CÉU, INFERNO E PURGATÓRIO.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Este tema faz parte
dos NOVÍSSIMOS DO HOMEM: Morte, Juízo,
Inferno e Paraíso.
Após o Juízo a alma
vai para o céu, para o inferno ou para o purgatório, que é onde se expiam os
pecados não reparados neste mundo.
Livro
do Eclesiástico contém um conselho fundamental : “Em todas as tuas
obras, lembra-te dos teus novíssimos, e jamais pecarás (Ecl. 7, 40).
MORTE
“Considerai que
sois pó, e que em pó vos haveis de tornar” (Gên 3,19).
“Por isso, vigiai, porquanto não sabeis em que dia virá o
vosso Senhor” (.Mateus
24:42-44)
Ensina o Catecismo
da Igreja Católica (CIC):
§1006 "É diante da morte que o enigma da condição humana atinge seu
ponto mais alto." Em certo sentido, a morte corporal é natural; mas para a
fé ela é na realidade "salário do pecado" (Rm 6,23). E, para os que
morrem na graça de Cristo, é uma participação na morte do Senhor, a fim de
poder participar também de sua Ressurreição.
§1007 A morte é o termo da vida terrestre. Nossas vidas são medidas pelo
tempo, ao longo do qual passamos por mudanças, envelhecemos e, como acontece
com todos os seres vivos da terra, a morte aparece como o fim normal da vida.
Este aspecto da morte marca nossas vidas com um caráter de urgência: a
lembrança de nossa mortalidade serve também para recordar-nos de que temos um
tempo limitado para realizar nossa vida:
Lembra-te de teu Criador nos dias de tua mocidade (...) antes que o pó
volte à terra donde veio, e o sopro volte a Deus, que o concedeu (Ecl 12,1.7).
§1008 A morte é consequência do pecado. Intérprete autêntico das
afirmações da Sagrada Escritura e da tradição, o magistério da Igreja ensina
que a morte entrou no mundo por causa do pecado do homem. Embora o homem
tivesse uma natureza mortal, Deus o destinava a não morrer. A morte foi,
portanto, contrária aos desígnios de Deus criador e entrou no mundo como consequência
do pecado. "A morte corporal, à qual o homem teria sido subtraído se não
tivesse pecado", é assim "o último inimigo" do homem a ser
vencido (1 Cor 15,26).
§1009 A morte é transformada por Cristo. Jesus, o Filho de Deus sofreu
também Ele a morte, própria da condição humana. Todavia, apesar de seu pavor
diante dela, assumiu-a em um ato de submissão total e livre à vontade de seu
Pai. A obediência de Jesus transformou a maldição da morte em bênção.
§1010 Graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. "Para
mim, a vida é Cristo, e morrer é lucro" (Fl 1,21). "Fiel é esta
palavra: se com Ele morremos, com Ele viveremos" (2Tm 1,11). A novidade
essencial da morte cristã está nisto: pelo Batismo, o cristão já está
sacramentalmente "morto com Cristo", para Viver de uma vida nova; e,
se morrermos na graça de Cristo, a morte física consuma este "morrer com
Cristo" e completa, assim, nossa incorporação a ele em seu ato redentor:
É bom para mim morrer em Cristo
Jesus, melhor do que reinar até as extremidades da terra. É a Ele que procuro,
Ele que morreu por nós: é Ele que quero, Ele que ressus
JUÍZO
O Catecismo da Igreja Católica ensina que «a
morte põe termo à vida do homem, enquanto tempo aberto à aceitação ou à
rejeição da graça divina, manifestada em Jesus Cristo» «Ao morrer, cada homem
recebe na sua alma imortal a retribuição eterna, num juízo particular que põe a
sua vida em referência a Cristo, quer através de uma purificação, quer para
entrar imediatamente na felicidade do céu, quer para se condenar imediatamente
para sempre».
