terça-feira, 25 de maio de 2021

 

01 DISTINTIVO DOS PARENTES DE JESUS

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Segundo São Marcos havendo muita gente assentada à volta de Jesus, disseram-lhe: “Olha, tua mãe e teus irmãos, estão ali fora procurando-te”. A resposta de Jesus deixou clara a dignidade de seu seguidor, pois Ele olhando todos que estavam a sua volta afirmou que quem faz a vontade de Deus, esse é para Ele irmão, irmã e mãe (Mc 3,32-35). Neste episódio é de se notar que os que pertenciam a sua família saíram de onde moravam para estar com Ele. Jesus, porém, num dinamismo admirável ampliou esta sua família com numerosos seguidores dilatando o espaço territorial daqueles que já lhe pertenciam pelo sangue. Dinâmica admirável que através dos séculos se daria, pois surgiriam milhares de discípulos de todas as nações. Um sem número procurando-O e milhares assentados a sua volta, para escutar seus sábios ensinamentos. Todos incrustrados solidamente nele, se gloriando de ser seus fiéis seguidores, tornando-se se disponíveis a tudo que dele recebem e se fazendo arautos de sua celestial doutrina. Como outrora, como relata o Evangelho de hoje, a todos Ele olha com muito amor. O importante é se deixar por Ele se instruir se predispondo a ser doutrinado por este Mestre divino. A ordem dele é “Escutai” (Mc 4,3) e duas vezes Ele insistirá: ´Quem tem ouvidos para ouvir que ouça” (Mc 4,9.23). Orientação firme atingindo a todos que entram no círculo de seus adeptos que Ele elevou à dignidade de serem seus familiares. Isto significa não apenas procurar sempre Jesus, mas também aderir a todo o projeto salvador do Filho de Deus, captando a profundidade do plano redentor. Jesus quando disse, referindo-se aos que estavam a sua volta, “Eis aí minha mãe, meus irmãos” conferiu um título de glória aos que lhe pertencem semelhante os que ostentavam o liame sagrado de sangue.  Todos, porém, incluídos no projeto salvador de seu reino neste mundo e no outro. Ele não exclui seus parentes de sangue, mas solenemente inclui a multidão que através dos tempos se diriam cristãos. Um admirável parentesco espiritual. O modo de ser de todos se distinguiria em fazer em tudo e acima de tudo a vontade de Deus. A vontade de Deus é que todos como sua Mãe, Maria Santíssima, fossem produtivos, dando frutos para a vida eterna. Jesus depois explicou o que significa fazer a vontade de Deus, ou seja, acolher e praticar tudo que o Ser Supremo ordena. Esse Deus que é Todo-poderoso, Criador do céu e da terra, que quis fazer o homem livre, sabia que este tantas vezes O desobedeceria, roubando a glória divina. Deus pode tudo, mas a liberdade de que dotou o ser racional o permite dele divergir, mas os que dele divergem não pertencem à família de Jesus, podendo, porém, nela se reintegrar pelo arrependimento e pela penitência. Tem então a possibilidade, antes de deixar este mundo, de voltar a fazer Sua vontade santíssima   para não estar por toda a eternidade longe dele. Infeliz daquele que não quer fazer a vontade de Deus, mas realizar suas próprias experiências, se afastando de seu Criador. Cumpre pedir sempre a Ele: “Senhor, ensina-me fazer Tua vontade (Sl 119,26). O certo é que deixados a si mesmos os seres racionais podem, porém, cair num triste impasse, perdidos, incapazes de discernir o bem e o mal, o desejável e o condenável. É preciso, portanto estar todos atentos procurando em tudo fazer a vontade Deus, como insistiu Jesus no Evangelho de hoje. Na Bíblia está palpitante a Lei divina. O desejo de Deus, sua vontade, comporta sempre uma parte de mistério, simplesmente porque ela se liga à pessoa humana e sua relação íntima, amorosa com este Deus que é Pai, Redentor e Iluminador. Como diz o Livro da Sabedoria o homem é incapaz por si mesmo de compreender a vontade de Deus e apreender o que Ele, de fato, exige (Sab 9,13). A vontade de Deus deve ser captada também lá no íntimo do coração numa meditação constante da Palavra revelada. A finalidade da mensagem divina é a felicidade de cada um. Não simplesmente a felicidade terrestre, mas a felicidade de viver com Ele e nele por toda a eternidade. Daí o fervor com que se devem repetir as palavras da oração que Jesus nos ensinou, dirigindo sinceramente cada um a Deus: “Seja feita a vossa vontade”. É fazendo a vontade divina que todos nos tornamos irmãos uns dos outros, filhos de Deus e irmãos de Jesus Cristo. Que a vontade de Deus se faça com sua graça, porque por nós mesmos somos incapazes de a praticar. A vontade de Deus não se resume, num mero desejo pessoal, mas na certeza absoluta de que Deus sábio, deve ser sempre obedecido, pois longe de seus desígnios só pode reinar a infelicidade. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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