sábado, 23 de março de 2013

Resuscitados com Cristo

               RESSUSCITADOS COM CRISTO
                           Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O júbilo percorre a cristandade em festa: Cristo ressuscitou dos mortos! Todos os batizados se imergem na alegria desta luminosa solenidade de Páscoa. Este é o dia da ação de graças sem hesitações porque o Senhor, vencedor da morte, abriu para todos as portas do paraíso. Na sua generosidade infinita, a quantos que com Ele ressuscitaram no batismo e procuram as coisas do alto Ele deseja envolver nos seus dons, sobretudo nas delícias de uma paz sublime e inefável. Ele revigora os bons propósitos e por mais pobre que seja alguém espiritualmente Jesus o deseja cumular de bens maravilhosos. Todos, pecadores ou santos, são convidados a partilharem as grandezas do maior dia do ano. Cristo ressuscitou e triunfou definitivamente de todo exército infernal e com Ele reina a vida em plenitude. Todos os que O amam com sinceridade contemplam uma terra nova, novos céus se abrem diante deles. Hoje se canta o aleluia da vitória, louvores a Deus que fez maravilhas a favor de seu povo. A pedra rejeitada se tornou a pedra angular e Cristo verdadeiramente é o Chefe triunfante de uma raça eleita. Aquele que estava morto, gloriosamente vive. Ao morrer Ele destruiu a morte e, ressuscitando, a todos oferece a verdadeira vida. Maria Madalena viu o sepulcro vazio. Pedro e João confirmam o fato maravilhoso e Ele apareceria aos demais Apóstolos e até Tomé se curvaria diante dele e exclamaria: “Meu Senhor e meu Deus”!   Através dos tempos multidões repetiriam este ato de fé e a dois mil e treze anos a repetirem: “Cristo vive, Cristo reina, Cristo impera”!   Homens e mulheres renovados por Cristo ressuscitado se fazem deste modo testemunhas de sua ressurreição e Ele ontem, amanhã e sempre a prometer e a garantir a existência eterna dos que O amam, praticando tudo o que Ele ensinou.  Jesus ressuscitado dos mortos é o coração mesmo da Igreja por Ele iluminada século após século. Jesus ultrapassou as fronteiras de Israel e sua glória percorreu o mundo todo.  Aquela mesma mensagem que São Pedro corajosamente dirigiu aos judeus resumiu admiravelmente a realidade da ressurreição de Jesus. Este, Deus O havia consagrado; estava com Ele; fez com que Ele saísse do túmulo, glorioso e impassível; O escolheu como juiz dos vivos e dos mortos e quem afirma que Cristo é Deus e a Ele adere está definitivamente salvo. A fé dos cristãos não teria outra prova senão a fé dos apóstolos que O viram glorioso e transmitiram o que viram.  A ressurreição de Cristo operou uma mudança radical na história humana e a mais durável. É certo que a Ressurreição do Redentor não resolve por si só nenhum problema da humanidade, mas oferece todas as perspectivas por abrir para todos os homens uma dimensão nova e essencial.  Apesar das misérias que reinam por toda parte, milhares a morrerem de fome e vítimas da violência, milhares de jovens e adultos prisioneiros das drogas e das paixões mais aviltantes, não obstante as injustiças sociais, a ressurreição de Cristo proclama exatamente que nada disto terá a palavra final porque, acima do mundo materialista, hedonista, fechado sobre si mesmo e que provoca tantas lágrimas e desesperos, está o Amor de Deus que Cristo veio oferecer aos homens e mulheres de boa vontade. Todos são chamados a descobrir a sua verdadeira identidade e lutar por um mundo melhor. Com Cristo será possível sempre vencer as enfermidades, os sofrimentos e a morte.  O mundo novo não se concretizou ainda, mas está potencialmente começado com Cristo ressuscitado. Cada cristão que segue os seus caminhos através do dom de si mesmo ajuda a ultrapassar o egoísmo e os infortúnios. É que a Páscoa do Senhor não é uma teoria abstrata, mas uma vida que transfigura a existência de cada um em ações a iluminar e a beatificar milhares de sofredores.  Com efeito, a crença firme na imortalidade beatífica, fruto da vitória de Jesus, é que pode transfigurar esta terra. É que existem duas vidas: a presente e a futura. Uma é mortal a outra durará por toda a eternidade. Uma pertence à morte e a outra à ressurreição. Eis porque, apesar de se viver num vale de lágrimas, a Ressurreição de Cristo faz com que cada um se reconheça desde já  concidadão dos anjos. Páscoa vem lembrar então o que proclamou São Paulo: “Não temos aqui cidade permanente, mas vamos em busca da futura” (Hb 13,14).   Aos romanos ele afirmou: “Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória vindoura que nos deve ser manifestada” (Rm 8,18) Páscoa, deste modo, é um convite a imitar multidão dos santos que superaram as misérias terrenas, ajudaram o próximo em suas necessidades, para com eles gozar um dia da Páscoa perene. Cumpre, por isto, passar dos vícios para as virtudes para poder ver face a face lá na Jerusalém celeste o Redentor vitorioso, Ele que sendo Deus vive e reina com o Pai na unidade do Espírito Santo e lá está à espera de cada um de nós.  * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.                                                                                                       

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