.Haverá então dois livros: o Evangelho e a Consciência. No Evangelho
ler-se-á o que o culpado devia fazer; na Consciência, o que tiver feito. Na
balança da divina justiça não se pesarão as riquezas, nem a dignidade, nem a
nobreza das pessoas, mas sim, somente as obras. “Não é ouro nem o poder do rei
que está na balança, mas unicamente as obras boas ou más”
Esta no CIC §1848 Como afirma S. Paulo: "Onde avultou o pecado, a
graça superabundou" (Rm 5,20). Mas, para realizar seu trabalho, deve a
graça descobrir o pecado, a fim de converter nosso coração e nos conferir
"a justiça para a vida eterna, por meio de Jesus Cristo, nosso
Senhor" (Rm 5,21). Como o médico que examina a ferida antes de curá-la,
assim Deus, por sua palavra e por seu Espírito, projeta uma luz viva sobre o pecado.
Após o juízo seguem-se o purgatório, o inferno, ou o céu
PURGATÓRIO
Jesus foi claro: “Há
pecados que não são perdoados nem neste nem no outro mundo” ((Mt
12,32)
Ensina o CIC §1030 Os que morrem
na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora
tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma
purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do
Céu.
§1031 A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos,
que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a
doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de
Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja
fala de um fogo purificador:No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer
que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que
é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o
Espírito Santo, não lhe será perdoada nem presente século nem no século futuro
(Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser
perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro”.
§1032 Este ensinamento apoia-se também na prática da oração pelos
defuntos, da qual já a Sagrada Escritura fala: "Eis por que ele [Judas
Macabeu) mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a
fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2Mc 12,46). Desde os
primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em
seu favor, em especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados,
eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as
esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos:
Levemos-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram
purificados pelo sacrifício de seu pai que deveríamos duvidar de que nossas
oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em
socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles.§1472
AS PENAS DO PECADO Para compreender esta doutrina e esta prática da
Igreja, é preciso admitir que o pecado tem uma dupla consequência. O pecado
grave priva-nos da comunhão com Deus e, consequentemente, nos toma incapazes da
vida eterna; esta privação se chama "pena eterna" do pecado. Por
outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudicial às
criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no
estado chamado "purgatório". Esta purificação liberta da chamada
"pena temporal" do pecado. Essas duas penas não devem ser concebidas
como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas, antes, como
uma consequência da própria natureza do pecado. Uma conversão que procede de
uma ardente caridade pode chegar à total purificação do pecador, de tal modo
que não haja mais nenhuma pena.
O INFERNO
Jesus fala muitas vezes da
"Geena", do "fogo que não se apaga", reservado aos que
recusam até o fim de sua vida crer e converter-se, e no qual se pode perder ao
mesmo tempo a alma e o corpo. Jesus anuncia em termos graves que "enviar
seus anjos, e eles erradicarão de seu Reino todos os escândalos e os que
praticam a iniquidade, e os lançarão na fornalha ardente" (Mt 13,41-42), e
que pronunciar a condenação: "Afastai-vos de mim malditos, para o fogo
eterno!" (Mt 25,41).
Doutrina da Igreja sobre o inferno no CIC:
§1036 As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja
acerca do Inferno são um chamado à responsabilidade com a qual o homem deve
usar de sua liberdade em vista de seu destino eterno. Constituem também um
apelo insistente à conversão: "Entrai pela porta estreita, porque largo e
espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele.
Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à vida. E poucos são
os que o encontram" (Mt 7,13-14): Como desconhecemos o dia e a hora,
conforme a advertência do Senhor, vigiemos constantemente para que, terminado o
único curso de nossa vida terrestre, possamos entrar com ele para as bodas e
mereçamos ser contados entre os benditos, e não sejamos, como servos maus e
preguiçosos, obrigados a ir para o fogo eterno, para as trevas exteriores, onde
haverá choro e ranger de dentes.
Inferno e aversão livre e
voluntária de Deus
§1037 Deus não predestina ninguém para o Inferno; para isso é preciso uma
aversão voluntária a Deus (um pecado mortal) e persistir nela até o fim. Na
Liturgia Eucarística e nas orações cotidianas de seus fiéis, a Igreja implora a
misericórdia de Deus, que quer "que ninguém se perca, mas que todos venham
a converter-se" (2Pd 3,9): Recebei, ó Pai, com bondade, a oferenda de
vossos servos e de toda a vossa família; dai-nos sempre a vossa paz, livrai-nos
da condenação e acolhei-nos entre os vossos eleitos. 7
Inferno É consequência da rejeição eterna de
Deus É o pecado mortal que causa a morte eterna
Ensina o CIC §1861 O pecado mortal é uma possibilidade radical da
liberdade humana, como o próprio amor. Acarreta a perda da caridade e a
privação da graça santificante, isto é, do estado de graça. Se este estado não
for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão
do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o
poder de fazer opções para sempre, sem regresso. No entanto, mesmo podendo
julgar que um ato é em si falta grave, devemos confiar o julgamento sobre as
pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.
