OS VINHATEIROS
PERVERSOS
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Na
parábola dos vinhateiros perversos Jesus sintetiza a história da Aliança de
Deus com a humanidade (Mt 21,33-43). Para sua vinha de predileção, o país de
Israel Ele mandou os profetas que não foram bem recebidos e, até, mal tratados.
Na plenitude dos tempos numa derradeira manifestação de misericórdia Ele enviou
o seu próprio Filho, o verdadeiro herdeiro das promessas feitas a Abraão.
Cristo foi rejeitado, crucificado fora da Cidade e seus inimigos o mataram.
Entretanto. “a pedra que os construtores rejeitaram se tornou a pedra angular”.
O Reino de Deus se estenderia por toda a terra, pois esta pedra angular que é o
Messias, desprezado pelos chefes de Israel, uniria e sustentaria os membros do
edifício divino através dos tempos. Séculos afora, porém, novos maus
vinhateiros surgiriam, falsos profetas, arautos do erro que, deliberadamente
por malícia ou por ignorância, combateriam Jesus Cristo e sua obra redentora.
Revolta contra sua Igreja e as exigências do Evangelho e repugnância à
observância integral e verídica dos mandamentos sagrados. Todos os meios seriam
usados para enfraquecer sua doutrina, desqualificando seus seguidores, armando
campanhas caluniosas. Tentativas para denegrir os católicos, as legítimas
autoridades eclesiásticas, num uso satânico dos meios de comunicação social.
Tudo isto num desejo malévolo de marginalizar Jesus e seus fiéis seguidores.
Entretanto, a obra salvadora do Filho de Deus não ruiria por terra, pois o
Enviado do Pai afirmou que as portas do inferno não prevaleceriam contra sua
Igreja. É que há da parte de Deus um permanente desejo de salvar os seres
humanos, apesar da atuação das forças malignas desencadeadas por satanás. Este
se empenha em desestabilizar a fé no coração dos fiéis seguidores de Jesus, mas
a vitória será sempre daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. A obra
salvadora de Deus é imbatível, surpreendente, uma maravilha aos olhos dos que
têm fé e andam nas veredas da virtude e sabem que a esperança nas promessas
divinas não decepciona. Deus, porém, não isenta os justos da luta contra o
espírito do mal, mas lhes confere firmeza. Conta assim com os de boa vontade para
a construção de um mundo conforme os parâmetros do Evangelho e, através deles, demonstra
sempre os sinais de seu poder. É deste modo que os cristãos verdadeiros não
desfalecem e dão frutos para o Reino de Deus. O Vinhateiro divino conta, século
após séculos, com milhares de autênticos discípulos de Jesus a espalhar por
toda parte a mensagem da salvação eterna, ampliando o grande edifício edificado
sobre a Pedra Angular, Cristo Redentor, pedra sempre sólida por entre os
turbilhões da perversidade desencadeada por aqueles em cujo coração reina o
ódio contra Ele. Como bem salientou o notável teólogo Frei Jean-Christian
Lévêque “coragem nos vem para entrar nós
mesmos, na construção da casa de Deus”. Para que haja sempre esta fidelidade à
Pedra Angular pairam as palavras animadoras de Jesus: ”Procurai o Reino de Deus
e tudo mais vos será dado em acréscimo” (Mt 6,33), Deste modo, as ilusões
terrenas não impedem aos autênticos cristãos de serem pedras vivas unidas à
Pedra Angular e acontecimentos admiráveis ocorrem nesta terra. É porque há
milhares de bons vinhateiros, cristãos fervorosos por toda parte que o Reino de
Deus se mostra como uma edificação sólida É um lamentável erro o que diz certa
música ao afirmar que “hoje, se a vida, é tão ferida, deve-se a culpa, a
indiferença dos cristãos (sic).São inúmeros os bons cristãos que existem por toda
parte com pensamento elevados sempre para Deus com um coração ardente e uma
alma livre, almejando ser um vinhateiro fiel a seu Deus e Senhor. São aqueles
que cumprem o seu dever e suas boas obras os transforma em pedras luminosas no
edifício da Igreja seja onde estiverem. Há maus vinhateiros, mas, em
compensação, numerosos os que trabalham fielmente para o Reino de Deus. Sejamos
sempre de suas fileiras para glória de Deus e bem das almas. * Professor no Seminário de Mariana durante 40
anos
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