quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O DINHEIRO A SERVIÇO DO BEM

O DINHEIRO A SERVIÇO DO BEM
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Sábio pedagogo, Jesus ensina a seus seguidores o emprego correto dos bens materiais que são adquiridos pelo dinheiro. (Lc, 16,1-13).Sua sentença é lapidar: “Não podeis servir a Deus e as riquezas”. O verdadeiro cristão não é proprietário de nada, mas deve ser um gerente sábio de tudo que recebe do seu Senhor Onipotente. Todos darão contas ao Ser Supremo de tudo que dele receberam, ou seja, o modo como empregaram as dádivas divinas neste mundo. De plano, todo desperdício é condenado e, sobretudo, o uso do dinheiro advindo da iniquidade e aplicado para o mal. Entretanto, com a mesma astúcia  condenável  com que os perversos, como o administrador da parábola, se utilizam de suas posses, para obter favores, os bons devem se valer do próprio dinheiro para alcançar uma recompensa eterna. Isto, evidentemente, se dá quando nenhuma quantia á malbaratada, mas drenada para as necessidades próprias  e de seus dependentes  e para a ajuda oportuna aos mais necessitados. Deus não pode aprovar nenhuma atitude imoral, mas gratifica toda e qualquer ação justa, reta, eticamente honesta. O dinheiro, fruto de um trabalho consciencioso, deve, portanto, aproximar o cristão de Deus. É célebre o ditado: “Quem dá aos pobres empresta a Deus”. Esmola, contudo, bem direcionada para as obras sociais paroquiais, para as atividades dos vicentinos e outras associações de caridade. É que uma outra recomendação de Jesus não pode ser esquecida: “Ajuntai para vós tesouros no céu” (Mt 6,19). Deste modo, o bom emprego do que se possui se torna um instrumento de partilha e fomenta a amizade. Assim sendo, o dinheiro não é mau em si mesmo e pode abrir a porta para muitas ações boas e louváveis. É, porém, fonte de muitas tentações a serem vencidas, mesmo porque ninguém deve ser dele um escravo. Torna-se então dinheiro da iniquidade, da injustiça, da opressão. A segurança que as riquezas oferecem são ilusórias, mas perene deve ser a confiança na Providência de Deus que nunca deixa faltar nada aos que O temem e servem. Deus sempre está ao lado dos honestos. Servir, portanto, tranquilamente apenas a Deus, combatendo o amor-próprio, o egoísmo, o poder pelo poder. Foi a ambição que levou Judas Iscariotes à mais vil traição da História. O alerta de Cristo, sobre as riquezas vale para qualquer contexto sócio-econômico, sobretudo para o atual, situação marcada pelo consumismo, pela corrupção edênica, pelo endeusamento da fortuna adquirida por meios lesivos ao próximo e a toda a nação. Se as autoridades, os poderosos deste mundo não dão um bom exemplo, pessoalmente o cristão não se deixa contaminar por esta onda de perversidade, aprovando os desvios do dinheiro público que a todos pertence e as falcatruas que se multiplicam nos mais diversos setores da sociedade. O necessário aos pobres serve, tantas vezes,  para o supérfluo dos ricos, tornando-se assim o dinheiro adubo do demônio. Todo cuidado é pouco com as propagandas enganosas, dado que os fabricantes de mentiras são useiros e vezeiros em fabricar falsidades. Jesus situa seu discípulo numa alternativa de sucesso honesto ou de uma idolatria perversa do mal. Paulo Setúbal no seu magnífico livro “Confiteor”, escreveu: “A paixão do dinheiro, não há dúvida, é paixão capital, avassaladora, que entorpece, que embota, que abrutalha, que sufoca todas as nobrezas do coração do homem. A paixão do dinheiro é a paixão que se opõe com mais força à Paixão de Cristo. O dinheiro é a matéria;  Cristo é a espiritualidade. Treva e luz; noite e dia. Dinheiro e Cristo. Enquanto o mundo for mundo, a paixão de Cristo e a paixão do dinheiro não poderão jamais andar juntos”. O notável escritor decoficou bem o que Jesus afirmou: “Não podeis servir a Deus e as riquezas”! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.



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