefe da sinagoga, portanto judeu praticante, e uma mulher que não se sabe fosse praticante o não, mas que estava gravemente enferma há doze anos e tudo já fizera para se curar, mas piorava cada vez mais. Jairo, não obstante o cargo que ocupava, teve coragem de publicamente implorar Jesus, pois o amor paterno o fez vencer todas as barreiras. A mulher agiu com mais discrição e demonstrando uma fé um tanto mágica resolveu tocar as vestes do célebre taumaturgo, como se as roupas é que curavam. A reação de Jesus foi diversa, pois com Jairo ele parte logo em seguida, com a mulher, entretanto, ele a faz se manifestar e indaga: “Quem me tocou?” Tratava-se da fé que não deve nunca ser mágica, supersticiosa, dado que é a pessoa de Cristo que salva, o encontro com Ele, a certeza de que Ele possui um poder divino. Isto se deu quando a mulher se aproximou e laçando-se a seus pés declarou a Cristo todo o seu problema.  Esta fé afirmada valeu para ela sua cura. Era a  pessoa de Jesus que a curara e não  o que Ele trajava. Tudo isto deve levar os fiéis a refletirem como se comportam em suas orações, como se colocam diante do Santíssimo Sacramento, qual o significado das imagens que trazem consigo ou têm em casa. É melhor ter Cristo fixo no coração do que nos Crucifixos muitas vezes osculados até sem maior afeto ao divino Redentor. Voltando, porém, à narrativa de São Marcos, enquanto Jesus continuava caminhando para a casa de Jairo este recebeu a notícia de que a menina tinha falecido. Para Jesus, contudo, ela apenas dormia Ele foi motivo de chacota por parte dos circunstantes ao dizer isto. Ele, contudo, havia dito a Jairo: “Não temas, basta ter fé”. Demonstrando seu poder divino   tomou a doente pela mão e deu uma ordem: “Menina, eu te mando, levanta-te”. Nele era preciso acreditar, não, porém, como um homem poderoso, meramente milagroso, mas, sim, como quem era também o Filho de Deus.  Ele quer de seus seguidores uma fé límpida, isenta de toda e qualquer crendice, Não basta ter o Terço de Nossa Senhora dependurado dentro do automóvel, é preciso observar fielmente as leis do trânsito para merecer em tudo a proteção da Mãe de Jesus a amparar contra todo acidente. A fé que se tem em Cristo deve se expressar numa vida vivida com Ele, fonte de todas as graças. Não adianta possuir as mais valiosas relíquias, se não se tem um profundo amor a Deus. O mesmo se diga sobre a água benta. A ação de Deus supõe portanto uma fé ardente, uma dileção profunda do amor divino e Ele sabe discernir o que se passa na mente que O invoca diretamente ou através de seus anjos e santos. Ao conceder suas graças Deus espera sempre uma correspondência sincera daquele agraciado no sentido de fazer sua Palavra conhecida e seguida e de se ter uma conduta fraternal sobretudo para com os sofredores. A Deus devemos sempre orar: “Eu creio Senhor, mas ajuda a minha incredulidade” (Mc 9,24). Deus quer sempre uma fé sincera, audaz, mas sem alarido, alvoroço, tumulto, o que, aliás Ele censurou naqueles que pranteavam a suposta morte da filha de Jairo. A prece confiante do cristão deve ser feita com serenidade, fruto de uma reflexão madura, resultado de uma convicção interior impregnada de confiança. Diante de Jesus a morte nunca terá a última vitória, o que ficou bem demonstrado também no episódio na casa de Jairo. Quem deu esta ordem era o Senhor da Vida e nele se pode confiar! Não nos esqueçamos, contudo, que já para todos nós, se temos fé, cada instante é um encontro com aquele que cura e salva. Cada dia no meio de nossas inquietudes, de nossas tribulações, se prestamos atenção. percebemos Cristo a nos redizer: “Creia somente”. Nada de se deixar abater pela febre do nosso coração, de se deixar paralizar pelos retorno sobre si mesmo, desvitalizados pela falta de fé, É prestar atenção e escutar Jesus a dar esta ordem: “Levanta-se “. É Jesus a fortalecer, a reanimar, a encher de vida e de esperanças. Finalmente é de se notar no término da narrativa de São Marcos que Jesus ‘mandou que dessem de comer à menina que ele curara. Isto mostra também o que é a vida para Jesus, ou seja o que ela é cm sua necessidade de se alimentar, de estar atento para impedir as moléstias, as epidemias, a fome. Célebre ficou uma das orientações luminosas do Papa Francisco, recomendando a “cultura do cuidado” para preservar a dignidade humana e o meio ambiente, pois de fato, “não há paz sem a cultura do cuidado”.  É um dever saber cuidar da vida * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos

Nenhum comentário:

Postar um comentário