segunda-feira, 30 de outubro de 2017

LOUVORES A TODOS OS SANTOS

LOUVORES A TODOS OS SANTOS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Na solenidade dedicada a todos os santos elevam-se os pensamentos até à pátria celeste para festejar a multidão dos batizados de todas as raças, de todas as línguas e de todas as nações, os quais já gozam da visão beatífica. Apenas Deus a todos eles conhece. Louvores, portanto, não apenas àqueles que foram canonizados, muitos merecedores de especial devoção dos fiéis, mas também tantos parentes e amigos que viveram intensamente as bem-aventuranças (Mt 5, 1-12). Por sua fidelidade ao Evangelho e à Igreja foram nesta terra testemunhas de Cristo. Pelos seus exemplos despertaram onde estiveram a vontade da santidade, porque estiveram sempre em união com Deus no qual se encontra a plenitude da santificação humana, Ele a fonte de toda perfeição. Honrando todos os santos é deste modo, a Deus que se está prestando louvor. Além disto, ao se considerar a glória dos bem-aventurados pulsa nos corações dos que ainda caminham para a Jerusalém do alto o desejo de estar lá um dia na companhia dos que souberam optar pelo Reino de Deus. Com efeito, se homens e mulheres mortais, apesar de todas as dificuldades e sofrimentos, souberam conquistar o prêmio eterno, também os que ainda militam neste mundo não podem nem devem perder tal recompensa reservada aos conquistadores de um lugar na Casa do Pai. Se eles puderam, nós também conseguiremos um dia estar na companhia deles para glorificar o Senhor por toda a eternidade. Os santos se fizeram exemplos a serem seguidos e os devemos imitar, desprezando bens terrenos e almejando as beatitudes que realmente elevam e dignificam os seguidores de Cristo. Os santos no céu se regozijam pelos que se esforçam por viver santamente. Estes precisam levar outros a não perderem a felicidade eterna. Jesus foi claro: “Haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão” (Lc 15,7). Entretanto, todos os fiéis têm condições espirituais para serem santos e obedecer às ordens de Deus: “Sede santos, porque eu sou santo”, com está no Livro do Levítico (Le 1, 44-45), O termômetro e a essência desta santidade é o próprio Deus. Cristo foi também taxativo: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5,48). Nas bem-aventuranças desceu a detalhes sobre quem são aqueles que trilham este caminho que leva à verdadeira felicidade.  Bem-aventurados quanto à esperança que não permite haja desânimo na trajetória até a pátria definitiva. Felizes na virtude e na imperturbabilidade já degustadas nesta terra e que terá sua consumação na outra margem da vida. O escritor romano Cícero afirmou que ser feliz é, sem padecer mal algum, possuir o conjunto de todos os bens. Contudo o mundo e os filósofos e escritores pagãos colocaram a felicidade na opulência e não na pobreza, nos prazeres terrenos e não na pureza da consciência, no orgulho e não na mansidão. Falavam naqueles que choram pela perda de riquezas passageiras e não deplorando a perda dos bens espirituais, lágrimas santas que se opõem aos que riem e se alegram com prosperidades mundanas, Não souberam penetrar o sentido da misericórdia que vai ao encontro dos que sofrem. Não entenderam que a paz verdadeira flui da união da alma com Deus e se estende ao próximo e a toda sociedade, na concórdia total com os inimigos. Exaltavam os que tinham fome e sede da justiça humana e não poderiam compreende que ter fome e sede de justiça é misticamente ter fome e sede de Deus a quem se deve unir-se com todo amor. Não admitiam a paciência e, assim não podiam entender porque Jesus afirmou serem felizes os que padecem perseguição. Esta vem dos inimigos da verdade e dos naturais padecimentos do exílio terreno. Eis porque foi dito que obrar coisas difíceis era próprio dos romanos, mas padecer coisas árduas será sempre distintivo do verdadeiro cristão. Os santos que hoje são festejados viveram em plenitude as oito bem-aventuranças e foram sempre exemplo para todos que estavam em seu derredor. Agora juntos de Deus são nossos intercessores, pois mediante seus sufrágios chegam a nós os benefícios de Deus. A alguns foi dado patrocinar causas especiais e a eles mais assiduamente se elevam as preces. Todos, porém, que se acham no céu protegem nesta terra seus parentes e amigos que os invocam com confiança e persistência. A providência divina mostra sua sabedoria ao constituir os santos como nossos protetores. Como, porém, estão eles no céu mais unidos à vontade santíssima de Deus, os santos corrigem nossas preces, conformando-as aos desígnios divinos, dado que nem sempre rogamos o que realmente é o melhor para nós. Por tudo isto a devoção aos santos e as homenagens a eles dirigidas animam a não perder jamais o rumo do céu. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.



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