segunda-feira, 21 de outubro de 2013

FALSOS ÍDOLOS

FALSOS ÍDOLOS
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Assustadoras são as mensagens que a mídia divulga sem um critério baseado na razão e na fé, trazendo turbulência horripila, sobretudo para as mentes dos adolescentes e jovens e para muitos adultos incautos. Fala-se muito nos crimes perversos que estão acontecendo a cada instante neste país e, no entanto, filmes de  roubos e assassinatos são divulgados. A pornografia impera nas novelas televisas e no programas dos muitos maus formadores de opinião. Agora um programa de grande audiência nas noites de domingo apresentou, como modelo de profeta, o cantor Cazuza. Perplexos ficaram muitos autênticos cristãos e cientistas sociais diante de tal estultícia. Se um drogado, um jovem sem regras e transviado é apresentado ao mundo brasileiro como “modelo e profeta” isto significa que os verdadeiros valores não são levados à   juventude. O filme Cazuza é estarrecedor, segundo os melhores psicólogos. Não é admissível cultuar um marginal quando se deve construir uma sociedade progressista e que não cultive paixões desregradas e incentiva o uso das drogas. Não é deste modo que se terá um mundo melhor. Hoje é elementar que as ciências humanas não podem teorizar, isto é, alhear-se da realidade concreta. As ações do homem são um acontecimento real. Assim sendo, o comunicador  deve ser hermeneuta, isto é, intérprete dos atos humanos e dos fatores concretos que neles influíram  e influem, pois o homem é um  ser que vive e faz história, ser consciente no mundo.  Na crista do acontecimento passado se erguem as possibilidades do futuro, não apenas do futuro que é o porvir ante o historiador e o comunicador, mas daquele porvir que surge ante os personagens que dele se tornaram artífices, pessoas reais, agindo movidas por uma ideologia encarnada neles por força da estrutura e da própria evolução histórica, ideologia inconsciente, mas que se projeta nas atitudes e, sobretudo, na palavra, na linguagem a transmissora do que se passa nas consciências críticas. Endeusar atitudes errôneas é contribuir para a desgraça de toda a humanidade. O que nunca se pode esquecer é que a linguagem se acha assim intimamente vinculada à cultura. Pode-se inclusive afirmar que a linguagem está relacionada com a cultura de tal forma que  não apenas a cultura produz linguagem, mas a linguagem ajuda  disseminação da cultura. Não apenas a linguagem falada ou escrita, mas a linguagem não verbal que é transmitida pelas atitudes, pelas ações. Ora, um traficante que foi comparado até com Fernandinho Beira Mar não pode nunca ser modelo para ninguém. É por não se prestar atenção a esta realidade que na comunicação podem surgir equívocos ou ambiguidades, pois a linguagem também tem o poder de influenciar negativamente a cultura, deturpando-a, como ocorre no caso que está sendo analisado.  Quem comunica  tem necessidade de estar consciente de que a linguagem tem por objetivo traduzir, descrever idéias através das palavras que compõem as frases. A formação e o desenvolvimento da linguagem estão intimamente associados à formação e ao desenvolvimento do pensamento humano que precisa ser transmitido com exatidão, sem manipular os acontecimentos. Eis porque não se pode dissociar a linguagem da cultura. A palavra que exprime a idéia é susceptível de variação conforme o lugar, o momento, o meio social, as disposições do indivíduo. Entretanto, através da palavra pode haver uma manipulação espúria que não expressa a realidade. Não se pode esquecer que as leis psicológicas da inteligência estão em relação estreita com as da palavra que pode ou não ser instrumentalizada de acordo com interesses do comunicador. Este, porém, não deve nunca trair a verdade, evitando então qualquer ambiguidade, os equívocos e, sobretudo, os sofismas que podem estar a serviço do poder dominante ou da ação do maligno. A dissolução dos bons costumes abre espaços para todo tido de desgraça humana. Muito se fala no senso crítico dos que recebem as comunicações e isto é essencial, mas, por vezes, não é fácil escapar da linguagem a serviço da contracultura. Eis porque cumpre pensar, pesando as idéias, avaliando-as, decodificando, analisando as palavras empregadas pelo comunicador.  Exaltar os verdadeiros heróis, aplaudir a virtude, condenar os vícios eis aí uma tarefa digna de louvor, uma obra verdadeiramente patriótica. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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