A Separação eterna de Deus principal pena do inferno.
CÉU
“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em
coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam." (1
Coríntios 2:9)
“E verão o seu rosto, e nas suas frontes estará o seu nome.
E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre”.
(Apocalipse 22,4-5).
E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre”.
(Apocalipse 22,4-5).
Lemos no Catecismo
da Igreja Católica: n. 1023 Os que morrem na graça e na amizade de Deus, e que
estão totalmente purificados, vivem para sempre com Cristo. São para sempre
semelhantes a Deus, porque o vêem "tal como ele é" (1Jo 3,2), face a
face (1Cor 13,12).
No céu, todos, em grau e modo diverso, participamos da mesma
caridade de Deus e do próximo e cantamos o mesmo hino de glória a nosso Deus.
Pois todos quantos são de Cristo, tendo o seu Espírito, congregam-se em uma só
Igreja e nele estão unidos entre si.
Depois de entrar na
felicidade de Deus, a alma não terá mais nada a sofrer. No paraíso não há
doenças, nem pobreza, nem incômodos. Deixam de existir as vicissitudes dos dias
e das noites, do frio e do calor; é um dia perpétuo, sempre sereno, primavera
perpétua, sempre deliciosa. Não há perseguições nem ciúmes; neste reino de
amor, todos os seus habitantes se amam mútua e ternamente, e cada qual é tão
feliz da ventura dos outros como da própria. Não há receios, porque a alma,
confirmada na graça, já não pode pecar nem perder a Deus. Tudo é novo, tudo
consola, tudo satisfaz.
No céu se terá é a
reunião de todos os gozos que se podem desejar.
O bem, que se terá no
paraíso, é o Bem supremo, que é Deus
.
CONCLUSÕES
. Se o mundo anda tão mal, é porque
pouco se medita ou mesmo não se cogita seriamente sobre os Novíssimos.
O justo experimenta, ao
morrer, um prelibar da alegria celestial
Que consolação não
darão então no dia do juízo as orações,
o desprendimento dos bens terrestres e tudo o que se tiver feito de acordo com os
Mandamentos na práticas das Virtudes!
Aquele que oferece a Deus a sua morte pratica
para com Ele o ato de amor mais perfeito possível, pois que, abraçando de bom
coração esta morte que agrada a Deus, no tempo e do modo que Deus quer, se
pratica o que se reza no Pai Nosso: “Seja feita a vossa vontade”.
. O inferno é um
lugar de tormentos (Lc 16, 28), como lhe chama o mau rico que a ele foi
condenado: lugar de tormentos, onde todos os sentidos e todas as faculdades do
condenado devem ter o seu tormento próprio, e quanto mais se tiver ofendido a
Deus com algum dos sentidos, tanto mais terá a sofrer este mesmo sentido.
No inferno a vista
será atormentada pelas trevas. De quanta compaixão nos possuiríamos se
soubéssemos que existia um infeliz encerrado em escuro cárcere por toda a vida,
ou por quarenta ou cinquenta anos! O inferno é um abismo fechado de toda a
parte, onde nunca penetrará raio de sol
Razão tem Santo Agostinho: "Interroga a beleza da terra, interroga a
beleza do mar, interroga a beleza do ar que se dilata e se difunde, interroga a
beleza do céu... interroga todas estas realidades. Todas elas te respondem:
olha-nos, somos belas. Sua beleza é um hino de louvor. Essas belezas sujeitas à
mudança, quem as fez senão o Belo, não sujeito à mudança?"
Nunca
se reflete demais no que disse São Paulo: “ A nossa cidadania, porém, está nos
céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Pelo
poder que o capacita a colocar todas as coisas debaixo do seu domínio, ele
transformará os nossos corpos humilhados, tornando-os semelhantes ao seu corpo
glorioso.(Filipenses
3:20-21).
* Professor no Seminário de Mariana
durante 40 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário