EU VOS ALIVIAREI
Côn. José
Geraldo Vidigal de Carvalho*
Jesus insuflou total confiança em seus seguidores: “Vinde a mim todos
os que estais afadigados e sobrecarregados e eu vos aliviarei” (Mt 11,25-30). Palavras admiráveis unicamente registradas por
São Mateus. Elas patenteiam o Coração amabilíssimo de Jesus, fonte de toda
misericórdia, de todo o bem. Para quem
nele confia tudo se torna suave. Toda a Bíblia nos ensina a certeza da
clemência divina. Assim se dirige o salmista
a Deus “Tem piedade de mim ó Deus, tem piedade de mim porque a minha alma se
refugia em ti. E à sombra de tuas asas me acolho, até que passe a calamidade”
(Sl 56,2). Afiança o Eclesiástico que quem confia em Deus não será nunca abandonado
(Ecl 32,28). O profeta Jeremias proclama: “Bem-aventurado o homem que confia no
Senhor, e de quem o Senhor é a esperança” (Jr 17,17). É que “os que confiam no
Senhor (são firmes) como o monte de Sião que não é abalado, permanecendo para
sempre”. (Sl 124,1). Daniel assevera também que jamais são confundidos os que
confiam em Deus (Dn 3,40). Se assim era
no Antigo Testamento, com a vinda de Cristo a esta terra a virtude da confiança
ficou ainda mais embasada, porque as manifestações do Filho de Deus inspiram a
mais total segurança. Tanto isto é verdade que São Paulo pôde declarar: “Sei em
quem pus minha confiança, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o
meu depósito até este dia” (1 Tm 1,12). Estas outras palavras do Mestre aos discípulos são
definitivas para mostrar o quanto Ele preza a total e absoluta entrega a ele:
“Tende confiança, sou eu, não temais” (Mt 14,27). Ao proferir esta assertiva o Salvador mostrou
o resultado faustoso desta disposição interior, a saber, a ausência do medo, da
intranquilidade, da incerteza. É que a confiança gera uma convicção profunda,
inabalável naquele que tudo pode e tanto ama suas ovelhas. Imperturbável
transcorre então a existência de quem deposita em Jesus todas as suas
preocupações. Ainda que em seu derredor se amontoem as ruínas de sua
felicidade, quem confia em Cristo permanece na serenidade mais inebriante. Firmeza
interior confere esta virtude e, então se podem repetir os dizeres paulinos:
“Eu estou certo que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem a força, nem a
altura, nem a profundidade, nem outra criatura nenhuma nos poderá separar do
amor de Deus, que está em Jesus Cristo Nosso Senhor” (Rm 8,38). Instalada no Coração de Cristo, mais senhora
de si que o sábio da antiguidade, a alma do justo jamais vacilará. Apoia-se em Cristo com tanto maior segurança
quanto mais precários, frágeis e insuficientes são os auxílios humanos, certo
do dito de Jeremias: “Maldito o homem que confia no homem” (Jr 17,5). Nas
estradas da vida, muitas vezes repletas de imprevisíveis contratempos, quando
nuvens negras lançam suas tenebrosas sombras, obnubilando as mais lisonjeiras
perspectivas, a confiança no Redentor faz atravessar potente seu raio de
luminoso alento, envolvendo o ser em fagueiras expectativas, mimoseando-o com
íntimo beatífico sossego. Aquele que penetra dentro do Coração divino de Jesus
degusta sua infinita misericórdia e dulcíssima bondade .Sabe que Ele intervirá
nos instantes mais desesperadores e sustentará aquele que nele confia. Se Ele
afirmou: “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5) é óbvio que com Ele tudo é
possível. É esta certeza que, na luta cotidiana contra o mal físico e moral, outorga
ao cristão aquela serenidade que o faz imbatível. Jesus que vaticinou aos seus epígonos: “Haveis de
ter aflições no mundo”, logo acrescenta: “Mas tende confiança, eu venci o mundo”
(Jo 16,33). É por isto que Ele declarou: “Vinde a mim todos os que trabalhais e
vos achais carregados e eu vos aliviarei” (Mt 11,28). A confiança em Jesus é
assim estrela luminosa que guia sempre para os páramos beatíficos da paz porque
está sempre a mostrar o Pastor carinhoso e todo poderoso. Para isto é
necessário imitá-lo, pois Ele disse: “ Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de
mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29). Apenas a estes o Pai revela
as maravilhas de sua bondade ( Mt 11,25). É preciso pedir sempre a Cristo que
aumente nossa confiança nele e que Ele faça que nos aproximemos dele com muita
humildade. Professor no Seminário de
Mariana durante 40 anos..
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