A FRAÇÃO DO PÃO EUCARÍSTICO
Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Uma
questão que por vezes intriga os que participam da Missa é esta: “Por que o padre parte um pedacinho
da Hóstia e o coloca dentro do cálice após a consagração e depois ele junta as
duas partes da hóstia e as ergue para o alto?" A fração da Hóstia
consagrada, que faz parte do rito da Comunhão, atualmente simboliza a unidade
do Sacramento da Eucaristia. O sacerdote
ao colocar uma parte da Hóstia no cálice reza o seguinte: “Esta união do Corpo
e do Sangue de Jesus, Cristo e Senhor nosso, que vamos receber nos sirva para a
vida eterna”. Ao elevar, posteriormente, a Hóstia o celebrante proclama “Eis o
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e os fiéis dizem então com ele:
“Senhor, eu não sou digno (a) de que entreis em minha morada, mas dizei uma
palavra e serei salvo (a)”. Trata-se de um ato de fé na presença real, pois ali
estão sob os acidentes do pão, o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo. A
Comunhão dos fiéis que se acham em estado de graça, isto é, isentos de pecado
mortal, entra na economia do Sacrifício Eucarístico. A Comunhão é um rito
complementar, indispensável para a integridade do Sacrifício. É obrigatória a
comunhão do Celebrante e facultativa aos fiéis que estão preparados para a
receberem. A manducação da Vítima sacrificada é o banquete em que os batizados
se nutrem dum manjar substancialmente o mesmo e único, Jesus Cristo. Os ritos
que a enquadram são a sua natural preparação e, depois, ação de graças. Nunca
se pode comungar em pecado mortal. Isto seria um deplorável sacrilégio, uma
profanação do Sacramento do Amor de Cristo. É preciso ainda evitar os pecados
veniais deliberados, cumprir fielmente os deveres cotidianos, possuir uma
humildade sincera, um ardente desejo de se identificar com Cristo. Indispensável
é o perdão cordial ao próximo. Quando quem vai comungar não deseja mal algum a
seu desafeto é sinal que o perdoou. O que pode permanecer por vezes é a mágoa,
ou seja, o sentimento ou impressão desagradável causada por ofensa ou
desconsideração, o descontentamento, o desagrado pela ingratidão do outro. Certa
ocasião, alguém asseverou a este sacerdote que tinha um rancor profundo contra
determinada pessoa. Foi-lhe indagado então como é que era rezado o “Pai Nosso”
e a resposta foi lamentável: “Eu salto aquele pedaço, “perdoai nossas ofensas
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Uma mutilação clamorosa da
oração que Jesus nos ensinou! É óbvio que quem assim procede não pode comungar.
A Comunhão é uma união espiritual com o divino Redentor, união transformadora
que conserva e aperfeiçoa a vida da graça, purifica a alma, mitiga a
concupiscência ou inclinação para o pecado, fortalece contra as tentações, é
penhor da vida eterna. Venturosos os convidados para a ceia do Senhor e dela se
aproximam bem preparados! * Professor no Seminário de Mariana durante
40 anos.